Introdução. A influência de fatores sócioeconômicos na epidemia pelo HIV/Aids tem sido discutida na literatura científica. Objetivo. Estudar a mortalidade por Aids segundo condições sócioeconômicas no município de São Paulo, no período de 1994 a 1999, entre homens e mulheres de 15 a 49 anos (15 a 24; 25 a 49). Método. Trata-se de um estudo ecológico tendo como unidades de análise os 96 distritos e 5 áreas homogêneas, classificadas segundo o índice social para cada distrito. Foram utilizados dados secundários do PROGRAMA DE APRIMORAMENTO DAS INFORMAÇÕES DE MORTALIDADE DO MUNICÍPIO (PRÓ AIM), estimativas populacionais do censo de 1991 e os índices sociais do Mapa da exclusão/inclusão social para a cidade. Foram calculados os coeficientes de mortalidade por Aids por sexo e idade, em cada ano e área. Foi analisada a correlação entre o logarítmo dos coeficientes de mortalidade por Aids e os índices de exclusão/inclusão social nos 96 distritos. A tendência da mortalidade por Aids foi analisada na série histórica, nas 5 áreas homogêneas. Resultados. Foi encontrada correlação negativa estatisticamente significativa entre o log dos coeficientes de mortalidade por Aids e o índice de eqüidade entre homens e mulheres de 15 a 49 anos, ao longo de todo o período. Observou-se uma tendência à correlação positiva significativa entre o índice de qualidade de vida e a mortalidade masculina por Aids, entre 1994 e 1998, tornando-se negativa no ano de 1999. A redução da mortalidade por Aids observada após a introdução da moderna terapêutica anti-retroviral, entre 1996 e 1999, foi maior na área mais incluída: 60% entre os homens de 25 a 49 anos e 53% entre as mulheres da mesma idade. Os menores percentuais de queda foram observados nas áreas mais excluídas: 50% na AH5 entre homens de 25 a 49 anos, e 33% na AH3, entre as mulheres da mesma idade. Os percentuais de queda foram menores na população feminina em todas as áreas. Conclusões. A despeito da terapia anti-retroviral gratuita em todo município, a queda na mortalidade por Aids apresentou diferenças em relação às áreas geográficas. Essa redução foi menor na população vivendo em áreas de exclusão social e sendo mais lenta entre as mulheres em todas as áreas. Nos distritos onde foi maior a concentração de mulheres chefes de família não alfabetizadas observou-se também uma maior mortalidade por Aids, entre homens e mulheres. A vulnerabilidade feminina em relação ao HIV/Aids tem sido amplamente discutida na literatura científica. Alguns fatores como desigualdade no acesso aos cuidados de saúde e menor aderência ao tratamento podem estar relacionados com essas diferenças. A mortalidade por Aids nas diferentes áreas deve ser também estudada de acordo com a dinâmica da epidemia, a incidência e a letalidade nessas áreas, que podem explicar achados dessa mortalidade e diferenças entre áreas de inclusão e de exclusão. / Background. The role of the socioeconomic factors in the HIV/AIDS epidemic has been a subject of discussion in the scientific literature. Objective. The aim of the present study was to analyse AIDS mortality of persons aged 15-49 years old (15-24; 25-49) among men and women, in São Paulo city between 1994 and 1999, by socioeconomic conditions of geographic areas. Methods. Small area ecological study in the 96 districts and the five areas classified in level 1 to 5, better to worse socioeconomic conditions, drawn from city social exclusion map. Using 1991 population census, the city mortality information system (PROGRAMA DE APRIMORAMENTO DAS INFORMAÇÕES DE MORTALIDADE DO MUNICÍPIO) and socioeconomic indices for each district from city social exclusion map. We calculated the AIDS mortality rates by year, sex and age for each geographic area. The correlation between the rate of AIDS mortality and measures social exclusion was calculated for 96 districts over the period. The AIDS mortality trend was examined in the five areas. Results: The rate of AIDS mortality was correlated negatively with the equity index both males and females aged 15 to 49 years old over the period . Among men, a positive correlation was observed between the rate of AIDS mortality and the quality of life index. Reduction of mortality after the implementation of highly active antiretroviral therapy (1996-1999) was greater in the area of higher socioeconomic status (level 1) for both males (60%) and females (53%) aged 25-49. Whereas less decrease was observed in areas of lower socioeconomic conditions for both males and females. Mortality decrease more slowly for woman in all areas. Conclusions: Despite free antiretroviral therapy, differences in AIDS mortality are observed in relation to neighborhood-level socio economic conditions. The decrease in AIDS mortality was lowest in areas with disadvantaged socioeconomic status and among women. Inequalities in health-care access or poor adherence to treatment could explain the differences. These findings may also reflect, in part, differences in HIV/AIDS incidence in the geographic areas .
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-17052004-133242 |
Date | 28 June 2002 |
Creators | Norma Suely de Oliveira Farias |
Contributors | Chester Luiz Galvao Cesar, Marco Akerman, Jose da Rocha Carvalheiro, Sabina Lea Davidson Gotlieb, Jose Maria Pacheco de Souza |
Publisher | Universidade de São Paulo, Saúde Pública, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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