1 |
[en] THE LIMITS OF COOPERATION: BRAZIL AND THE G-20 IN THE WORLD TRADE ORGANIZATION AGRICULTURAL NEGOTIATIONS / [pt] OS LIMITES DA COOPERAÇÃO: O BRASIL E O G-20 NAS NEGOCIAÇÕES AGRÍCOLAS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIOANA CAROLINA AREIAS F DA SILVA 16 May 2011 (has links)
[pt] Esta dissertação analisa a participação brasileira no G-20, uma coalizão de
países em desenvolvimento (PEDs) criada pelo Brasil e a Índia durante a reunião
Ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), em Cancún, no
México, em 2003. A coalizão tinha o objetivo de avançar a agenda de
liberalização agrícola na Rodada Doha. Na época, analistas de política comercial
se mostraram céticos sobre as chances de sobrevivência da coalizão, devido ao
fato de que esta reunia países com interesses comerciais divergentes em
agricultura. A despeito disto, o G-20 se estabeleceu como membro sine qua non
das negociações e modificou o processo decisório da OMC, com a inclusão do
Brasil e da Índia ao núcleo duro das negociações ao lado dos Estados Unidos e da
União Européia. Porém, semelhante aumento de influência não se traduziu em
uma conclusão da Rodada Doha, o que seria de sumo interesse para o Brasil.
Argumento que esta dificuldade está relacionada ao fato de o G-20 ser uma
coalizão com baixa coerência interna, cujas características estruturais constrangem
as possíveis estratégias negociadoras ao alcance da coalizão, dificultando assim a
adoção de uma estratégia distributiva que aumente as chances de que a negociação
seja concluída com sucesso. O Brasil desempenhou um papel importante nessa
coalizão pagando os custos da ação coletiva para garantir a coesão desta, mesmo
quando isto significou abrir mão dos seus interesses comerciais. Contudo, a
análise mostra que esta atitude teve limites, como ficou aparente durante a reunião
da OMC realizada em Genebra em julho de 2008, quando o Brasil decidiu
defender os seus próprios interesses em detrimento da cooperação com os
membros do G-20. / [en] This dissertation analyzes the Brazilian participation in the G-20, a coalition
of developing countries created by Brazil and India during the World Trade
Organization (WTO) Ministerial Conference held in Cancún, Mexico, in 2003.
The goal of the coalition was advancing an agenda of agricultural liberalization in
the Doha Round. At the time, trade policy experts were skeptical as to the chances
of survival of the coalition, due to the fact that it brought together countries with
divergent commercial interests in agriculture. In spite of this, the G-20 established
itself as a sine qua non member of the negotiations and changed the decisionmaking
process of the WTO, with the inclusion of Brazil and India in the core of
the negotiations together with the United States and the European Union.
However, this increase in influence has not translated into a conclusion of the
Doha Round, of extreme interest for Brazil. We argue that this difficulty is related
to the fact that the G-20 is a coalition with low internal coherence and that its
structural characteristics constrain its negotiating strategies, making it difficult for
the coalition to adopt a distributive strategy that increases the probability that the
negotiation is concluded successfully. Brazil played an important role paying the
collective action costs in order to maintain the cohesion of the coalition, even
when this meant going against its own commercial interests. However, this
attitude had its limits, as was made apparent during the WTO meeting in Geneva,
in July 2008, when Brazil decided to defend its own interests in detriment of
cooperating with the members of the G-20.
|
2 |
[pt] ENSAIOS SOBRE OS EFEITOS DO COMÉRCIO COM A CHINA NO MERCADO DE TRABALHO E NA POLÍTICA COMERCIAL / [en] ESSAYS ON TRADE POLICY AND LABOR MARKET EFFECTS OF THE CHINA TRADE SHOCKFLAVIO LYRIO CARNEIRO 17 September 2021 (has links)
[pt] Esta tese é composta por três capítulos que enfocam o crescimento da
China como um experimento quasi-natural de forma a avaliar os efeitos de
choques de comércio exterior sobre a economia política da política comercial e
sobre a dinâmica do mercado de trabalho e desigualdade de salários no Brasil.
No primeiro capítulo, utilizamos evidência sobre diferenciais de exposição a
esse choque da China entre mercados de trabalho locais para estimar seu efeito
em indicadores do mercado de trabalho brasileiro, em particular em medidas
de desigualdade de rendimentos. Primeiro, encontramos que o choque de
demanda por exportações diminuiu a desigualdade de salários no setor de bens
comercializáveis, sobretudo por meio do componente entre firmas da dispersão
salarial, e apresentamos evidências de que essa redução parece causada por
uma mudança no comportamento das firmas, e pode estar relacionado com uma
redução no prêmio salarial de firmas exportadoras. Em seguida, estimamos um
modelo baseado em Helpman et al. (2016), e exploramos diferenças setoriais
no choque de demanda externa para realizar exercícios contrafactuais que
corroboram a hipótese de que esse choque pode explicar parte da redução
agregada no prêmio salarial de firmas exportadoras e na dispersão de salários.
No segundo capítulo, desenvolvemos uma versão do modelo dinâmico de
Caliendo et al. (2019) de modo a estimar os efeitos do duplo choque da
China na dinâmica setorial do emprego no Brasil. Mostramos que ambos os
choques levam à contração da maioria dos setores de manufaturas, e expansão
da maioria dos setores de serviços, mas os efeitos de equilíbrio geral dos
choques são modestos, especialmente quando comparados a um contrafactual
alternativo no qual a produtividade brasileira nos setores primários aumenta.
Estendemos o modelo para incluir dois tipos de trabalho, de alta e baixa
qualificação; resultados apontam para efeitos distributivos pequenos, mas
consistentes com resultados em forma reduzida obtidos no primeiro capítulo.
No capítulo final, construímos uma base de dados inédita sobre características
de associações setoriais brasileiras, com o intuito de investigar se os setores
com maior capacidade de organização política são capazes de obter maior
proteção contra competidores estrangeiros. Usamos variação na penetração
de importações como uma medida da necessidade de proteção comercial, e
para lidar com a endogeneidade nessa medida usamos um instrumento baseado no choque de importações da China. A evidência sugere que setores com
maiores sindicatos patronais são capazes de obter maior proteção comercial, em
particular por meio de licenciamento não-automático; as estimativas sugerem
que esse efeito é mais alto quando a penetração de importações aumenta
mais intensamente, o que é interpretado como um aumento na necessidade
de medidas de proteção. / [en] This thesis consists of three chapters, all of which focus on the rise of
China as a quasi-natural experiment in order to assess the effects of foreign
trade shocks on the political economy of trade policy and on the dynamics of
labor markets and earnings inequality in Brazil. In the first chapter, we use
evidence on the differential exposure across local labor markets to this China
shock in order to estimate its effect on Brazilian labor markets outcomes, in
particular on measures of income inequality. First, we find that the export
demand shock has decreased wage inequality in the tradables sector, mostly
through the between-firms component of wage dispersion, and provide evidence
that this reduction seems driven by a change in wage-setting behavior of
firms, and may be linked to a reduction in the wage premium of exporter
firms. We then estimate a model based on Helpman et al. (2016), and explore
sectoral differences in the foreign demand shock to run counterfactual exercises
that support the hypothesis that this shock can explain part of the aggregate
reduction in the exporter wage premium and in wage dispersion. In the second
chapter, we develop a version of the dynamic trade model by Caliendo et
al. (2019) in order to estimate the effects of the dual China shock on the
sectoral dynamics of Brazilian employment. We show that both shocks lead to
a contraction in most manufacturing sectors, and an expansion in most services
sectors, but the general equilibrium effects of the shocks are modest, especially
if compared to an alternative counterfactual in which Brazilian productivity
in primary sectors increase. We then extend the model to include two types of
labor, skilled and unskilled. Results also point to small distributional effects
of the China shock, but consistent with reduced-form evidence obtained in
Chapter 1. In the final chapter, we build a novel dataset on Brazilian trade
associations’ characteristics in order to investigate whether industries with
higher capacity of political organization are able to obtain more protection
from foreign competitors. We use variation in import penetration as a measure
of the need for trade protection, and address endogeneity on this measure by
using an instrumental variables strategy based on the China import shock.
Evidence suggests that industries with larger employer unions are able to
obtain more protection, particularly through non-automatic licensing; the
estimates suggest that this effect is higher when import penetration increases
more intensely, which is interpreted as increased need for protective measures.
|
Page generated in 0.037 seconds