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Ciclo de vida e posição socioeconômica: contribuições sociológicas para o entendimento da relação entre desigualdade social e saúde no Brasil / Socioeconomic position and health disparities in Brazil: contributions from a life course perspective

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Nesta tese, pretendemos investigar a relação entre ciclo de vida, posição socioeconômica e disparidades sociais no Brasil. Inicialmente, apresentamos trabalhos brasileiros e estrangeiros que descrevem associações entre a posição socioeconômica dos indivíduos e o estado de saúde. A abrangência dessa ligação levou sociólogos a sistematizarem uma elegante teoria que trata os recursos socioeconômicos como causas fundamentais do adoecimento e da mortalidade. Fazemos uma exposição relativamente detalhada dessa perspectiva. A apresentação dos dois debates estabelece a justificativa do trabalho e mapeia os espaços na literatura para os quais pretendemos contribuir. No segundo capítulo iniciamos nossa investigação, com o aprofundamento de uma dimensão tida como central no entendimento sociológico da desigualdade: classe social. Esse conceito é tido por
pesquisadores, tanto vinculados à sociologia como em outras disciplinas, como uma via explicativa interessante na abordagem das disparidades sociais em saúde. No entanto, essa opinião não é consensual, e vários sociólogos contemporâneos fazem severas críticas à essa dimensão e às teorias que a balizam. Fazemos um aprofundamento nesses debates e uma reflexão sobre sua pertinência para o contexto brasileiro. Balizamos nossas conclusões através de uma investigação que mobiliza métodos e dados inéditos sobre a estrutura ocupacional brasileira. Através da investigação da validade empírica e conceitual de uma das operacionalizações de classe mais comuns na literatura internacional, a tipologia EGP, testamos como características do mercado de trabalho brasileiro se relacionam a essa dimensão. Nossos resultados, atingidos a partir de modelos log-lineares de classes latentes
(latent class analysis) mostram que as particularidades do mercado de trabalho brasileiro são importantes na consideração sobre essa variável, mas não inviabilizam sua utilização. Munidos desse resultado, partimos para o último capítulo do trabalho. Nele, aprofundamos a discussão sobre desigualdade e saúde através da apresentação de teorias sobre o ciclo de vida, que informam dois debates específicos que investigamos empiricamente. O primeiro deles diz
respeito à acumulação de vantagens e desvantagens ao longo do ciclo de vida e a estruturação das disparidades sociais em saúde. O segundo diz respeito à transmissão intergeracional da
desigualdade e a desigualdade em saúde. Apresentamos essas correntes teóricas, que inspiram a elaboração de nossas hipóteses. Junto a elas, adicionamos uma outra hipótese inspirada nas discussões apresentadas nos capítulos anteriores. Nossos resultados demonstram a relevância
de abordagens sociológicas para o estudo da desigualdade em saúde. Mostramos como nível educacional e idade interagem na estruturação das disparidades sociais em saúde, evidências
indiretas de como as trajetórias sociais proporcionadas pela educação expõe indivíduos a condições que os expõe sua saúde a diferentes tipos de desgaste. Igualmente, mostramos evidências que apontam para como etapas relacionadas à infância e adolescência dos indivíduos têm efeitos sobre seu estado de saúde contemporâneo. Por fim, refletimos sobre os limites da variável de classe para o entendimento da estruturação das disparidades sociais em
saúde no Brasil. / The main objective of this dissertation is the investigation of the relationship between the life course, socioeconomic status and health disparities in Brazil. We start by analyzing
the literature that identifies the association of health with socioeconomic status. Convinced by the persaviness of this association, sociologists developed a theory that condensates an elegant explanation for this connection. This perspective, called the fundamental causes of diseases and mortality is presented in detail for the Brazilian audience. With the presentation of the literature about health disparities and the discussion about the fundamental causes, we justify
the theme of this dissertation: the sociological study of health and health inequalities. In the following chapter, we investigate one of the dimensions that is, supposedly, one of the best ways available in the sociological perspective to study inequality, which is social class. We carefully present analytical perspectives about the theme and then we proceed to an empirical evaluation of the concept. In the last chapter, we make use of the class concept in our empirical evaluation of health disparities in Brazil. Not only we try to disentangle how socioeconomic status and health relate in the country, we also present a new perspective to its interpretation. Discussing life course perspectives, the accumulation of inequality and the intergenerational transmission of health inequality, we complete our analytical and empirical
frame. Mobilizing this discussions, we try to show how health is a dimension that can only be understood if time is incorporated in its evaluation.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:4246
Date20 March 2013
CreatorsFlávio Alex de Oliveira Carvalhaes
ContributorsCarlos Antonio Costa Ribeiro, Adalberto Moreira Cardoso, Eduardo Faerstein, Nelson do Valle Silva, Alberto Lopes Najar
PublisherUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, UERJ, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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