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A depressão no processo de maternidade - estudo prospectivo de mulheres da 36.ª semana de gravidez, 2.ª e 6.ª semana pós-natal

Mestrado em Saúde Pública / Master Degree Course in Public Health / A Depressão Pós-natal é uma perturbação psicopatológica com grande impacto
comunitário, com incidência populacional de 10 a 20 % que, numa
percentagem elevada de casos, é grave e prolongada.
O nosso estudo teve os seguintes objectivos: estudar a incidência da depressão
pós-natal na nossa população e analisar a sua associação com variáveis psicosociais
seleccionadas.
A investigação foi realizada no Hospital de S. Sebastião E.P.E., em Santa Maria
da Feira. Participaram neste estudo 66 grávidas, com idades compreendidas
entre os 18 e os 35 anos, clientes da Consulta Externa de Obstetrícia do
referido hospital, no período compreendido entre Julho de 2005 e Agosto de
2006.
Antes de iniciarem a sua colaboração, todas as participantes foram informadas
dos objectivos e metodologias do estudo e assinaram um termo de
consentimento informado. O desenho era longitudinal, sendo as participantes
seguidas desde a 36ª semana de gravidez até às 6 semanas pós-parto.
Utilizamos os seguintes instrumentos de recolha de dados: para a avaliação dos
sintomas de ansiedade e de depressão, usamos o Hospital Anxiety and
Depression Scale, de Zigmond e Snaith; para a detecção da depressão,
aplicamos o Edinburgh Postnatal Depression Scale, de Cox, Holden e Sagovsky;
para a avaliação de traços de personalidade prévia, usamos o Eysenk
Personality Inventory, de Eysenk e Eysenk; para a avaliação de extensão e
funcionamento da rede de suporte social, administramos o Social Support
Network Inventory, da Flaherty, Gaviria e Patnak; para classificação do estrato
sócio-económico, aplicamos a Escala de Graffar; e, por último, elaboramos um
questionário para recolha de outros dados sócio-demográficos e clínicos de
interesse para o estudo.
No primeiro momento de avaliação (36ª semana de gravidez), foram entregues
às mulheres os questionários para o segundo (2ª semana pós-parto) e terceiro
momento (6ª semana pós-parto), que, após preenchimento, deveriam ser
devolvidos por correio. Para que não ocorressem esquecimento, contactamos
telefonicamente as mães, nas alturas respectivas.
Os resultados evidenciaram que a depressão tinha uma prevalência
significativamente maior no período pós-natal (23,3%) do que na gravidez
(3,0%), com um pico de ocorrência situado na 6ª semana, e que a ocorrência
desta perturbação se associava com as características de personalidade prévia,
nomeadamente com uma cotação elevada na escala de neuroticismo, bem
como com uma rede de suporte social mais reduzida e pior funcionante e com a
ocorrência de um parto anterior distócico. Neste estudo, obtivemos também
dados sobre os maridos/companheiros das participantes, e pudemos, por isso,
comparar prevalências e estudar a forma como a depressão num dos elementos
do casal se reflectia no outro; os resultados permitiram-nos constatar que as
mulheres apresentavam prevalências mais elevadas de depressão do que os
maridos/companheiros e que existiam indícios de que a depressão nos maridos
aumentava a probabilidade de depressão nas participantes do nosso estudo
(embora este elemento não apresentasse significado estatístico). / The main purposes of this study were to study the prevalence of Postnatal
Depression in a population of Portuguese mothers of the region of Porto, and to
analyze its association with selected psychosocial variables. Therefore, we
conducted an investigation at the prenatal consultation of Hospital S. Sebastião,
in Vila da Feira, including 66 pregnant women, prospectively followed from 36th
week of pregnancy until 6th week postpartum.
All the participants were thoroughly informed about the purposes and the
methodologies and filled a formal consent, before beginning their participation
in the study. In this research, we used the following assessment instruments:
the Hospital Anxiety and Depression Scale, Zigmond e Snaith, for evaluating the
symptoms of anxiety and depression; the Edinburgh Postnatal Depression
Scale, Cox, Holden, Sagovki, for the detection of depression; the Eysenk
Personality Inventory, Eysenck e Eysenck, for the measurement of personality
traits; the Social Support Network Inventory, Flaherty, Gaviria, Pathak, for the
assessment of size and functioning of the social support network; the Graffar
Scale and interview for the assessment of social economic strata; and, finally,
we constructed a questionnaire to collect other socio-demographic and clinical
data.
At 36th week of pregnancy, women filled Graffar, socio-demographic
questionnaire, SSNI, HADS and EPDS, and they received a set of questionnaires
to be filled and returned by mail to us, at 2nd and 6th week after birth. To avoid
blank questionnaires and drop-outs, we contacted every women by phone, to
remember them about the moment of filling the questionnaires.
Our results showed a postnatal peak on the prevalence of depression, specially
at 6 weeks after birth. They emphasized also an association of postnatal
depression with neurotic traits, small and malfunctioning social support network
and previous eutocic delivery. Compared to their partners, women have higher
prevalence of depression and seem to raise their proneness to depress
whenever their husbands were depressed.

Identiferoai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/22111
Date25 January 2008
CreatorsFerreira, António Manuel dos Santos
PublisherFaculdade de Medicina da Universidade do Porto, FMUP
Source SetsUniversidade do Porto
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeDissertação
Formatapplication/pdf, application/pdf, application/pdf, application/pdf
RightsopenAccess

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