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Relação entre componentes de sintomas depressivos e variabilidade de frequência cardíaca / Relationship between components of depressive symptoms and heart rate variability

INTRODUÇÃO: O transtorno depressivo maior (TDM) está associado à doença cardiovascular (DCV), possivelmente por alterações no sistema nervoso autônomo (SNA), dentre outros mecanismos. Um dos marcadores de atividade do SNA mais estudados na literatura é a variabilidade de frequência cardíaca (VFC), um índice de variação entre batimentos cardíacos. VFC elevada é sinal de um SNA saudável, enquanto VFC diminuída reflete inflexibilidade autonômica. Alguns estudos têm relatado uma relação entre o TDM e VFC reduzida, enquanto outros não confirmaram esses achados. Além de fatores de confusão, uma possível explicação para esta inconsistência é a complexidade da síndrome depressiva, composta por sintomas de vários domínios. Logo, alguns sintomas podem estar associados com VFC reduzida, enquanto outros portam nenhuma associação. Consequentemente, quando todos os sintomas são avaliados simultaneamente, as associações de sintomas depressivos específicos com VFC não seriam identificadas. Este estudo teve como objetivo investigar a relação entre VFC e componentes de sintomas depressivos a partir de dados de estudo previamente realizado na Universidade de São Paulo, entre 2010 e 2011. MÉTODOS: Neste estudo, foram analisados dados de 120 pacientes com TDM, com baixo risco de DCV, coletados na avaliação basal de um ensaio clínico duplo-cego e randomizado, avaliando o uso da estimulação transcraniana por corrente contínua versus cloridrato de sertralina para tratar o TDM. Para avaliação da gravidade do TDM, foram utilizadas a Escala de Depressão de Hamilton (HAM-D-17), a Escala de Depressão de MontgomeryÅsberg (MADRS) e o Inventário de Depressão de Beck-IA (BDI-IA). Os componentes de sintomas depressivos foram extraídos de cada escala através de análise de componentes principais. Para avaliar a VFC, foram utilizados 4 parâmetros: a raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos R-R normais adjacentes (RMSSD, ou root mean square of successive differences), alta frequência (HF, ou high frequency), baixa frequência (LF, ou low frequency) e baixa frequência/alta frequência (LF/HF, ou low frequency/high frequency), computados a partir de segmento de eletrocardiograma de 15 minutos de duração, em repouso. Para investigar a associação dos 4 parâmetros de VFC com os componentes de sintomas depressivos de cada escala, construíram-se equações de regressão linear múltipla, incluindo em cada equação um parâmetro de VFC como variável dependente e os componentes de sintomas depressivos das três escalas como variáveis independentes. O modelo foi ajustado para idade e gênero. Utilizouse o procedimento stepwise backward para atingir o modelo final, mantendo-se variáveis com p < 0,10. RESULTADOS: Baseando-se em análise de scree plot, foram extraídos 6 componentes da HAM-D-17, 2 da MADRS e 3 da BDI-IA. Após controle para idade e gênero, a análise por regressão linear múltipla revelou que o componente 4 da HAM-D-17 (humor depressivo, sentimentos de culpa, suicídio e trabalho e atividades) foi preditor de LF/HF e o componente 2 da MADRS (dificuldades de concentração, lassidão, incapacidade para sentir e pensamentos pessimistas) foi preditor de LF. CONCLUSÕES: Os resultados deste estudo corroboram a hipótese que a presença de certos componentes de sintomas depressivos, mas não todos, estão associados com mudanças na VFC. Não houve correção de significância estatística para múltiplas comparações, devendo este estudo ser considerado de natureza exploratória / INTRODUCTION: Major depressive disorder (MDD) is associated with cardiovascular disease (CVD), possibly due to impairments in the autonomic nervous system (ANS), among other mechanisms. One of the most studied markers of ANS activity is heart rate variability (HRV), an index of beat-to-beat variations in heart rate. High HRV is an indicator of a healthy ANS, while low HRV denotes autonomic inflexibility. Some studies have reported a relationship between MDD and low HRV, while others have not confirmed such findings. A possible explanation for this inconsistency is the complexity of the depressive syndrome, which is composed by symptoms from various domains. Therefore, some symptoms might be associated with low HRV, while others bear no association. Consequently, when all symptoms are evaluated simultaneously, the association of HRV with specific depressive symptoms might go unnoticed. This study aimed to investigate the relationship between HRV and components of depressive symptoms, using data of a previous study done in the University of São Paulo, between 2010 and 2011. METHODS: In this study, data from 120 patients with MDD and low risk for CVD was assessed at the baseline of a randomized, controlled clinical trial, performed to evaluate the use of transcranial direct current stimulation versus sertraline chloridrate in in the treatment of MDD. The Hamilton Rating Scale for Depression (HAM-D-17), the Montgomery-Åsberg Depression Rating Scale (MADRS) and the Beck Depression Inventory-IA (BDI-IA) were used to assess depressive symptoms. The components of depressive symptoms were extracted from each scale by principal component analysis. For the evaluation of HRV, the following 4 parameters were used: root mean square of the successive differences (RMSSD), high frequency (HF), low frequency (LF), and low frequency/high frequency (LF/HF). These parameters were computed through a 15-minute electrocardiogram at rest. For the investigation of the association between the 4 HRV parameters and the components of depressive symptoms of each scale, multiple linear regression equations were built, including in each equation a parameter of HRV as the dependent variable and the components of depressive symptoms from the three scales as the independent variables. The model was adjusted for age and gender. A stepwise backward procedure was used to attain the final model, and only variables with p < 0.10 were kept. RESULTS: Based on scree plot analyses, HAM-D-17 yielded 6 components, MADRS 2 components and BDI-IA, 3 components. After adjusting for age and gender, multiple linear regression analyses revealed that LF/HF was predicted by HAM-D-17 Component 4 (depressed mood, feelings of guilt, suicidal thoughts and work and activities) and LF was predicted by MADRS Component 2 (concentration difficulties, lassitude, inability to feel and pessimistic thoughts). CONCLUSIONS: The results of this study support the hypothesis that certain components of depressive symptoms, and not all of them, are associated with a change in HRV. There was no correction of statistical significance for multiple comparisons, and this study should be considered of exploratory nature

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-04012018-101055
Date19 October 2017
CreatorsLucas Borrione
ContributorsRenerio Fraguas Junior, Isabela Judith Martins Benseñor, Sérgio Luís Blay, Wang Yuan Pang
PublisherUniversidade de São Paulo, Psiquiatria, USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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