Numa sociedade marcada pela intensa competição, individualismo, produtividade, consumismo e hierarquia, a economia solidária surge configurando-se como alternativa de modo de produção e distribuição, baseada na posse dos meios de produção pelos trabalhadores e na autogestão. São cooperativas, associações, clubes de trocas e redes de articulação com valores e práticas comuns, que se unem na construção de um movimento social. Nelas, os trabalhadores constroem conjuntamente a experiência cotidiana do trabalho autogestionário, compartilhando uma cultura fundamentada em valores como a cooperação, a solidariedade, a igualdade e a tolerância. A educação popular se faz presente no processo de formação dos integrantes desse movimento social, por meio da troca de conhecimentos e da vivência de um processo de aprendizagem de novos valores, que se irradia para além do trabalho, abrangendo outras dimensões de suas vidas. Essas experiências contribuem para a construção de um outro caminho de desenvolvimento da sociedade. Esse caminho assemelhase em muito com a perspectiva pluralista de desenvolvimento do economista indiano Amartya Sen, que vai muito além da concepção simplista do aumento de renda, centrando-se na valorização do processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam. Isto inclui, além do econômico, o político, o social, a transparência de informações, entre outros. E estes se influenciam mutuamente. Esta pesquisa examina como os processos educativos presentes nas experiências de economia solidária, que se baseiam em princípios e práticas da educação popular, influenciam o desenvolvimento, entendido como a expansão das liberdades. Os estudos sobre a economia solidária, a educação popular e o desenvolvimento como liberdade se fundamentam nos autores Paul Singer, Paulo Freire e Amartya Sen, respectivamente, e servem como base para a análise da experiência da Cooperafis, uma cooperativa de 122 mulheres que trabalham com artesanato em sisal e outras fibras naturais do semiárido baiano. A análise destaca diversas mudanças e aprendizados, a partir da observação do cotidiano de trabalho dessas mulheres e de seus depoimentos: a valorização da liberdade, a expansão da liberdade no trabalho e em outros âmbitos da vida, como o doméstico, educacional, cultural e ambiental, o assumir-se como sujeito de sua história, o enfrentamento da opressão, a valorização da democracia, entre outros. Mesmo com as dificuldades encontradas, o caráter educativo da experiência está presente a todo momento, explicita ou implicitamente, misturando educação e trabalho e incentivando a criação e recriação participativa dos caminhos do desenvolvimento. / In a society characterized by intense competitiveness, individualism, productivity, consumerism and hierarchy, the solidarity economy emerges as an alternative mode of production and distribution, based upon workers possession of all means of production and self-management. They are co-operatives, associations, Local Exchange Trading Systems, and economic and political networks with common values and practices, constructing together a social movement. In these experiences, workers together build up an everyday experience of self-management working, sharing a culture established on values of cooperation, solidarity, equality, and tolerance. Popular education takes part in the formation process of these social movement participants, exchanging knowledge and experiencing a new values learning process that irradiates beyond working, for other dimensions of life. These experiences contribute to the construction of another path of development of society. This path is very similar to the pluralist view of development elaborated by the Indian economist Amartya Sen. This view goes beyond simply increasing income; it concentrates on valuing the process of expanding the real freedoms that people enjoy. This includes not only economic improvement, but also making it better in political and social aspects, among others. All these aspects affect one another. This research examines how the educative process in solidarity economy experiences, based on popular education principles and practices, influence development, understood as expansion of freedom. The studies on solidarity economy, popular education, and development as freedom were obtained from the following authors: Paul Singer, Paulo Freire, and Amartya Sen, respectively. They serve as the basis for the analysis of the experience of Cooperafis, a cooperative of 122 women that works in crafts made of sisal and other natural fibers from the Bahias semi-arid region. The analysis highlights several changes and learning, using data from observing the everyday work of these women and their statements: the valuing of freedom, the expansion of freedom in the work and other areas of life such as domestic, educational, cultural and environmental, the assuming as the subject of his story, the confrontation of oppression, the enhancement of democracy, among others. Despite the difficulties, the educational nature of this experience is present all the time, explicitly or implicitly, mixing education and work and encouraging the participatory creation and recreation of the ways of development.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-23062010-111951 |
Date | 30 April 2010 |
Creators | Mascarenhas, Thais da Silva |
Contributors | Beisiegel, Celso de Rui |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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