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Oficina de TV, uma prática educomunicativa: estudo de caso de uma criança abrigada / Workshop, an educommunication proposal: the case study of an institutionalized child

De um lado está a educomunicação, um campo novo, da interface entre a educação e a comunicação, definido como sendo um campo de intervenção social e de atuação profissional; subdivide-se em áreas específicas de atuação, como a da educação para a mídia, constituída pelas reflexões da relação entre produtores, o processo produtivo, a recepção das mensagens e os programas de formação de receptores autônomos e críticos frente aos meios de comunicação. De outro, estão crianças que vivem em abrigos, entidades vistas comumente como lugares de exclusão para onde são levados crianças e adolescentes à espera de um incerto destino melhor, cuja condição de vida, tanto anterior quanto atual, pode implicar em prejuízos ao desenvolvimento. Neste trabalho, que se caracteriza como uma pesquisa em ação, buscou-se compreender as possibilidades de ganhos que a participação em uma oficina de TV pode trazer para crianças abrigadas através de um estudo de caso de uma menina de onze anos, que vive em um abrigo de uma cidade de porte médio do interior de São Paulo. Procurou-se identificar mudanças na condição de desenvolvimento desta criança, expressas no seu contexto de vida cotidiana, que poderiam ser consideradas possivelmente decorrentes da participação no projeto. Adotamos como referencial teórico-metodológico a Rede de Significações. A oficina foi realizada em 30 encontros, num total de 60 horas e seguiu alguns procedimentos como o aprender fazendo e a apresentação de conceitos teóricos a partir do contato direto dos participantes com os equipamentos e com a linguagem própria da televisão. O educador e o técnico do abrigo responsável pelo caso, professores e a mãe foram ouvidos antes da realização e após a implantação, visando fazer um levantamento da história e uma descrição da criança nos momentos específicos. A descrição inicial foi muito semelhante à existente na literatura sobre crianças abrigadas, especialmente no que se refere à auto-imagem negativa e ao desempenho escolar ruim. Após a participação na oficina, houve mudanças, em sentido positivo, no retrato da menina feito por essas pessoas. Compreendemos que essas diferenças possivelmente foram motivadas pela combinação da maneira com que dialogicamente se estabeleceram as interações dela com as pessoas com quem conviveu no período do projeto (incluindo-se a educomunicadora), aos papéis atribuídos a ela e à forma como ela os assumiu. Consideramos ainda que, o desenvolvimento do projeto permitiu visualizar o uso da câmera de vídeo para a educação para a mídia como um dispositivo de educação/desenvolvimento humano capaz de potencializar a experiência de vida das crianças ao quebrar a relação mítica com o objeto TV e auxiliar a percepção de recursos próprios, especialmente para crianças que ainda não dominam a leitura e a escrita. / On the one hand, there is educommunication, a new field in the interface between education and communication, defined as a field of social intervention and professional action. It is subdivided into specific action areas, such as education for the media, which is composed of reflections on the relationship among producers, productive process, reception of messages, and programs for educating autonomous and critical recipients for the media. On the other hand, there are children living in institutions, frequently seen as places of exclusion where children and adolescents are taken to wait for an uncertain better future. These institutionalized children\'s previous and current living conditions can affect their development. In this study, characterized as research in action, we have sought to understand the possible gains that participation in a TV workshop could bring to institutionalized children. By means of the case study of an 11-year-old girl who lives in an institution in a medium-sized town in the inland region of the State of São Paulo, we tried to identify changes in her development condition, expressed in her daily life, which could be considered as derived from participation in the project. We adopted the \"Network of Meanings\" as a theoretical-methodological framework. The workshop was conducted in 30 meetings, totaling 60 hours, and followed some procedures, such as learning-by-doing and presentation of theoretical concepts to participants in direct contact with equipment and the language of television. The educator and the institution technician in charge of the case, teachers, and the girl\'s mother were heard before and after the workshop, aiming at collecting information on the girl\'s history and describing her in specific moments. The initial description of this child was very similar to that existing in the literature on institutionalized children, especially concerning negative self-image and bad school performance. After the workshop, there were positive changes in the description these people made of the girl. We understand such changes as possibly motivated by a combination of the way how interactions were dialogically established between the girl and the people with whom she interacted during the project (including the educommunicator), the roles attributed to her, and how she managed them. We also believe that the project development allowed us to see the use of the video camera in education for the media as an education/human development device to improve children\'s experience of life by breaking their mythical relationship with the object TV and helping them to perceive their own resources, especially in the case of children who do not yet master reading and writing.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-09092008-082112
Date04 August 2008
CreatorsSommerhalder-Miike, Helenita
ContributorsCaldana, Regina Helena Lima
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeDissertação de Mestrado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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