O presente trabalho pretende analisar o modo como as crianças em idade pré-escolarvivenciam as experiências em redor da construção de uma identidade de género, e osprocessos pelos quais esta se assume como realidade essencial, factual e imutável. Apertinência deste tema explica-se por duas vias: primeiro, devido à relevância que odesenvolvimento da identidade de género assume na literatura do desenvolvimento dacriança; em segundo lugar, devido à crescente voz que a infância não conforme ao génerotem adquirido, embora ainda muito confrontada com as limitações impostas pelos discursosmacrossociais de cisheteronormatividade.Como tal, recorreu-se à grounded theory e à etnografia para observar estes processosnuma sala mista num jardim de infância do Porto, e analisá-los pela lente feminista daperformatividade de género, procurando os modos como as identidades se constroemdiariamente, em ação e interação. Observou-se como as fronteiras de género são demarcadas,mantidas, contestadas e transgredidas, bem como as negociações de poder e a afirmação dasmasculinidades pela dominância das feminilidades e pela normalização da violência. Foiainda analisado o modo como os discursos das pessoas adultas produzem ou reforçam aconstrução do género enquanto realidade inata e essencial.Surge, assim, como relevante o caráter dissimulatório do género, transmitindo-se enaturalizando-se de modo pervasivo nos discursos. Neste sentido, questiona-se qual o papelque a escola, enquanto agente educacional, poderá assumir na criação de espaços segurospara uma exploração, livre, criativa e autodeterminada, do(s) género(s).
Identifer | oai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/116724 |
Date | 20 November 2018 |
Creators | Sofia Marta Seixas de Brito |
Contributors | Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação |
Source Sets | Universidade do Porto |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação |
Format | application/pdf |
Rights | openAccess |
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