Trata-se de realizar uma articulação entre as imagens construídas pelo romance Doutor Fausto, de Thomas Mann, e o quadro teórico elaborado pela Escola de Frankfurt, a fim de compor uma interpretação filosoficamente investida do romance e alcançar uma melhor compreensão das ideias da Teoria Crítica. A vida do compositor Adrian Leverkühn, o Fausto de Mann, é narrada pelo amigo e biógrafo Serenus Zeitblom, e essa narrativa revela a identidade fundamental entre o músico e a Alemanha, aproximando suas características e histórias. Nossa abordagem tematiza especialmente a questão da salvação ou condenação da alma do pactário, tratando de matizar essas possibilidades na obra. Elaboramos uma noção de mito comum ao romance e àquele quadro teórico frankfurtiano, apontando sua força de estruturação totalizante, bem como sua inserção em uma dinâmica dialética. A seguir, propomos considerar que todos os elementos do romance que repõe a mitificação apontariam para a condenação do Fausto, enquanto, inversamente, os aspectos da obra que revelam os limites ou se contrapõem à força do mito anunciariam a possibilidade de salvação do pactário. A noção de sofrimento é especialmente importante, pois comparece em ambas as perspectivas. Isso quer dizer que o sofrimento pode ser interpretado tanto como a evidenciação de um destino como se as dores e a infelicidade de Adrian Leverkühn antecipassem a condenação , quanto pode ser compreendido como um sintoma que denuncia o mito como se revelasse a inverdade do destino aparente e as possibilidades do devir. Finalmente, análise da música, um tema central no romance, também revela sua ambivalência, pois ela pode tanto ser a reposição do mito quanto uma crítica ao mundo mitificado. / This work articulates the images constructed by Thomas Manns novel Doctor Faustus with the theoretical framework developed by the Frankfurt School, in order to compose a philosophically invested interpretation of the novel, as well as achieve a better understanding of Critical Theorys ideas. The life of the composer Adrian Leverkühn, Manns Faustus, is narrated by his friend and biographer Serenus Zeitblom, and this narrative reveals the fundamental identity between the musician and Germany, relating their characteristics and histories. Our approach on the novel specially studies the questions of the salvation or the damnation of Fausts soul, trying to precise these possibilities within the work. We develop a notion of myth common to the novel and to that frankfurtian theoretical framework, pointing its totalizing strength, as well as its insertion in a dialectical dynamic. Next, we propose to consider that all the novels elements that instigate the mythification would point to the condemnation of Faust, while, conversely, the novels aspects that reveal the limits of the myth or contradict it would announce the possibility of the mans salvation. The notion of suffering is especially important, as it appears in both perspectives. This means that suffering can be interpreted both as the disclosure of fate as if Adrians pain and sadness would anticipate the condemnation as can be understood as a symptom that denounces the myth as if it would reveal the lie of the apparent destination and the possibilities of future. Finally, the inquire on músic, a central theme of the novel, also reveals its ambivalente, for it can either strengthen the myth, as it can exercise a critic of the mythologized world.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-19112015-154808 |
Date | 24 July 2015 |
Creators | Ramos, Diego Rogério |
Contributors | Matos, Olgaria Chain Feres |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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