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Previous issue date: 2013-02-28 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A doença celíaca é uma condição autoimune sistêmica desencadeada pela exposição ao glúten que se desenvolve em indivíduos geneticamente predispostos em qualquer idade. O único tratamento é a dieta livre de glúten (DLG) por toda a vida que, devido ao seu caráter restritivo, pode fornecer ingestão inadequada de nutrientes, como altas quantidades de lipídios nos produtos insentos de glúten, principalmente em ácidos graxos saturados, em detrimento aos ácidos graxos ω-3, além de baixas quantidades de vitaminas, principalmente ácido fólico, B 6 e B12. Estes nutrientes são fortemente associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV), uma das principais causa de morte entre os pacientes celíacos. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a influência da DLG no desenvolvimento de fatores de risco para DCV em portadores de doença celíaca. Foram incluídos no estudo vinte pacientes celíacos (36,3±13,7 anos; 22,5±3,2 kg/m2), com diagnóstico confirmado por biópsia intestinal e em tratamento com DLG e trinta e nove não portadores da doença celíaca (36,0±13,0 anos; 23,8±3,7 kg/m 2), pareados por sexo e idade com os pacientes celíacos na proporção de 2:1. Realizou-se avaliações sóciodemográficas e antropométricas, bem como análise do consumo alimentar e de adesão à DLG, determinação da composição de ácidos graxos eritrocitários e das concentrações séricas de lipoproteínas, ácido fólico, vitaminas B6, B12, albumina e homocisteína. Calculou-se o índice ω-3 como marcador da ingestão dos ácidos graxos eicosapentanóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA). A população de pacientes celíacos foi composta predominantemente por mulheres (65%), sendo o tempo de diagnóstico e de seguimento da DLG de 1,2±0,6 anos. Todos os resultados do teste sorológico do anticorpo IgA anti-transglutaminase foram negativos, demonstrando aderência à DLG. A comparação entre os grupos não demonstrou diferenças em relação às variáveis sóciodemográficas e antropométricas. Em relação ao consumo alimentar, os pacientes celíacos apresentaram consumo maior de colesterol do que o grupo de comparação (288,3±96,5 vs. 230,2±79,4 mg, p=0,023) e todos os pacientes celíacos apresentaram ingestão de ácido fólico deficiente em relação à Necessidade Média Estimada (EAR). Além disso, ambos os grupos apresentaram baixa frequência de consumo de peixes fonte de ω-3 (0,4±0,5 vs 0,7±0,9 vezes por semana). A avaliação dos marcadores bioquímicos demonstrou que as mulheres celíacas apresentaram maiores concentrações de colesterol total e triglicerídeos do que as mulheres do grupo de comparação (298,9±111,0 vs. 269,2±66,9 mg/dL, p<0,05 e 106,6 ± 33,9 vs 80,9 ± 37,7 mg/dL, p<0,05 respectivamente). De modo interessante, os pacientes celíacos aprentaram maiores valores de albumina sérica (3,8±0,1 vs 3,6±0,2 g/L, p=0,01) e menores valores para ácido fólico sérico (7,7±3,5 vs. 12,8±4,2 ng/mL, p <0,001) do que os indivíduos do grupo de comparação. A proporção de pacientes celíacos com concentrações de homocisteína elevada (≥ 12 μmol/L para homens e ≥10 μmol/L para mulheres) foi de 40%, considerada alta em relação a outros estudos. A composição de ácidos graxos dos eritrócitos revelou maior consumo de ácidos graxos da família ω-6 (25,0±6,7% vs. 15,1±7,1, p<0,001) e menor consumo de EPA e DHA refletido pelo baixo valor do indice ω-3 (3,4% vs 6,7%, p<0,05) por parte dos pacientes celíacos. Desta forma, foi possível concluir que o tratamendo com DLG está relacionado à deficiências nutricionais em pacientes com doença celíaca que se associam ao risco de desenvolvimento de DCV no grupo estudado. / Celiac disease is a systemic autoimmune condition triggered by exposure to gluten in genetically predisposed individuals at any age. The only treatment is a gluten-free diet (GFD) for life. Due to its restrictive nature, it may provide inadequate nutrient intake, for instance, higher amounts of lipids in gluten-free products, especially saturated instead of ω-3 fatty acids. In addition, lower quantity of vitamins, such as folic acid, B6 and B12 can also be found. All these nutrients are strongly associated with the development of cardiovascular disease (CV), an important cause of death among celiac patients. The objective of this study was to investigate the influence of GFD on CV risk in patients with celiac disease. The study included twenty celiac patients (36.3 ± 13.7 years old and 22.5 ± 3.2 kg/m 2), following a GFD and thirty-nine healthy individuals (36.0 ± 13.0 years old and 23.8 ± 3.7 kg/m2). They were matched for age and sex with celiac patients in a ratio of 2:1. There was assessment to sociodemographic and anthropometric data as well as analysis of food consumption, adherence to GFD. Moreover, erythrocyte fatty acid composition, serum levels of lipoproteins, folic acid, vitamins B6 and B12 plus albumin and homocysteine were also measured. It was calculated the ω-3 index as a marker of eicosapentaenoic (EPA) and docosahexaenoic (DHA) fatty acid intake. The population of celiac patients was predominantly female (65%). The time of diagnosis and follow-up of GFD were the same (1.2 ± 0.6 years). All results of the serological antibody IgA anti-transglutaminase were negative, demonstrating adherence to GFD. The comparison between groups showed no differences in relation to sociodemographic and anthropometric variables. Regarding to food intake, celiac patients had higher consumption of cholesterol intake than the comparison group (288.3 ± 96.5 vs. 230.2 ± 79.4 mg, p = 0.023). All celiac patients had deficient intake of folic acid in relation to the Estimated Average Requirement (EAR). Furthermore, both groups had low frequency of ω-3 fish consumption (0.4 ± 0.5 vs 0.7 ± 0.9 times per week). Evaluation of serum biochemical markers showed that celiac women had higher total serum cholesterol and triglycerides than women from the comparison group (298.9 ± 111.0 vs. 269.2 ± 66.9 mg/dL, p < 0.05 and 106.6 ± 33.9 vs 80.9 ± 37.7 mg/dL, p < 0.05, respectively). Interestingly, celiac patients had the highest serum albumin values (3.8 ± 0.1 vs. 3.6 ± 0.2 g/L, p = 0.01) and lower serum folic acid (7.7 ± 3.5 vs. 12.8 ± 4.2 ng/mL, p < 0.001) than individuals from the comparison group. The proportion of celiac patients with elevated homocysteine concentrations (≥ 12 mmol/L for men and ≥ 10 mmol/L for women) was 40%, considered higher when compared to other studies. The erythrocyte fatty acid composition showed higher consumption of ω-6 fatty acid family (25.0 ± 6.7% vs. 15.1 ± 7.1, p < 0.001) and lower consumption of EPA and DHA, reflected by low value of the ω-3 index (3.4% vs 6.7%, p < 0.05) by the celiac patients. Thus, it can be concluded that the GFD treatment is related to nutritional deficiencies and higher CV risk in patients with celiac disease.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:localhost:123456789/7271 |
Date | 28 February 2013 |
Creators | Valente, Flavia Xavier |
Contributors | Hermsdorff, Helen Hermana Miranda, Longo, Giana Zarbato, Peluzio, Maria do Carmo Gouveia |
Publisher | Universidade Federal de Viçosa |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFV, instname:Universidade Federal de Viçosa, instacron:UFV |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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