[pt] Esta dissertação analisa a participação brasileira no G-20, uma coalizão de
países em desenvolvimento (PEDs) criada pelo Brasil e a Índia durante a reunião
Ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), em Cancún, no
México, em 2003. A coalizão tinha o objetivo de avançar a agenda de
liberalização agrícola na Rodada Doha. Na época, analistas de política comercial
se mostraram céticos sobre as chances de sobrevivência da coalizão, devido ao
fato de que esta reunia países com interesses comerciais divergentes em
agricultura. A despeito disto, o G-20 se estabeleceu como membro sine qua non
das negociações e modificou o processo decisório da OMC, com a inclusão do
Brasil e da Índia ao núcleo duro das negociações ao lado dos Estados Unidos e da
União Européia. Porém, semelhante aumento de influência não se traduziu em
uma conclusão da Rodada Doha, o que seria de sumo interesse para o Brasil.
Argumento que esta dificuldade está relacionada ao fato de o G-20 ser uma
coalizão com baixa coerência interna, cujas características estruturais constrangem
as possíveis estratégias negociadoras ao alcance da coalizão, dificultando assim a
adoção de uma estratégia distributiva que aumente as chances de que a negociação
seja concluída com sucesso. O Brasil desempenhou um papel importante nessa
coalizão pagando os custos da ação coletiva para garantir a coesão desta, mesmo
quando isto significou abrir mão dos seus interesses comerciais. Contudo, a
análise mostra que esta atitude teve limites, como ficou aparente durante a reunião
da OMC realizada em Genebra em julho de 2008, quando o Brasil decidiu
defender os seus próprios interesses em detrimento da cooperação com os
membros do G-20. / [en] This dissertation analyzes the Brazilian participation in the G-20, a coalition
of developing countries created by Brazil and India during the World Trade
Organization (WTO) Ministerial Conference held in Cancún, Mexico, in 2003.
The goal of the coalition was advancing an agenda of agricultural liberalization in
the Doha Round. At the time, trade policy experts were skeptical as to the chances
of survival of the coalition, due to the fact that it brought together countries with
divergent commercial interests in agriculture. In spite of this, the G-20 established
itself as a sine qua non member of the negotiations and changed the decisionmaking
process of the WTO, with the inclusion of Brazil and India in the core of
the negotiations together with the United States and the European Union.
However, this increase in influence has not translated into a conclusion of the
Doha Round, of extreme interest for Brazil. We argue that this difficulty is related
to the fact that the G-20 is a coalition with low internal coherence and that its
structural characteristics constrain its negotiating strategies, making it difficult for
the coalition to adopt a distributive strategy that increases the probability that the
negotiation is concluded successfully. Brazil played an important role paying the
collective action costs in order to maintain the cohesion of the coalition, even
when this meant going against its own commercial interests. However, this
attitude had its limits, as was made apparent during the WTO meeting in Geneva,
in July 2008, when Brazil decided to defend its own interests in detriment of
cooperating with the members of the G-20.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:17449 |
Date | 16 May 2011 |
Creators | ANA CAROLINA AREIAS F DA SILVA |
Contributors | LETICIA DE ABREU PINHEIRO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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