Orientador: Luci Banks-Leite / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação / Made available in DSpace on 2018-08-14T13:12:27Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2009 / Resumo: Neste trabalho realizamos uma reflexão teórica acerca de um modo de acontecer da linguagem que, embora amplamente investigado no processo de aquisição da primeira língua, tem recebido pouca atenção no campo de ensino de Línguas Estrangeiras, a saber, a fala egocêntrica ou fala privada (como é denominada em nosso campo por pesquisadores inseridos na perspectiva histórico-cultural). Partindo das discussões de Vygotsky acerca da fala egocêntrica e da linguagem interior, ampliamos nosso foco com base nos trabalhos do Círculo de Bakhtin, buscando redimensionar a compreensão da fala privada. A maioria dos trabalhos em nossa área concebe a fala dirigida ao próprio sujeito como monológica e mantém a dicotomia interno/externo, social/privado. A fala privada tem sido, pois, considerada como a fala estritamente dirigida ao próprio sujeito, não possuindo um interlocutor. Porém, tomando por base a indistinção entre interno e externo e concebendo linguagem enquanto atividade significante, processo, ação, e considerando a não-unicidade do sujeito falante, sua fundante heterogeneidade e dialogicidade, a fala privada revela-se muito mais rica e complexa. Consideramos a fala privada como um indício da atividade que ocorre no âmbito do discurso interior (que sempre pressupõe um interlocutor), não indicando apenas a internalização da linguagem ou sua função auto-reguladora como tem sido o foco principal de muitas pesquisas. Nossos dados, coletados durante interações em sala de aula de língua inglesa com um grupo particular de três jovens universitários, demonstram a plurifuncionalidade dessa fala e evidenciam que pode estar mesclada à fala dirigida ao outro presente na interação. Indicam também sua natureza essencialmente dialógica e argumentativa (sendo a argumentação aqui concebida como "agir sobre o outro"). Verificamos um denso diálogo entre palavras, enunciados, contextos; confrontos de vozes e posições (avaliativo-valorativas, sociais, enunciativas), indicando a intensa movimentação e interlocução que ocorrem nessa fala muitas vezes ignorada em sala de aula ou até mesmo silenciada. Ela nos dá pistas do trabalho realizado pelos alunos/linguagem no processo de constituição de conhecimento e revela uma outra 'dimensão' da dinâmica discursiva de sala de aula que, embora muitas vezes permaneça inaudível, dela também participa e na qual muitas outras vozes falam. Desta forma, os interlocutores ampliam-se para além daqueles presentes na interação (ou mesmo presentes nos materiais utilizados) e podemos ter um vislumbre dos destinatários interiores de nossos alunos. A fala privada também indica os modos de apropriação do discurso do outro (pelas retomadas, tentativas, prosódia, escrita, gestualidade, confrontos, conflitos); a compreensão ativa da palavra do outro (que sempre implica em nossas contrapalavras no discurso interior); a linguagem como atividade, trabalho; a linguagem como atividade dialógica, discursiva. No entanto, toda a riqueza desse modo de realização da linguagem só pode ser compreendido se não o isolarmos e o 'congelarmos', mas sim, se o concebermos como um evento fluido, participante, acontecente, imbricado na/da dinâmica discursiva em sala de aula, aonde a linguagem é transformada, criada, aonde significados/sentidos são produzidos. / Abstract: This thesis is the result of a theoretical reflection upon a manner of language realization that, despite being amply investigated in the process of first language acquisition, has not received much attention in the field of second (or foreign) language acquisition (SLA), namely egocentric speech or private speech (term used by researches under the culturalhistorical tradition). Following Vygotsky's discussion on egocentric and inner speech, we have broadened our scope based on the bakhtinian concept of language and the Circle of Bakhtin's reflections on inner discourse, trying to re-dimension the concept of private speech. Most of the work done in the field of SLA conceives private speech as monological and maintains the internal/external, social/private dichotomies. Private speech has thus, being considered as speech strictly directed towards oneself, not having an interlocutor. However, assuming the indistinctiveness of internal and external, and conceiving language as a significant activity, as process, as action and the heterogeneity and dialogicality inherent to language and the speaker, private speech reveals itself as much richer and much more complex. In this line of thought, we consider private speech as traces, vestige, of the activity that occurs in the realm of inner discourse (which always presupposes na interlocutor), indicating not only the internalization of language or the role of language in self-regulation, which has been the main focus of several researchers. Our data, collected during classroom interactions in a private English course for a group of three university students, shows the multiplicity of functions of private speech and how it can often be intertwined with the speech directed at others individuals present in the interaction. Data also indicates its essentially dialogical and argumentative nature (being the argumentation herein considered as 'acting upon the other'. We have observed a dense dialogue amongst words, utterances, contexts; a confrontation of voices and positions (evaluationalvalorative, social, enunciative), indicating the intense movement and interlocution that occur in this speech commonly ignored - or even silenced - in the classroom. It gives us clues as to the work performed by the students/language in the process of knowledge constitution and reveals another 'dimension' of the discursive dynamics in the classroom that, even though often inaudible, also participates and in which several other voices can be heard. Therefore, the scope of interlocutors is broadened, including not only those who are present in the interaction (or in the resources used in the classroom) and we can get a glimpse of the inner destinataires of our students. Private speech also indicates how students appropriate the discourse of the other (by 'repeating', trying out, interpreting, establishing relations with personal/social experiences, writing, by the prosody, gestures, confrontations, conflicts). It indicates the active comprehension of the other's word (which always implies in our response in inner discourse); language as activity, work; language as a dialogical, discursive activity. However, all the richness of this mode of language realization can only be understood if we do not isolate or 'freeze' it, but if we conceive it as a fluid event, enmeshed in the discursive dynamics in the classroom, where language is transformed, created, where meanings/senses are produced (and not reproduced). / Doutorado / Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte / Doutor em Educação
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/251696 |
Date | 14 August 2018 |
Creators | Quast, Karin |
Contributors | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Banks-Leite, Luci, 1944-, Leite, Luci Banks, 1944-, Goulart, Cecilia Maria Aldigueri, Grigoletto, Marisa, Braga, Denise Bértoli, Smolka, Ana Luiza Bustamante |
Publisher | [s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | 298 p., application/pdf |
Source | reponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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