Esta tese apresenta o resultado de um estudo realizado em uma escola municipal de Educação Infantil da rede municipal de São Paulo (Emei). O objetivo foi observar e interpretar as interações entre professoras e crianças em geral e, especialmente, as crianças que transgridem os padrões de gênero que lhes são impostos, dando significados e estruturando suas experiências sociais. Trata-se de investigação qualitativa, de inspiração etnográfica, que envolveu quatro turmas de crianças de 3 a 6 anos e suas professoras e recorreu aos registros das observações em caderno de campo e às entrevistas realizadas com professoras. Apresenta os construtos e os conhecimentos nos quais as professoras se baseiam, ao lidar com os conflitos relativos às questões de gênero na infância, tais como a explicação das diferenças baseada na Biologia e na Genética e a compreensão da identidade de gênero das crianças como estática e universal. Os resultados apontam para práticas e estratégias de organização dos tempos e dos espaços, caracterizadas por uma disciplina heteronormativa de controle, regulação e normatização dos corpos e dos desejos de meninas e meninos. Destacou-se, nesta forma de organização institucional, uma intencionalidade pedagógica que tem no sexo um importante critério para a organização e para os usos dos tempos e dos espaços. Entretanto, apesar dessas formas de controle, o poder das professoras sobre meninas e meninos não é universal e unilateral, e o processo de socialização não se dá de forma passiva. Meninas e meninos encontram brechas no gerenciamento do dia a dia da pré-escola e criam estratégias inteligentes para alcançar seus desejos. A possibilidade de participar de um coletivo infantil, a capacidade de imaginar e fantasiar, os momentos livres e autônomos de brincadeiras, a sociabilidade e as amizades, os tempos e os espaços com menor controle das pessoas adultas, permitem a criação de diferentes formas de burlar as estruturas propostas e de iniciar sempre um novo movimento de transgressão. A pesquisa revela ainda os espaços da pré-escola como espaços de encontro, confronto e convívio com a diversidade. Nesse contexto, as possibilidades de produção, reprodução e resistência à discriminação de gênero interagem de maneira complexa e colocam-nos muitos desafios. Diante da necessidade do reconhecimento e da valorização das diferenças de gênero, esta investigação aponta para a emergência da inclusão da perspectiva de gênero e de novos direitos das crianças nas políticas públicas de Educação Infantil. / This thesis presents the study of gender in a municipal school of Early Childhood Education (Emei). Conducted in the city of São Paulo, the objective of the study was to analyse the interactions between teachers and children and, in special, observe and interpret the children that, to crossing the line of the patterns imposed on them, transgress the gender limits, giving new meaning and structure to their social practices. This ethnographic research is qualitative, it investigates four groups of children (aged 3 to 6 years) and their teachers; to do this, field records and interviews were used. We investigate the basis of the knowledge used by teachers to deal with conflicts and gender issues in childhood; the explanation of these differences are based on biology, genetics, and in the understanding of children gender identity as static and universal. The results point to existence of practices and strategies, for time and space organization, characterized by a heteronormativity discipline control, regulation and standardization of bodies and desires. This thesis figured out a pedagogic intention in the usage of sex as criteria for time and space control. However, despite the forms of control, the power of the teachers on girls and boys is not universal, neither one-way relationship; the process of socialization does not happen passively. Girls and boys find gaps in the management policy and, smartly, create strategies to achieve their desires and wills. Several factors as, for example, the different possibilities for collective participation in preschool, imagination, the freedom during the play time, easy sociability and desire for friendships, especially in times and spaces with less control of adults, creates a condition to get around the proposed structures, bypassing them, and always starting a new movement into transgression zones. The research also reveals that the preschool is an special place and time for found, facing and living with difference and diversity; the plenty of possibilities of production, reproduction and resistance to gender discrimination interact in a complex way, bringing us many education challenges. This research, aware of the importance of gender issues, claims that is immediately needed to include new rights of children in the public policies for early childhood education.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-20042010-135714 |
Date | 22 March 2010 |
Creators | Daniela Finco |
Contributors | Claudia Pereira Vianna, Anete Abramowicz, Ana Lucia Goulart de Faria, Patricia Dias Prado, Maria da Graca Jacintho Setton |
Publisher | Universidade de São Paulo, Educação, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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