Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas. / Made available in DSpace on 2012-10-21T20:42:57Z (GMT). No. of bitstreams: 1
211592.pdf: 1674987 bytes, checksum: 7de813d104b9e48b5ffbe380f47aae39 (MD5) / A visão depreciativa em relação à população rural aprofundou o descaso com muitos sistemas de conhecimento nativo, cujo conteúdo era expresso de forma discursiva e simbólica. Poucos trabalhos foram realizados e ainda pouco se conhece sobre os sistemas tradicionais de produção. Os estudos realizados têm demonstrado a diversidade e complexidade dos padrões de cultivo, dos sistemas de manejo e conservação de solos, usos da água, reciclagem de nutrientes, controle da sucessão e proteção das culturas, além da incorporação de grande número de cultivares, importantes para o desenvolvimento de programas de melhoramento genético. A agricultura itinerante constitui a forma tradicional de uso da terra mais praticada na América Latina. Alternando-se períodos de cultivo e regeneração da floresta, é possível manejar a fertilidade do solo e controlar pragas e doenças, estabelecendo policultivos e sistemas agroflorestais com alto grau de sustentabilidade. Nos sistemas tradicionais indígenas da Amazônia, os produtos de maior importância são o milho, a mandioca e a banana, representando as fontes básicas de carboidratos. Com a conquista européia da Amazônia, os cacicados indígenas estabelecidos na várzea e que mantinham forte o cultivo de milho, foram destruídos e os grupos indígenas restantes tiveram que retornar ao cultivo de mandioca, que se mantém como alimento principal para a maior parte das populações nativas até os dias atuais. Em diversos grupos indígenas, no entanto, a banana vem se tornando o cultivo mais importante. É o que vem acontecendo com os índios Matis e Marubo, grupos Pano do Vale do Javari, no Amazonas. Esses grupos praticam uma agricultura de derrubada e queima, conformando sistemas agroflorestais. Constitui o objetivo deste trabalho estudar as razões e conseqüências da substituição de espécies no repertório dos cultivos Matis e Marubo, no contexto atual, cujo fato mais marcante está nas substituições da mandioca e milho pela banana. Utilizando-se metodologias qualitativas em um longo período de convívio com os grupos pesquisados, estudou-se os seus sistemas agrícolas e as mudanças ocorridas, onde a substituição de espécies foi o fator mais relevante. Resultados do trabalho indicaram que a introdução e a adaptação da banana contribuiu para a melhoria do agroecossistema e permitiu aos indígenas se adaptarem melhor à nova realidade pós-contato com a sociedade nacional, além dos ganhos na dieta e no rendimento do trabalho na roça. O conhecimento indígena sobre o seu agroecossistema pode ser visto como um processo co-evolutivo, na medida em que sociedade e sistema agrícola evoluem, mantendo-se as características básicas de interação ecológica.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/87478 |
Date | January 2004 |
Creators | Freitas, Sérgio Fernandes |
Contributors | Universidade Federal de Santa Catarina, Alves, Antonio Carlos |
Publisher | Florianópolis, SC |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | 107 f.| il. |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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