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A Estratégia de Saúde da Família e sua proposta de (re)estruturação do modelo assistencial do SUS: a perspectiva de quem molda sua operacionalização / Family Health Care Strategy and its proposal to (re)structure the SUS care model: the perspective of those who shape its operacionalization

O olhar reflexivo sobre a implementação de programas/projetos de saúde pressupõe a elucidação dos modos pelos quais ocorrem as conexões entre a formulação e suas diretrizes e
a operacionalização nos serviços de saúde. Portanto, o presente estudo centra seu olhar investigativo em questões da dimensão avaliativa voltadas para o planejamento e gestão de
sistema local de saúde, assim como para a produção de tecnologias de planejamento e avaliação em saúde. Centrado na Atenção Básica, especialmente no Programa de Saúde da
Família (PSF), o estudo buscou analisar tal estratégia levando em consideração as quatro grandes dimensões de reestruturação preestabelecidas pelo MS: (re)estruturação do modelo assistencial do SUS; (re)estruturação da demanda para os outros níveis do sistema; (re)estruturação dos processos de trabalho e das práticas em saúde, e (re)estruturação dos
gastos no modelo assistencial do SUS. O trabalho define as dimensões de (re)estruturação do modelo assistencial e dos processos de trabalho e das práticas em saúde como objeto de
estudo. Para tanto, propõe, inicialmente, compreender o contexto que molda a operacionalização do PSF, para perceber a dinâmica que se coloca, reprodução ou reestruturação da estrutura. Tomando como referencial o modelo de Estratificação do Agente de Giddens (1984), buscamos através de entrevistas com os profissionais das equipes de Saúde da Família perceber a compreensão teórica e a narrativa das práticas sobre alguns
pressupostos básicos apontados pelo MS como potencializadores da capacidade de reestruturação do PSF e que são por eles operacionalizados no cotidiano de suas práticas. Os profissionais das equipes estudadas se identificam como agentes de mudança. E sendo agentes deste processo de reestruturação sofrem influencia da estrutura social (PSF e seus princípios) como também a influenciam, enquanto sujeitos que nela operam. Foi possível mapear um cenário de implantação e um universo bastante significativo de necessidades que chamamos de necessidades cognitivas, aspectos que se interagem influenciando na capacidade ou não de reestruturação do PSF. Em relação à capacidade de (re)estruturação do modelo assistencial do SUS, o momento é de transição entre modelos assistenciais, iniciando um processo, ainda que tímido, de mudança de enfoque, da abordagem curativa para uma abordagem que tende, ainda que fragmentada, a propiciar uma assistência integral, incorporando à oferta de ações curativas, ações programáticas em construção. Barreiras estruturais que se localizam no
espaço da cultura institucional de organização dos serviços e consequentemente, dos Sistemas Locais de Saúde também dificultam a reestruturação sob a perspectiva do modelo assistencial. A capacidade de reestruturação dos processos de trabalho e das práticas em saúde parece ser incipiente, no contexto das equipes estudadas. A cultura organizacional dos serviços, a experiência acumulada dos profissionais em unidades organizadas de forma tradicional, associada a processos incipientes de educação permanente, dificultam a apreensão de novas práticas potencializadoras de um processo de trabalho que conjuguem o desenvolvimento compartilhado de projetos terapêuticos integrais, assim como de mecanismos gerenciais
ordenados sob o enfoque do planejamento estratégico situacional. Mesmo cientes da complexidade que envolve os processos de reestruturação de modelos assistenciais em saúde,
partimos da premissa de que a capacidade de reestruturação proposta pela Saúde da Família é possível, porque visa a mudança no modelo de produção da saúde, o qual é definido pelos mecanismos de gestão, mas também pelo modo com os profissionais de saúde operam no cotidiano seus processos de trabalho. Partindo desse pressuposto, o presente estudo optou em tomar como objeto de análise o cotidiano dos processos de trabalho dos profissionais das equipes de Saúde da Família. Num primeiro momento, o estudo buscou compreender o contexto que molda e condiciona a produção da saúde identificando a compreensão teórica e a narrativa da prática dos sujeitos que operam no PSF no cotidiano. O segundo momento do
estudo resultou do primeiro, quando foi evidenciada a ausência, nos processos de trabalho das equipes, de um raciocínio programático que as orientasse na organização da oferta de ações de saúde às suas populações adscritas, direcionando para a abordagem das necessidades em saúde, contribuindo no reordenamento das práticas, conjugando as capacidades de trabalho potencial e real das equipes. Sendo assim, foi desenvolvida uma proposta de programação em saúde, ancorada no pressuposto central da programação, ou seja, no cotidiano das equipes de Saúde da Família. Ordenada pelas operações diagnóstica e normativa a proposta trabalhou
com a análise das coberturas de produção Ideal (normativa), Real (quantitativo de procedimentos realizados pelo profissional durante um determinado espaço de tempo, oficialmente informada) e Potencial (Semana Típica de produção planejada). / Reflecting on the implementation of health care programs/projects implies clarifying what the connections are between their formulation and guidelines and their operationalization in health care services. Therefore, this study concentrated its investigation on assessing the planning and management of local health care systems, as well as on the
production of planning and health care assessment technologies. Centered on Basic Care, especially the Family Health Program (PSF), the study sought to analyze this strategy by taking into consideration the four main dimensions of restructuring that were pre-established by the Ministry of Health (MS): (re) structuring of the SUS care model; (re)structuring of demand for other levels in the system; (re)structuring of the work processes and health care
practices, and (re)structuring of expenses of the SUS care model. The study defines the dimensions of (re)structuring of the care model and work processes and health care practices
like those of the object under study. For this purpose, it first examines the context that shapes and conditions the operationalization of the PSF, to understand the dynamics that are presented, reproduction or restructuring of the structure. Taking Giddens Stratification Model of the Agent (1984) as a reference, we sought, through interviews with professionals from the Family Health teams, to understand the theoretical and narrative comprehension of practices about some basic suppositions identified by the MS as potentializers of the ability to restructure the PSF, and which are operationalized by them in their day-to-day practice. The professionals in the teams studied see themselves as agents of change. And being agents of this restructuring process, they are influenced by the social structure (PSF and its principles), as well as influencing it, since they are subjects acting therein. It was possible to map out a
scenario of implementation and a meaningful universe of needs that we call cognitive needs; aspects that interact influencing the capacity or lack thereof to restructure the PSF. In
relation to the capacity to (re)structure the SUS model of care, this is a time of transition between care models, in which a process, albeit a timid one, is arising to remove the center of
attention from a curative approach towards an approach that seeks, albeit in a fragmented manner, to provide integral care, incorporating programmatic actions being constructed to the
still predominant curative actions provided. Structural barriers located in the institutional culture of the organization of services, and consequently, of the Local Health Care Systems
also hinder restructuring from the perspective of the care model. The capacity to restructure the work processes and the health care practices appears to be more incipient and less visible in the context of the teams studied. The organizational culture of the services and the accumulated experience of professionals in units organized in a traditional manner, associated with incipient processes of permanent education, make it difficult to understand new practices that potentialize a work process that presents shared development of integral therapeutic projects, as well as management mechanisms arranged using strategicsituational planning. Even being aware of the complexity involving the processes of restructuring health care models, we begin with the assumption that the capacity for restructuring as proposed by Family Health is possible because it seeks to change the health care production model, which is defined by the management methods, but also by the way health professionals perform their day-to-day work processes. Starting with this assumption, this study chose to analyze the dayto-day work processes of the Family Health team professionals. At first, the study sought to understand the context that shapes and conditions the production of health, identifying theoretical comprehension and the narrative of the practice of subjects that work in the Family Health Program on a day-today basis. The second part of the study resulted from the first, when it became clear that there was an absence of programmatic thinking in the teams work processes that would guide them in the organization of health care actions provided to their covered populations. This thinking would be directed towards dealing with health needs, contributing to reorder the practices, joining the potential and real work abilities of the teams. Thus, for health care programming proposal was developed. This proposal is anchored in the central assumption of programming; that is, in the day-to-day work of the Family Health teams. Ordered by diagnostic and normative operations, the proposal worked with the analysis of coverage of Ideal production (normative), and Real production (quantity of procedures carried out by the professional during a given period of time, officially informed) and Potential production (Typical Week of planned production).

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:2484
Date20 April 2007
CreatorsEstela Marcia Saraiva Campos
ContributorsRuben Araújo de Mattos, Maria Rizoneide Negreiros de Araújo, Maria Teresa Bustamante Teixeira, Sulamis Dain
PublisherUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, UERJ, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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