Porto Alegre foi uma das doze cidades-sedes da Copa do Mundo FIFA 2014. À época da sua candidatura e durante o preparo do evento, muito se divulgou acerca dos prováveis legados que a realização deste megaevento deixaria como retorno à cidade e seus habitantes. Diante disso, passados dois anos do fim da Copa, quisemos avaliar e descrever quais foram os principais impactos que sediar a Copa do Mundo deixou à Porto Alegre e seus (suas) habitantes no âmbito socioeconômico. Para cumprir com tal objetivo, fizemos um estudo de caso com enfoque qualitativo cuja coleta de dados deu-se através de pesquisa documental, entrevistas semiestruturadas, observações e registros de campo. Para compreender como se dá a realização de um megaevento, fizemos um histórico de como os megaeventos surgiram, se desenvolveram e se firmaram partindo de sua base esportiva e de sua base dentro da sociedade capitalista e globalizada. Também refizemos o caminho histórico percorrido pelas cidades em busca da reestruturação urbana – propiciada pelos megaeventos. Ao analisar os dados, elencamos duas categorias relacionadas ao âmbito social (reestruturação urbana e política/legislação) as quais subdividiram-se em: moradia e especulação imobiliária, garantias à FIFA e legislação, mobilidade urbana e segurança e violência. Percebemos que as obras de mobilidade privilegiaram veículos motorizados individuais e interesses de empreiteiras. As remoções realizadas em nome da Copa do Mundo são (ainda) um ponto de resistência de inúmeras famílias e comunidades – as quais não suportam mais a violação ao seu direto de moradia. A polícia comprou inúmeras armas e munições para conseguir proteger a Copa – e não as pessoas. Com relação à legislação, criou-se no Brasil um estado de exceção, sob qual a FIFA e seus interesses foram soberanos. O dinheiro utilizado para as obras da Copa teve sua origem no fundo público, ao contrário do prometido inicialmente. O custo final apresentou uma redução em relação ao custo inicial, porém isso deveu-se apenas à retirada de inúmeras obras (de mobilidade, na maioria) que não ficariam prontas dentro do prazo. Tivemos a FIFA, as grandes empreiteiras, políticos e a iniciativa privada como vencedores da Copa – e o legado à população de Porto Alegre ficou esquecido diante de tantos processos de corrupção e lavagem de dinheiro que os grandes ligados à Copa se envolveram. / Porto Alegre was one of the twelve host cities of the 2014 FIFA World Cup. At the time of its candidacy and during the preparation of the event, much was announced about the probable legacies that the accomplishment of this mega event would leave as a return to the city and its inhabitants. In view of this, two years after the end of the World Cup, we wanted to evaluate and describe the main impacts that hosting the World Cup left to Porto Alegre and its inhabitants in the socioeconomic context. To accomplish this goal, we conducted a case study with a qualitative approach which data collection took place through documentary research, semi-structured interviews, observations and field records. To understand how a mega event takes place, we made a history of how megaevents have emerged, developed and established themselves in sports within the capitalist and globalized society. Also, we make the historic path taken by cities in search of urban restructuring - propitiated by mega-events. In analyzing the data, we have listed two categories related to social scope (urban restructuring and politics / legislation) which were subdivided into: housing and real estate speculation, guarantees to FIFA and legislation, urban mobility and security and violence. It becomes evident that the mobility projects favored individual motor vehicles and the contractors. The removals made in the name of the World Cup are (still) a point of resistance of countless families and communities - which no longer support the violation of their housing right. The police bought numerous weapons and ammunition to protect the World Cup event- not the people. With regard to legislation, a state of exception was created in Brazil, under which FIFA and its interests were sovereign. The money used for the infrastructure works of the Cup had its origin in the public fund, contrary to the one promised initially. The final cost was reduced compared to the initial cost, but this was only due to the withdrawal of numerous infrastructure works (mostly for mobility) that would not be ready on time. We had FIFA, big contractors, politicians and private initiative as winners of the World Cup - and the legacy of the population of Porto Alegre was forgotten in face of so many corruption and money laundering scandals that the big Cup entrants got involved.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/163913 |
Date | January 2017 |
Creators | Borin, Tatiana |
Contributors | Reppold Filho, Alberto Reinaldo |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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