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Análise da Incidência de Mutações no Gene HEXA na População Judaica Brasileira - Avaliação da Importância de um Programa Preventivo da Doença de Tay-Sachs / Frequency of HEXA mutations among the Brazilian Ashkenazi Jewish population - Evaluation of the importance of a screening program for Tay-Sachs disease

A doença de Tay-Sachs (DTS) é uma doença neurodegenerativa, de herança autossômica recessiva, que se manifesta a partir do sexto mês de vida. Crianças afetadas desenvolvem degeneração física e mental intensa, levando à morte até os 5 anos de idade. Não há atualmente cura ou tratamento disponível. Na população judaica, 1 em cada 31 indivíduos é portador da DTS, e a incidência da doença (aproximadamente 1 em cada 4.000 nascimentos) é cerca de 100 vezes maior nesta do que em outras populações. O advento do diagnóstico pré-natal para a DTS e o concomitante desenvolvimento de programas de detecção e orientação de heterozigotos da DTS em populações de judeus Ashkenazitas, iniciados em massa desde 1970, levaram a uma diminuição de 90% da incidência da doença nesta população. Estes programas são realizados em Israel, EUA e no Canadá, na população francocanadense. Três mutações no gene HEXA, codificador da sub-unidade ? da enzima hexosaminidase A, são responsáveis por 98% dos casos da DTS na população judaica Ashkenazita. Esse fato possibilita a utilização de um teste de DNA para a identificação de portadores da DTS nesta população. Segundo o censo do IBGE de 1991, a população judaica no Brasil é de 86.416 indivíduos. Este trabalho visou analisar a necessidade e a aceitação de um programa de detecção e orientação de portadores da DTS nesta população. Em particular, procurou-se (1) estabelecer a freqüência das 3 principais mutações causadoras da DTS na população judaica brasileira; (2) avaliar a reação de indivíduos desta população à proposta de um programa de triagem de portadores da DTS, com o objetivo de orientação para casais em risco de terem crianças afetadas. Este estudo foi realizado em escolas judaicas de ensino médio, em São Paulo e no Rio de Janeiro, seguindo o modelo canadense. Dentre 581 alunos (>=16 anos) que assistiram palestras informativas, 404 participaram da pesquisa, indicando uma taxa de participação de 70%. De acordo com os dados dos formulários de consentimento, aproximadamente 65% dos cromossomos analisados eram de origem judaica Ashkenazita. A análise das 3 mutações comuns no gene HEXA nestes 404 indivíduos detectou 8 portadores da DTS (7 da mutação InsTATC1278 e 1 de IVS12+1). Assim, a freqüência de portadores na amostra foi de 1 em cada 51 indivíduos. Considerando somente os cromossomos de origem judaica Ashkenazita, nossos dados indicam que a freqüência de portadores da DTS na amostra é de 1 em cada 33 indivíduos. As freqüências encontradas são equivalentes àquelas descritas em outras populações judaicas (P>0,05). Baseando-se nestes dados, concluí-se que justifica-se a implementação de um programa de identificação e orientação de portadores da DTS na população judaica brasileira. A contemplação dos diversos aspectos éticos envolvidos são parte essencial deste programa. / Tay-Sachs disease (TSD) is an autossomal recessive disease of lysossome storage characterized by progressive nervous degeneration. Children affected by TSD manifest first symptoms around 6 months and die before 5 years of age. TSD is caused by mutations in the HEXA gene, coding for the ? subunit of the hexosaminidase A enzyme. In the absence of the enzyme, its substrate, GM2 ganglioside, accumulates in the neurons of the central nervous cortex. Late onset TSD (chronic form) is a rare variant phenotype with appearance of first symptoms during the second or third decade of life. In the Ashkenazi jewish population, 1 in every 31 individuals is a TSD carrier. The disease incidence (1 in every 4.000 newborns) is 100 times higher in this population. The advent of pre-natal diagnosis for TSD and the development of preventive screening programs massively adopted by Ashkenazi jewish populations led to a 90% decrease in the disease incidence in this group. Three mutations in the HEXA gene are responsible for 98% of the disease incidence in Ashkenazi jews. This lead to the establishment of a DNA test for detection of TSD carriers in this population. The brazilian Ashkenazi jewish populations is around 100.000 individuals. This work aimed to establish the need and the acceptance of a screening program for this population. Specifically, it established the frequency of the 3 most common TSD mutations in a sample of the brazilian jewish population and evaluated the reaction of the community to the offer of a preventive program. This work was undertaken in jewish senior high-school students, in São Paulo and Rio de Janeiro, following the canadian preventive model. From 581 students (>=16 years old) that attended educational sessions, 404 volunteered to the test, indicating a 70% participation rate. According to the data of the consent form, approximately 65% of the chromosomes were associated to Ashkenazi jewish ancestry. The molecular analysis of the 3 most common mutations in the HEXA gene from the 404 participants detected 8 carriers (7 of InsTATC1278 and 1 of IVS12+1), thus indicating a carrier frequency of 1/51. In the Ashkenazi fraction, the estimated carrier frequency is 1 in 33 individuals. Both frequencies are similar to those described for other jewish communities (P>0,05). Based in this findings, it was concluded that the implementation of a screening program for TSD in the brazilian jewish population is feasible. The ethical aspects involved are an essential part of such a program.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-07112012-085347
Date19 December 2000
CreatorsRoberto Rozenberg
ContributorsLygia da Veiga Pereira Carramaschi, Henrique Krieger, Carlos Alberto Moreira Filho
PublisherUniversidade de São Paulo, Ciências Biológicas (Biologia Genética), USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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