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Moralidade e eticidade: uma discussÃo entre Kant e Hegel / Morality and ethicity: a discussion between Kant and Hegel

FundaÃÃo de Amparo à Pesquisa do Estado do Cearà / A questÃo da moralidade pode ser estudada valendo-se de uma pergunta aparentemente simples: como devo agir? Esta pergunta, todavia, desencadeia uma sÃrie de novas perguntas: como posso julgar minha aÃÃo e a dos outros? Quais os critÃrios segundo os quais faÃo esse julgamento? Segundo que mÃximas, princÃpios e valores devem orientar-se minha aÃÃo? Qual a relaÃÃo existente entre a moralidade individual e a normatividade social? A resposta a todas essas perguntas nÃo esgota a problemÃtica da moralidade jà que cada pergunta gera uma infinidade de outras, que, por sua vez, exigem respostas cada vez mais sofisticadas. Immanuel Kant e Georg Wilhelm Friedrich Hegel tentam, cada um a sua maneira, dar uma resposta satisfatÃria a essa problemÃtica. De fato, o objeto de anÃlise principal da moralidade à o indivÃduo, o sujeito, que age no mundo. à nele que as sociedades criam critÃrios, valores, para que suas aÃÃes possam ser reconhecidas no mundo. PorÃm, a fim de que suas aÃÃes tenham validade, os indivÃduos externalizam suas vontades, inclinaÃÃes, nas instituiÃÃes: famÃlia, sociedade civil e Estado. à diante desse contexto que encontramos a filosofia kantiana se contrapondo à filosofia hegeliana. De um lado, temos uma filosofia que exclui a sensibilidade das aÃÃes humanas a fim de postular a existÃncia de um ente que supera o empÃrico, o sensÃvel: Kant e o seu imperativo categÃrico. Do outro lado, encontramos uma filosofia que valoriza o desenvolvimento da ideia de liberdade em todas as suas mediaÃÃes â do momento mais abstrato atà o mais concreto â sendo esse desenvolvimento completo, sistemÃtico: a filosofia hegeliana. A partir desses dois extremos està a moralidade. Enquanto que Kant concebe o conteÃdo da aÃÃo moral destituÃdo de um interesse especÃfico, a aÃÃo moral em Hegel possui interesse; somos motivados, portanto, pela paixÃo, inclinaÃÃo, entre outros sentimentos. à diante dessas diferenÃas que Kant e Hegel contribuÃram bastante para a Ãtica, a Filosofia polÃtica, onde o tema da moralidade se apresenta. Em Kant, o conceito de autonomia torna o indivÃduo livre, independente, capaz de legislar em causa prÃpria, de controlar e orientar os seus atos segundo certos critÃrios e princÃpios. Jà em Hegel, a liberdade se internaliza na moralidade de modo tal que o sujeito dispÃe a assumir, conscientemente, as consequÃncias de seus atos se responsabilizando por eles. Por esta razÃo, a relaÃÃo entre as filosofias kantiana e hegeliana à extremamente frutÃfera e nÃo se pode preterir uma em detrimento da outra de forma absoluta. A crÃtica de Hegel a Kant à possÃvel na esteira tanto da Moralidade quanto o da HistÃria, pois Kant lanÃou todas as condiÃÃes para que fosse posteriormente criticado. Ou seja, a partir dos questionamentos à metafÃsica tradicional, o filÃsofo de KÃnigsberg dà margem a diversas interpretaÃÃes. Dentre estas interpretaÃÃes, encontra-se Hegel com a sua noÃÃo de Eticidade. / The issue of morality can be studied through an apparently simple question: how I must act? This question, however, unchains a series of new questions: how can I judge my actions and other peopleâs actions? What are the criteria according to which I make this judgment? Which principles and values must guide my actions? What is the relation between individual morality and social normativity? Answering all these questions do not deplete the problem of morality, since each question may generate a multitude of others which, in their turn, demand more elaborated answers each time. Immanuel Kant and Georg Wilhelm Friedrich Hegel try, in their own way, to give a satisfactory reply to this polarization. In fact, the object of main analysis of morality is the individual, the citizen who acts in the world. It is in the world that societies create criteria and values, so that the actions of individuals can be recognized in the world. However, to be sure that their actions become valid, the individuals externalize their wills and inclinations in the institutions: family, civil society and the State. On these grounds, we find Kantian philosophy as opposite to Hegelian philosophy. On the one hand, we find a philosophy which excludes the sensitivity of human actions in order to claim the existence of a being that surpasses the empiricist, the sensitiveness: Kant and his Categorical Imperative. On the other hand, we find a philosophy which values the development of the idea of freedom in all its mediations â from the most abstract moment to the most concrete one â seeing this development as complete and systematic: the Hegelian philosophy. Between these two divergent viewpoints, there is morality. Whereas Kant conceives the content of moral action in an uninterested way, that is, the fulfillment of our actions only for the sake of our duty. The moral action in Hegel doesnât happen without interest; we are motivated, therefore, by passion, inclinations, desires amongst other feelings. Despite all these differences, Kant and Hegel contribute a lot to the problematic of morality either in Ethics or in the realm of political philosophy. In Kant, the concept of autonomy makes the individual independent and capable of legislating in his/her own favor, controlling and guiding their act according to certain criteria and principles. In Hegel, freedom is internalized into morality, so that the individual assumes, conscientiously, the consequences of his/her own actions, being responsible for them. For this reason, the relation between the two philosophies is extremely fruitful and we cannot neglect one in detriment of the other. Hegelâs critique of Kantian moral philosophy is possible either in the realm of morality or in the realm of History because Kant himself gave the seeds to be criticized later. In other words, from the questionings about traditional metaphysics, the philosopher of KÃnigsberg is a target for many different interpretations. Amongst these interpretations, Hegel is found with his notion of Ethicity.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.teses.ufc.br:4176
Date01 April 2011
CreatorsJosà Aldo CamurÃa de AraÃjo Neto
ContributorsEduardo Ferreira Chagas, Evanildo Costeski, Marly Carvalho Soares, Alfredo de Oliveira Moraes
PublisherUniversidade Federal do CearÃ, Programa de PÃs-GraduaÃÃo em Filosofia, UFC, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC, instname:Universidade Federal do Ceará, instacron:UFC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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