Esta tese apresenta um estudo a respeito das relações e das subjetividades produzidas em uma instituição de assistência à pessoa em situação de rua. Foram analisados os discursos de agentes institucionais e de usuários de um Centro de Inclusão da Pessoa em Situação de Rua e foram discutidos temas como a heterogeneidade, as regras, a exclusão, os encaminhamentos, o tratamento e a regulação da vida de pessoas que vivem nessa situação. Discutimos a produção de um homem doente, nos discursos acadêmicos e dos agentes institucionais, que explica e justificaria toda e qualquer ação que se faça com essa população. Corpo e vida tornam-se regulados e controlados pelas rotinas impostas pelos tratamentos e pela medicalização a que pessoas de rua são submetidas, quando se tornam usuários de instituições de saúde ou de assistência social. Foi discutido que, no mesmo discurso dos técnicos, produz-se, de um lado a existência de um sujeito de rua doente, carente e viciado e, de outro, a expectativa de um usuário que precisa ser são, de corpo e mente, e estar livre de vícios para que possa fazer parte da instituição. Dessa maneira, o homem de rua imaginado pelos técnicos, paradoxalmente, não seria um cliente da instituição que fazem cotidianamente, ou seja, a pessoa de rua não é o cliente ideal para o Centro de inclusão da pessoa em situação de rua. Verificamos, entretanto, a presença de vetores de resistência, tanto nas práticas dos agentes institucionais, quanto nas ações de usuários, que se opõem aos discursos homogeneizadores e aos dispositivos de regulação da vida e de exclusão dos usuários da instituição. As relações afetivas e as negociações produzem o encontro entre técnicos e usuários e dele emergem singularidades, tanto de um lado, quanto de outro / This thesis presents a study about the relationships and subjectivities produced in an institution of assistance to homeless people. Speeches of the institutional agents and users of a Centro de Inclusão da Pessoa em Situação de Rua (Inclusion Center for the Homeless Person) were analyzed and also topics such as the heterogeneity, the rules, the exclusion, the referrals, the treatment and the regulation of the lives of the people living in this situation. We discussed the production of a sick man, in the academic speech and the speech of the institutional agents, which would explain and justify any and every action that is put forth with this population. Body and life become regulated and controlled by the routines imposed by the treatments and the medication to which these people are submitted, once they become users of health institutions or welfare care. It was argued that, within the same speech of the agents, on one hand is produced the existence of a sick, demanding, and addicted street person; and on the other hand the expectation of a user that needs to be healthy, of body and mind, and needs to be free of addictions to belong to the institution. Hence, the street person imagined by the agents, paradoxically, would not be a client of the institutions everyday activity; that is, the homeless is not the ideal client for the Inclusion Center. Nevertheless, we verified the presence of resistance vectors in the agents practices and the users actions that make oppositions to the homogenizing speeches and to the life regulations devices and the exclusion of the users from the institution. The affective relationships and the negotiations produce the encounter of the agents and the users and from it emerge singularities on one side and other
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-21112013-151801 |
Date | 05 August 2013 |
Creators | Serrano, Cesar Eduardo Gamboa |
Contributors | Guirado, Marlene |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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