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'Corpos Marcados e Fé na Vida... ': Mastectomia e Políticas Públicas de Saúde

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Previous issue date: 2007-08-10 / Historicamente, a população foi mantida distante das discussões em torno das políticas públicas de saúde no Brasil, marcadas por interesses muitas vezes distantes das necessidades da população e por uma relação autoritária, técnica e mercantil entre médico e paciente e entre serviços de saúde e população. Com a Reforma Sanitária e a implementação do SUS, nas décadas de 80 e 90, passa-se a pensar a saúde numa nova ótica, integrando ações curativas e preventivas construídas com a participação popular. Em se tratando do câncer de mama, que é a principal causa de neoplasia e a segunda causa de mortalidade por câncer entre mulheres no Brasil, a participação dos usuários na elaboração e acompanhamento da efetivação destas políticas é essencial. Este estudo objetivou explorar repercussões do câncer de mama na vida das mulheres, as demandas decorrentes e suas relações com as Políticas Públicas de Saúde. Participaram 08 mulheres que tiveram câncer de mama e realizaram o tratamento pelo SUS em Vitória/ES. Todas tiveram o diagnóstico há pelo menos três anos. Este critério deveu-se ao fato de que estas mulheres puderam relatar tanto as experiências atuais, como as vivências e enfrentamentos que passaram no período do diagnóstico, da cirurgia e do tratamento. Considerando a importância do contexto vivenciado pelas mulheres ao longo de toda a vida na elaboração da experiência do câncer de mama, utilizou-se a técnica de História Oral na coleta de dados. Dessa forma, ao se trabalhar com as narrativas das mulheres sobre suas histórias de vida, foi enfocada, dentro de cada história, a vivência da mastectomia. A análise dos dados foi feita utilizando a Análise de Conteúdo. Foi possível observar que as mulheres possuíam, antes do diagnóstico, uma representação do câncer como morte inevitável e imediata. O momento do diagnóstico foi marcado por muito sofrimento, e as dificuldades em conseguir uma vaga para consulta e cirurgia aumentaram ainda mais a angústia. Após a cirurgia, as restrições das atividades cotidianas e o desejo de reconstrução da mama são questões que afligiram as participantes. Ainda assim, relataram uma luta constante em busca de qualidade de vida, considerando-se vencedoras. Percebe-se que as Políticas de Saúde contemplam na legislação as mulheres com câncer de mama, entretanto, isto não se efetiva totalmente na prática. Apesar do investimento em campanhas preventivas, as mulheres ficam meses aguardando por uma consulta após detectarem um nódulo. Além disso, a reconstrução mamária, direito garantido pelo SUS, não está sendo realizada no Espírito Santo, pois os profissionais alegam que o valor recebido pelo procedimento não é o suficiente. Tais resultados apontam a necessidade da mobilização social buscando garantir que os direitos assegurados pela lei sejam cumpridos.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace2.ufes.br:10/3090
Date10 August 2007
CreatorsSOUSA, A. L.
ContributorsAVELLAR, L. Z., PORTUGAL, M. A. L., ANDRADE, A. N.
PublisherUniversidade Federal do Espírito Santo, Mestrado em Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, UFES, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formattext
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFES, instname:Universidade Federal do Espírito Santo, instacron:UFES
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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