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A singularidade do erro ortográfico e os efeitos do funcionamento da língua

O trabalho que aqui nos propusemos realizar tem como objetivo a análise de erros de
escrita que apresentam um caráter singular, estatisticamente irrelevante, colocando em
suspenso uma noção de língua enquanto uma ordem homogênea, estabilizada e constituída de
fenômenos regulares. Chamamos esses erros de erros ortográficos singulares e analisamos
aqueles presentes em 10 textos produzidos por alunos da 4º série do Ensino Fundamental de
uma rede pública de Alagoas, em um teste de Português elaborado pelo Núcleo de Avaliação
e Pesquisa Educacional da Universidade Federal de Pernambuco (NAPE-UFPE), no ano de
1997. O corpus é formado por 229 textos e, atualmente, pertence ao banco de dados do
Projeto Integrado Práticas de Textualização na Escola , coordenado pelo professor Eduardo
Calil, do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas (CEDU-UFAL).
De um ponto de vista diferenciado da noção psicológica de desenvolvimento tentamos
mostrar como a singularidade desses erros aponta para um funcionamento que difere daquele
suposto pelas habilidades cognitivas, na medida em que indicia uma ordem própria que
escapa ao domínio do sujeito e que não mantém total relação entre o sistema de formas
escritas e o sistema oral. Um funcionamento pautado na noção saussureana de valor
lingüístico marcado pelas relações de diferença que mantém os significantes com outros
significantes da língua, enquanto uma ordem simbólica habitada por uma subjetividade,
operada pelos processos metafóricos e metonímicos (Jakobson 1966; Milner 1987; Lemos
1992).
Assim, quando tomamos para análise os erros ortográficos singulares quisemos, na
verdade, mostrar que o funcionamento lingüístico que rege o sistema ortográfico possui uma
autonomia que nos obriga a relativizar as categorizações. Pela estrutura desse sistema, as
ocorrências singulares não podem simplesmente ser descartadas ou consideradas irrelevantes
para o processo de aquisição porque não são estatisticamente significativas. Elas estão
inscritas num funcionamento próprio do sistema ortográfico e não podem ser apagadas pela
busca do regular, do estabilizado, do categorizável. Elas nos revelam um sujeito sob os efeitos
de um funcionamento de ordem lingüística.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.repositorio.ufal.br:riufal/526
Date16 May 2005
CreatorsLopes, Adna de Almeida
ContributorsOliveira, Eduardo Calil de, http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4784169T3, Soto, Eva Ucy, http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4784062Z0&dataRevisao=null, Lima, Maria Hozanete Alves de, http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4703058Z7, Moura, Maria Denilda, http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787964P1, Felipeto, Cristina, http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4777190H1
PublisherUniversidade Federal de Alagoas, BR, Linguística; Literatura Brasileira, Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, UFAL
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFAL, instname:Universidade Federal de Alagoas, instacron:UFAL
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess
Relationbitstream:http://www.repositorio.ufal.br:8080/bitstream/riufal/526/1/AdnaAlmeidaLopes_Cap6.pdf, bitstream:http://www.repositorio.ufal.br:8080/bitstream/riufal/526/2/AdnaAlmeidaLopes_Cap6.pdf.txt

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