Chamamos caixa preta um conceito ou instrumento cujos detalhes de funcionamento e debates históricos (a seu respeito) são abandonados quando do seu uso. Um computador é um exemplo de objeto que é usado, em geral, sem que haja preocupação ou conhecimento com relação às nuances de seu funcionamento. O fato, já bem aceito, de que a fórmula química da água é H2O é outro exemplo de caixa preta, na medida em que alguém que afirma isso não precisa se preocupar em citar fontes ou remeter a discussões sobre a história da Química. Trabalhamos com a hipótese de que a ciência tornou-se, por si mesma, uma caixa preta. A forma como se evoca a autoridade do conhecimento científico nos meios de divulgação, em livros, diálogos e anúncios comerciais (onde frequentemente figuram fórmulas como \"eficácia cientificamente comprovada\") atesta um cenário atual onde a natureza da ciência e, em particular, a \"comprovação\" científica revelam algo que, estando carregado de poder, vem sendo veiculado, mesmo por cientistas, de maneira ingênua - sem passar por uma elaboração maior ou ignorando-se toda a complexa discussão, sobre esse assunto, presente na filosofia da ciência. Em nosso ensaio, discutiremos essa problemática, explorando uma releitura do conceito de caixa preta de Bruno Latour em termos de lógica, no qual o expandimos para representar hipóteses tácitas presentes em uma teoria; apresentamos um quadro de discussões teóricas a respeito de questões da filosofia da ciência; analisamos criticamente alguns enunciados (de livros e revistas de divulgação científica) que invocam a autoridade da ciência e problematizamos assuntos da Física. Dessa forma, ilustramos a abertura de algumas caixas pretas tradicionalmente fechadas nos cursos médios e superiores de Física. A fim de expressar diferentes posturas epistemológicas com as quais se pode apropriar de um tema científico, propusemos uma classificação de exercícios epistemológicos em três tipos: o científico (o trabalho do cientista normal), o crítico (o trabalho do cientista complementar, do historiador ou do epistemólogo) e o cético (o discurso de dúvida sobre a validade da ciência). Nossa tarefa residirá na postura do exercício crítico, uma vez que buscaremos transpor algumas caixas tradicionalmente fechadas. / A black box is a concept or a instrument whose details of operation and details the historical debates are abandoned when their use. A computer is an example of object that is used, in general, without concern or knowledge about the nuances of its operation. The fact, already well accepted, that the chemical formula for water is H2O, is another example of black box, as someone who says that does not have to worry about citing sources or refer to discussions about the history of chemistry. We hypothesized that science has become, in itself, a black box. The way it evokes the authority of scientific knowledge in media, in books, conversations and commercials (which often include formulas such as \"scientifically proven efficacy\") attests to a current scenario where the nature of science and, in particular, \" proven \"scientific reveal something that, being full of power, has been conveyed, even by scientists, naively - without going through a development more or ignoring all the complex discussion on this subject, present in the philosophy of science. In our test, we will propose to discuss this issue, and to this end, we explore the concept of black box by Bruno Latour - a concept that can be classified as the sociology of science - and proposed a reinterpretation of this concept in terms logic, which expanded to represent the unspoken assumptions present in a theory, we present a theoretical framework for discussions on issues of philosophy of science, critically examine some statements (of books and science magazines) that invoke the authority of science and discuss some problems that can be found in matters of physics. Thus, we illustrate the opening of some traditionally closed black boxes in the middle and upper courses of physics. In order to express different epistemological stances with which they can appropriate a scientific topic, we proposed a classification of types of epistemological exercises into three types (we will explain in detail in the body of the dissertation): the scientific (the normal work of the scientist) the critic (the complementary work of the scientist, historian or epistemologist) and skeptical (the discourse of doubt on the validity of science). Our task will reside in the posture of the critical exercise, since attempts to transfer some boxes traditionally closed.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-30092011-145842 |
Date | 22 August 2011 |
Creators | Gama, Leandro Daros |
Contributors | Zanetic, Joao |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.0022 seconds