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Considerações sobre o(s) tempo(s) na direção da análise

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2012 / Made available in DSpace on 2013-07-16T04:36:42Z (GMT). No. of bitstreams: 1
316855.pdf: 978595 bytes, checksum: 812af5b47258f3659689c98866618a45 (MD5) / A questão do tempo é abordada pelas mais diferentes disciplinas e das formas mais distintas. Tais desenvolvimentos, inclusive, nem sempre permitem uma articulação direta entre si. O tempo na psicanálise remete a particularidades, pois sua discussão está atrelada a conceitos fundamentais que constituem este campo. A presente dissertação toma o tempo na clínica psicanalítica, discorrendo sobre ele na direção da análise. Com a expressão, Lacan teve o intento de caracterizar, na década de 1950, os vários elementos que estão em jogo na cena analítica e que são de responsabilidade do analista e do analisante. Ele retoma o modo de trabalho dos psicanalistas da "Psicologia do Ego" e tece críticas diferenciando seu modo de trabalho, baseado no percurso teórico em que ele próprio denominou de retorno a Freud. O analista dirige a análise, não dirige o analisante. A direção da análise é o pano de fundo em que a questão tempo é discorrida neste trabalho. Parte-se da noção de perlaboração cunhada por Freud, em 1914, para nomear o trabalho que o analisante realiza na análise, caracterizando-se como a inserção do fator temporal na análise. Para que o sujeito integre uma interpretação é necessário tempo para que ele trabalhe frente às resistências. Ao desenvolver sua teoria do tempo lógico, Lacan, por sua vez, distingue três instâncias que o constituem: o instante de ver, o tempo para compreender e o momento de concluir. O tempo para compreender equivale à perlaboração freudiana, um tempo que se estende na análise, implica na duração dela e das sessões e impede que o fim da análise possa ser previsto. Percebe-se que Lacan ratifica o lugar dado por Freud à perlaboração, que se articula com o trabalho do simbólico, e em contrapartida desloca-a de seu lugar conceitual, remetendo a perlaboração (tempo para compreender) ao ato analítico, que através do momento de concluir considera o registro do real como elemento que remete a causa do sujeito, impondo, com isso, limite ao próprio simbólico. Portanto, o tempo na análise desenvolvido por Freud (a perlaboração) torna-se parte constituinte de outra estrutura temporal (tempo lógico) que testemunha um outro modo de se entender a clínica psicanalítica e os efeitos que nela podem ser produzidos.<br> / Résumé : La question du temps est abordée par différentes disciplines et de formes très distinctes. De tels développements ne permettent pas toujours une articulation directe entre eux. Le temps, en psychanalyse renvoie à des particularités, car sa dimension est liée à des concepts fondamentaux qui constituent ce champ. La présente dissertation considère le temps en clinique psychanalytique. Par cette expression, Lacan a tenté de caractériser, dans la décennie de 1950, les divers éléments qui sont en jeu sur la scène analytique et qui sont de la responsabilité de l´analyste et de l´analysant. Il reprend le mode de travail des psychanalystes de la « Psychologie de l´Ego » et tisse des critiques en différenciant son mode de travail, basé sur le parcours théorique qu´il a lui-même dénommé de retour à Freud. L´analyste dirige l´analyse, non l´analysant. La direction de l´analyse est la toile de fond dans laquelle la question temps est discutée dans ce travail. On part de la notion de perlaboration appuyée par Freud, en 1914, pour nommer le travail que l´analysant réalise en analyse et qui se caractérise par l´insertion du facteur temporel. Pour arriver à ce que le sujet intègre une interprétation et donc travaille ses résistances, il faut du temps. Quand Lacan développe sa théorie du temps logique, il distingue trois instances telles que : l´instant de voir, le temps pour comprendre et le moment de conclure. Le temps pour comprendre équivaut à la perlaboration freudienne, un temps qui s´étend en analyse et qui s´implique dans la durée et dans les séances et qui empêche la prévision de la fin de l´analyse. On perçoit que Lacan approuve la place donnée par Freud à la perlaboration, qui s´articule par le travail du symbolique. En échange, il la retire de sa position conceptuelle, la renvoyant à l´acte analytique qui, au moment de conclure considère le registre du réel comme l´élément qui renvoie à la cause du sujet, imposant donc une limite au propre symbolique. Par conséquent, le temps en analyse développé par Freud (la perlaboration) devient la partie constituante d´une autre structure temporelle (le temps logique) qui témoigne un autre mode de se comprendre la clinique psychanalytique et les effets qu´elle peut produire.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/103432
Date January 2012
CreatorsCruz, Josué Adilson
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Sousa, Fernando Aguiar Brito de
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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