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Previous issue date: 2011 / A questão agrária brasileira continua sem ser resolvida na agenda política do país.
Ademais, as disputas e conflitos territoriais, só vêm intensificando-se nos últimos anos
(CPT, 2009). Foi a partir da década de 1980 que os movimentos de luta por Reforma
Agrária, em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),
incorporaram como principal ferramenta de luta uma ação política radical, tais como: a
ocupação de terras improdutivas, devolutas e griladas; e a formação de acampamentos.
Ocupar terras devolutas e grandes latifúndios improdutivos configurou, e continua
configurando, novos arranjos territoriais nos espaços em disputa. O embate de classe
coloca mais uma vez na formação do espaço agrário brasileiro, os trabalhadores sem
terra, os quilombolas, os indígenas e os camponeses frente a latifundiários e capitalistas.
Por um lado, a aliança latifundiários/usineiros/grandes grupos empresariais do
agronegócio canavieiro, instigados pelo mercado internacional e os incentivos do Estado,
conquistou, na segunda metade da década de 2000, altos índices de produtividade e
desempenho na produção, principalmente, de etanol (álcool etílico). A geografia do
agronegócio da cana de açúcar mudou, territorializando-se em novas áreas e
monopolizando territórios que escapavam á sua lógica nas regiões tradicionais do seu
cultivo, como na Zona da Mata dos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba - recorte
territorial da nossa pesquisa. Todavia, essa dinâmica se concretizou a custa de uma
crescente degradação da natureza e de, cada vez, maior controle, intensificação e
exploração do trabalho. Contudo, no conflito entre as classes, além da mobilização e
solidariedade dos trabalhadores surgem também às desavenças dentro da classe.
Apreender as decorrências para a Reforma Agrária desse processo faz parte da
preocupação principal desta tese.
No nosso percurso analítico, constatamos que os desacordos intra-classe se originam de
atritos internos ao movimento camponês rebelde 1, desencadeando dissidências políticoideológicas
e a fragmentação dos movimentos sociais no campo que lutam por terra.
Devido a essa fragmentação surge a necessidade de entender as contradições e
potencialidades da dinâmica social e espacial em curso. Isto posto, entende-se que ao
tempo que acontece a fragmentação dos trabalhadores por dissidências políticas, torna-se
real a proliferação de novos movimentos sociais de luta por terra, reforçando e dotando de
sentido a necessidade da Reforma Agrária no país.
Entretanto, observamos também que tais desdobramentos refletem ao mesmo tempo a
fragmentação do próprio trabalho, conduzindo uma parte significativa dos trabalhadores
acampados e/ou assentados, outrora mobilizados sob diferentes bandeiras de combate e
resistência, à precarização do seu trabalho e à desvalorização da sua luta inserindo-se,
como trabalhadores temporarios e/ou bóias-frias, no perverso e abusivo negócio do corte
da cana de açúcar nas regiões pesquisadas.
Entendemos a luta pela terra vista por dentro da luta de classes e definimos o território
dominado pela cana nos estados estudados como Zona da Cana Nordestina , outrora
Zona da Mata , apelando propositalmente para o fenomênico de um processo em curso: a
desaparição da natureza originária e a produção capitalista desigual, combinada e
contraditória do espaço agrário.
De tal modo, colocar para debate até que ponto o complexo processo de fragmentação
da/e luta pela terra no Nordeste (Alagoas, Pernambuco e Paraíba) pode representar uma
das frentes de oposição ao desenvolvimento desigual do capitalismo no campo é o desafio
desta tese
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/6045 |
Date | 31 January 2011 |
Creators | LIMA, Edvaldo Carlos de |
Contributors | MACIEL, Caio Augusto Amorim |
Publisher | Universidade Federal de Pernambuco |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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