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As praticas orais na escola : o seminario como objeto de ensino / Oral practices in school

Orientador: Anna Christina Bentes da Silva / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-05T08:41:52Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2005 / Resumo: Este trabalho tem como foco de estudo as práticas orais na escola de Ensino Fundamental, mais especificamente, a atividade de seminário e o gênero exposição oral nas aulas de Língua Portuguesa. A motivação para esta pesquisa surgiu ao longo de nossa trajetória como professora de Língua Portuguesa, em escolas públicas, ao observarmos a falta de planejamento e de sistematização das atividades relacionadas à exposição oral na escola, especialmente em atividades como seminários. Começamos, então, a observar em que momentos privilegiava-se o trabalho com esse gênero e verificamos que, na esfera escolar, o espaço dedicado ao desenvolvimento das competências lingüística, textual e comunicativa apropriadas ao domínio do expor era restrito, limitado a atividades como leituras em voz alta e discussões informais sobre temas relacionados aos conteúdos das diversas disciplinas. Percebemos, neste trabalho, que o processo de reflexão sobre a tomada da palavra publicamente pelos alunos como locutores ¿ e não apenas como interlocutores nas diversas práticas sociais ¿ é ainda pouco considerado pela escola e pelo sistema educacional como um todo, porque a prática da exposição oral em seminário não é concebida como um locus que demande reflexão, sistematização e avaliação didática por parte do professor de língua e dos alunos. Isso acontece, provavelmente, devido à antiga tradição de ensino e aprendizagem de língua materna, em que a leitura e a produção de textos escritos eram ¿ e ainda são ¿ consideradas as principais atividades necessárias para o desenvolvimento das competências lingüística e comunicativa dos alunos. Essas reflexões nos possibilitam formular a hipótese de que a exposição oral é um instrumento importante e necessário na escola, porque funciona como um mediador fundamental no desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita e produção de fala em contextos formais dentro e fora da escola. Embora os aprendizes passem, em média, oito anos no Ensino Fundamental, a maioria deles - apesar de estar ao longo do processo escolar produzindo a exposição oral em seminários ou debates - não demonstra ter desenvolvido, ao final desse nível, uma competência em relação a esse gênero. A abordagem teórico-metodológica que sustenta a nossa análise está inscrita na sociolingüística interacional, especialmente o conceito de enquadre comunicativo e no sociointeracionismo, sobretudo aquele empreendido pelo Grupo de Genebra, e nas discussões sobre interação, comunicação e práticas de linguagem, na perspectiva de Vion (1992), Bronckart (1997), Dolz & Schneuwly (1996) e Schneuwly & Dolz (1997). Esses conceitos são especialmente importantes quando se trata de estudar as ações de linguagem realizadas por sujeitos inscritos dentro de um quadro social mais amplo e mediadas por uma situação comunicativa específica. Ainda neste estudo, é nosso objetivo examinar como os alunos mobilizam os elementos não-verbais (paralingüísticos e cinésicos) e prosódicos no curso das apresentações de seminário. Esses elementos são essenciais quando se estudam as práticas de linguagem oral, dada sua natureza multimodal. Constatamos, nas análises, que as aulas de Língua Portuguesa não são planejadas com a intenção de desenvolver habilidades relacionadas ao exercício da exposição oral. Por isso, na primeira apresentação de seminário por parte dos alunos, foram constatados três tipos de enquadres comunicativos. O primeiro deles, o Enquadre A, reflete a forma mais comum de realização de seminários na escola hoje, a saber, a leitura em voz alta dos textos resultantes da pesquisa, sem a exploração de outros recursos, tais como o contato visual com a platéia, introdução e fechamento, gestualidade apropriada, texto expositivo que consiga prender a atenção da platéia. O Enquadre B também consistiu de leitura do material escrito da pesquisa, no entanto, apresentou características um pouco diferenciadas, porque os alunos enunciaram textos de introdução e/ou de conclusão, porque houve a mobilização de recursos gestuais e porque houve uma interação mais direta com a audiência por meio do olhar e da expressão facial. Apesar de alguns alunos olharem timidamente para a platéia (na maioria das vezes, desviando os olhos dos colegas), o contato visual com a audiência aconteceu mais vezes do que nas apresentações do enquadre A. O terceiro enquadre (Enquadre C) ¿ muito diferenciado dos dois anteriores ¿ foi produzido por um número restrito de alunas (03 dos 41 alunos), que tentaram assumir o ethos de expositoras, mobilizando a atenção e a participação da platéia para a qual elas estavam expondo. Houve presença de falas de conclusão, as falas foram mais fluentes, com o uso do texto escrito como apoio. As alunas desse enquadre usaram recursos paralingüísticos (risos) para captar a atenção da platéia, recursos cinésicos (gestualidade e olhar) e recursos prosódicos (tom de voz, altura e boa qualidade de voz) de forma mais consciente.
No segundo momento, após as intervenções, verificamos que os alunos mobilizaram com mais naturalidade os recursos não-verbais e prosódicos para travar uma interação mais efetiva com a platéia. As principais diferenças entre este momento e o anterior são: (i) a seleção dos conteúdos efetuada pelos alunos consegue produzir uma exposição sobre o tema escolhido com um sentido global. (ii) a emergência dos papéis sociais do expositor e da platéia; (iii) a estruturação composicional da exposição oral, que revela uma progressão textual mais adequada, resultando um número bem menor de incoerências locais. Com isso, fica evidenciado o papel central que as intervenções didáticas e as discussões avaliativas podem ter na construção de uma mudança significativa das práticas de linguagem oral na escola / Abstract: This work has as study focus the oral practices in Basic Education School, more specifically, on the seminar activity and the oral exposition genre in the classes of Portuguese Language. The motivation for this research appeared along our path as teacher of Portuguese in public schools. We¿ve observed the lack of planning and systemization of the activities related to the oral exposition in school, especially in activities such as seminars. We start, then, to observe in what moments the work with that genre was privileged and we verified that, in the pertaining to scholar sphere, the space dedicated to the development of linguistics, textual and communicative abilities appropriate to the domain of oral exposition was restricted, limited to activities such as reading aloud and informal discussions on themes related to the contents of the various disciplines. We noticed, in this work, that the reflection process on the taking of public word for the students as announcers - and we don't just mean interlocutors, but speakers in several social practices - is still little considered by the school and by the educational system as a whole because the practice of oral exposition in a seminar is not conceived as a locus that demands reflection, systemization and didactic evaluation on the part of the language teacher and of the students. That happens, probably, due to the old teaching tradition and learning of mother tongue, in that the reading and the production of writing texts were - and they are still - considered the main activities necessary for the development of linguistics and communicative competence of the students. These reflections made it possible for us to formulate the hypothesis that the oral exposition is an important and necessary instrument in school, because it works as a fundamental mediator in the development of reading abilities, writing and speech production in formal contexts inside and out of school. Although the students spend, on average, eight years in Basic Education, most of them - in spite of being, during the school process, producing oral exposition in seminars or debates ¿ do not demonstrate having developed, at the end of this level, a competence in relation to that genre. The theoretical-methodological approach that sustains our analysis is enrolled in the interactional sociolinguistics, especially the concept of communicative frames (on the perspective of Goffman, 1979) and in the sociointeracionism, over all that one undertaken by the Group of Geneva, and in the discussions on interaction, communication and language practices, in the perspective of Vion (1992), Bronckart (1997), Dolz & Schneuwly (1996) and Schneuwly & Dolz (1997). These concepts are especially important when we are studying language actions accomplished by subjects enrolled inside a wider social picture and mediated by a specific communicative situation. Still, in this study, it is our objective to examine how students mobilize the non-verbal elements (paralinguistics and kinesics) and prosodic elements in the course of seminar presentations. These elements are essential when oral language practices are studied, considering its multimodal nature. In the analysis we verified that the classes of Portuguese are not planned with the intention of developing abilities related to the exercise of the verbal exposition. Therefore, when we analyzed the data of this research, in the first seminar presentation on the part of the students, three types of communicative frames had been evidenced. The first of them, we called Frame A, reflects the more common form of accomplishment of seminars in school today, that is, the reading aloud of the resulting texts of the information looked for by students on a certain subject, without the exploration of other resources, such as visual contact with the audience, introduction and conclusion, appropriate gestures, expository texts that arrest the attention of the audience. The second frame, we called Frame B. It also consisted of reading the writing material of the research made by the pupils; however, it presented characteristics a little differentiated, because the students had enunciated introduction and/or conclusion texts, and because they had mobilized gesture resources and they had more direct interaction with the audience through the glance and facial expression. Although some students look timidly at the audience (most of the time, avoiding friends' eyes), the visual contact with the audience happened more times than in the presentations of the first frame (A). The third party frame (called Frame C) ¿ was much different from the previous two ¿ it was produced by a restricted number of students (03 of the 41 students). In this frame, we noticed that the students tried to assume the ethos of expositors, mobilizing the attention and the participation of the audience for whom they were exposing. There was the presence of conclusions; the speeches were fluent, with the use of written text as support. The students of that frame used paralinguistic resources (laughter) to capture the attention of the audience, kinesic resources (gestures and glances) and prosodic resources (voice tone, height and good voice quality) in a more conscious way. In the second moment of this research, after the interventions that were made with the teacher and the students, we verified that the students mobilized with more naturalness the non-verbal and prosodic resources to obtain a more effective interaction with the audience. The analysis of the data allows us to conclude that the main differences between this moment and the previous one are: (i) the selection of the contents made by the students get to produce an exhibition on the chosen theme with a global sense. (ii) the emergence of the social papers of the expositor and of the audience; (iii) the compositional structure of the oral exposition, that reveals a more appropriate textual progression, resulting in a much smaller number of local incoherencies. With that, the central role that the didactic interventions and the evaluating discussions can have in the construction of a significant change of the oral language practices in the school is evidenced. / Mestrado / Sociolinguistica / Mestre em Linguística

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/270428
Date25 July 2005
CreatorsGoulart, Cláudia, 1964-
ContributorsUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Bentes, Anna Christina, 1963-, Silva, Anna Christina Bentes da, 1963-, Morato, Edwiges Maria, Rojo, Roxane Helena Rodrigues, Pinto, Rosana do Carmo Novaes
Publisher[s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format226p. : il., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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