A relação entre a paisagem e a distribuição da ocorrência e abundância das espécies no espaço é uma das questões centrais em ecologia, com importantes aplicações diretas em tempos de intenso uso da terra e mudanças climáticas por atividades humanas. Contudo, para inferirmos sobre essas relações, temos que descrever a paisagem da forma mais próxima possível de como as espécies realmente a percebem. Uma paisagem pode ser descrita em diferentes níveis hierárquicos de organização do ambiente (e.g. quantidade de um mineral no solo, número de plantas em uma parcela, área de cobertura de floresta...), e cada nível pode ser descrito em diferentes escalas (resolução e extensão de descrição). Os níveis e escalas com maior poder de previsão da ocorrência/abundância de uma espécie são chamados de nível de efeito e escala (extensão) de efeito. Nesta tese, utilizo armadilhas fotográficas e modelos hierárquicos para avaliar relações entre a paisagem e espécies de mamíferos e aves. Meus objetivos são: (1) avaliar se existe relação entre nível e extensão de efeito para prever a abundância de espécies e a área de vida ou massa das mesmas; (2) investigar características do solo que possam ser determinantes da distribuição de mamíferos e aves que consumem solo (geofagia); e (3) a partir de ralações espécie-paisagem, estimar a distribuição da densidade de uma espécie, o veado-catingueiro, para diferentes datas. Não há suporte para que a área de vida ou a massa de uma espécie sejam relevantes para o nível ou extensão em que uma paisagem deva ser descrita a fim de prever a abundância de uma espécie. Isso implica na importância de se avaliar diferentes níveis e extensões de uma paisagem quando na busca por relações espécie-paisagem. Fatores locais, como a argila ou minerais do solo, podem ser importantes para algumas espécies. Descobri que o veado-mateiro e o caititu selecionam solos para consumo com base na quantidade e tipo de argila. O caititu também seleciona solos com base na concentração de microminerais, assim como a juriti-azul, a arara-azul-grande, o mutum, o aracuã e a pomba-galega. Uma descrição da paisagem em nível de composição do solo pode ser relevante para avaliar a distribuição destas e outras espécies. Relações espécie-paisagem podem ser usadas para prever a abundância de espécies no espaço. Estimei a densidade do veado-catingueiro em 1992 (2,07 ind/km2) e em 2011 (7,31 ind/km2), para uma região de pecuária extensiva no nordeste do Pantanal onde foi criada uma reserva em 1997. A densidade desta espécie aumentou 3,5 vezes entre 1992 e 2011, com o fim da pecuária no local. Investigações multinível e multiescala de relações espécie-paisagem ainda são incipientes, embora importantes aplicações destas relações já venham sendo feitas há décadas. / The relationship between the landscape and the distribution of species’ occurrence and abundance is one of the main questions in ecology, with important applications for the current period of intense land use and climate change. However, to infer about these relationships, we have to describe the landscape as closely as possible to how species actually realize it. We can describe landscapes at different hierarchical levels of the environment (e.g. mineral amount in soil, number of plants in a plot, forest cover area…), and each level can be described at different scales (resolution and extent). The best levels and scales to predict species’ occurrence/abundance are known as level of effect and scale (extent) of effect. In this PhD thesis, I use camera traps and hierarchical models to assess relationships between the landscape and mammals or birds. My goals are: (1) to evaluate possible relationships between the level and extent of effect to predict species’ abundance and species’ home range or mass; (2) to investigate soil features important to the distribution of mammals and birds engaged on geophagy (soil consumption); and (3) from species-landscape relations, to estimate the density of a species, the Gray Brocket in space for different dates. There is no support for species’ home range or mass as relevant traits related to the level and scale that a landscape should be described in order to predict species’ abundance. This highlight the importance of evaluating different levels and scales of a landscape when searching for species-landscape relationships. Local factors such as clay or minerals may be important for some species. I found that the Red Brocket and Collared Peccary select soils for consumption based on clay amount and type. The Collared Peccary also selects soil based on the concentration of trace minerals, as well as Blue Ground-dove, Hyacinth Macaw, Bare-faced Curassow, Chaco Chachalaca, and Pale-vented Pigeon. Describing the landscape at soil composition level may be important to evaluate the distribution of these and another species. Species-landscape relationships can be used to predict the abundance of species in space at different dates. I estimated the density of the Gray Brocket in 1992 (2.07 ind/km2) and 2011 (7.31 ind/km2), in a livestock region in northeastern Brazilian Pantanal where a reserve was established in 1997. Gray Brocket density increased 3.5 times between 1992 and 2011, after livestock ban. Multi-level and multi-scale approaches to investigate species-landscape relationships are still emerging, though important applications of such relationships have been done for decades.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/150709 |
Date | January 2016 |
Creators | Coelho, Igor Pfeifer |
Contributors | Oliveira, Luiz Flamarion Barbosa de |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0037 seconds