O uso da tecnologia e a globalização são fatores que moldaram a geração de estudantes do século XXI, levando-os a serem mais integrados socialmente e estimulando-os a tomarem decisões de forma colaborativa. Tais características têm sido apontadas em prospecções e debates sobre os espaços de aprendizagem do futuro em diversos países, levando ao surgimento de questões relacionadas às mudanças educacionais e materiais a serem realizadas para acompanhar esta geração. Apesar disso, o espaço de ensino e aprendizagem das escolas de hoje ainda é baseado em modelos tradicionais de ensino. Escolas tradicionais foram concebidas a partir de pedagogias focadas na transmissão verticalizada do conteúdo, enquanto pedagogias emergentes empregam a investigação, experimentação, colaboração e atividades multidisciplinares nos processos de aprendizagem. Países europeus têm investido no redesenho de espaços de escolas tradicionais para apoiar abordagens pedagógicas inovadoras. No Brasil, o discurso pedagógico defendido pelas diretrizes educacionais preconiza que o conhecimento deve ser construído pela ação do aluno e pela interação social. Paradoxalmente, as salas de aula das escolas brasileiras, mesmo as escolas construídas para atender abordagens inovadoras, não estimulam a interação entre os alunos. Nas escolas brasileiras, o pátio escolar parece constituir o único espaço que potencializa a atitude autônoma e espontânea dos estudantes. O principal óbice para esta utilização parece se concentrar na falta de controle pedagógico dada a ausência de barreiras físicas e dimensões do pátio. Este estudo sugere que, através de intervenções físicas de baixo custo, o pátio escolar pode ser utilizado para a transmissão de conteúdos curriculares do ensino fundamental, propiciando a interatividade e comunicação entre os alunos sem perda de controle pedagógico. Para demonstrar este potencial, realizou-se um experimento com alunos de 13 e 14 anos, envolvendo a utilização de objetos manipuláveis vinculados a conteúdos curriculares. O experimento consistiu na transformação do playground do pátio de uma escola de ensino fundamental em contexto de aprendizagem a partir da construção de duas intervenções, nas quais brinquedos do playground foram utilizados como componentes. A utilização dos objetos e do espaço do pátio pelos alunos foi registrada através da observação das relações estabelecidas entre professores e alunos no espaço do pátio; das formas de distribuição e agrupamento espontâneo e das atitudes autônomas e interativas entre os alunos. Os dados coletados foram analisados em diagramas representando a ocupação do pátio durante os experimentos e comparados à ocupação de uma sala de aula padrão para o mesmo número de alunos, um grupo de 35 estudantes. Verificou-se que os alunos concentraram-se mais próximos à intervenção do que seria possível na sala de aula. Foi criada uma hierarquia implícita na relação entre professor e alunos em que, no pátio, o posicionamento do professor não se diferenciou espacialmente do posicionamento dos alunos, dando ao professor liberdade para trocar constantemente de posição e interagir com os alunos. Foi possível concluir que os experimentos polarizaram a distribuição dos alunos no espaço do pátio, que não houve perda do controle pedagógico e que a concentração dos alunos ao redor das intervenções não dependeu da delimitação espacial geralmente obtida através de paredes da sala de aula convencional. / The use of technology and the globalization have shaped twenty-first century students. Hence, this generation tends to be more socially integrated and also makes decisions collaboratively. These characteristics have been identified in surveys and debates about the future of learning spaces in several countries, leading to the emergence of issues related to educational and material changes to be made in order to support this generation. Nevertheless, teaching and learning spaces in schools today is still based on traditional models of education. Traditional schools were designed for pedagogies that are focused on vertical transmission of knowledge. On the other hand, emerging pedagogies employ research, experimentation, collaboration and multidisciplinary activities in the learning process. European countries have invested in redesigning traditional schools spaces to support innovative teaching approaches. In Brazil, educational guidelines recommend that knowledge should be built by the action of the student and by social interaction. Paradoxically, classrooms in Brazilian schools, even schools built to meet innovative approaches, do not stimulate interaction between students. In Brazilian schools, the school courtyard seems to be the only space that enhances the autonomous and spontaneous attitude of students. The main obstacle to its use seems to focus on the lack of pedagogical control in the absence of physical barriers and by the courtyard dimensions. Thus, this study suggests that the schoolyard could be used for the transmission of knowledge of elementary school disciplines through low cost physical intervention, providing then, interactivity and communication among students without loss of pedagogical control. In order to demonstrate this capability, an experiment was carried out with students from 13 to 14 years, involving the use of manipulable objects linked to curricular content. The experiment consisted in transforming the playground courtyard of an elementary school in a context of learning. By building two interventions, in which, playground equipment were used as components, the use of objects and the yard space by students, was observed. Besides, we observed the relation among teachers and students in the courtyard space; also forms of distribution and spontaneous grouping, and the autonomous and interactive attitudes among students. The collected data was analyzed in diagrams representing the courtyard occupation during the experiments and then that data was compared to the occupation of a standard classroom for the same number of students, a group of 35 students. It was found in the experiment that students concentrated closer to the area of interest than would be possible in the classroom. An implicit hierarchy was established in the relationship between teacher and students in which, in the courtyard, the position of the teacher did not differ spatially in student placement, giving freedom for teachers to constantly change positions and interact with students. It was concluded that the experiments polarized distribution of students in the courtyard space with no loss of pedagogical control and the concentration of students around the interventions did not depend on spatial delimitation usually made by the walls of conventional classroom.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/127781 |
Date | January 2014 |
Creators | Gallardo, Vanessa Baldin |
Contributors | Turkienicz, Benamy |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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