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Análise psicossocial da trabalhadora doméstica através das representações sociais do trabalho / Psychosocial analysis of domestic workers through social representations of work

O trabalho doméstico remunerado, apesar de pouco valorizado e permanecer na invisibilidade, é uma das modalidades de trabalho mais comuns entre as mulheres representando cerca de 17% da participação feminina na PEA. Encontra-se entre a formalidade, no que tange aos direitos estendidos a esta categoria, e a informalidade, quanto à relação profissional que as trabalhadoras domésticas estabelecem com as patroas. No Brasil, tem suas raízes no escravagismo e está atrelado à divisão sexual do trabalho que, sócio-historicamente, construiu a distinção entre os papéis de gênero, ficando a cargo da mulher a responsabilidade pelos cuidados da casa e da família. Além disso, sofre o atravessamento de questões de classe, pois as trabalhadoras domésticas são mulheres da massa urbana que cuidam da casa e da família para que as mulheres da camada social superior exerçam outras modalidades de trabalho remunerado. Portanto, instala-se a bipolaridade quanto ao trabalho feminino, isto é, por um lado verifica-se um aumento da participação no mercado de trabalho e a inserção em profissões de nível superior de prestígio e, por outro, há forte presença em trabalhos precarizados e de pouca valorização social como a responsabilidade pelos afazeres domésticos e o trabalho doméstico assalariado, herdeiros do escravagismo, num coorte de raça, gênero e classe social claramente definido. Os objetivos principais desta pesquisa foram reconstruir a história do trabalho doméstico localizada dentro do processo de construção sócio-histórica do trabalho e compreender suas representações sociais a partir do relato de cinco trabalhadoras domésticas obtido através de entrevistas semi-estruturadas analisadas pelo método de associação de idéias. Os resultados centrais indicaram que a configuração desta relação inerente ao trabalho doméstico, torna esta atividade mais próxima da servidão: a trabalhadora doméstica está isolada, suas humilhações não estão compartilhadas, está diretamente submetida à patroa por conta de uma relação assimétrica e não formalizada de poder que não deixa claro quais seriam as regras do contrato de trabalho, permitindo abusos e fraudes de ambas as partes. Conclui-se que o trabalho doméstico é uma modalidade de trabalho remunerado que faz transparecer o lugar e o papel social da mulher na sociedade brasileira atravessada pelas questões de raça, gênero e classe, e que apresenta uma ambigüidade às trabalhadoras domésticas e às suas patroas. Em relação às patroas, elas se libertaram parcialmente do papel de responsáveis pelos afazeres domésticos (questão de gênero), mas contratam outras mulheres de uma camada social inferior (questão de classe) para executarem esse trabalho, reforçando o papel social do qual estão, gradativamente, se emancipando. No tocante às trabalhadoras domésticas, seu trabalho permite uma renda e certa independência financeira, indicando uma relativa emancipação, entretanto reproduz o lugar de responsável pelos afazeres domésticos (questão de gênero) e submetida a relações informais que remeteriam às raízes escravagistas desta modalidade de trabalho (questão de raça) estabelecidas por suas patroas, que se emanciparam destas atribuições (questão de classe). Vale salientar que o trabalho doméstico é uma dentre tantas outras possibilidades para o grupo de trabalhadores da massa urbana, que tem seu trabalho marcado, em geral, pela precarização e pela informalidade. / The paid domestic work, although somewhat not valued and invisible, is one of the most common ways of work among women, representing about 17% of female participation in the Economically Active Population. It can be find among the formality, in regard to the rights of this category; and informality, by the professional relationship that the domestic workers lay with the employers. In Brazil, has its roots in slavery and is linked to the sexual division of labor which defined the distinction between the roles of gender, attributing to the wife the responsibility for the care of home and family. Moreover, there are issues of class, because the domestic workers are women of the urban mass that take care of home and family so that women of higher social layer perform other types of paid work. So, a bipolarity of the women working is installed. On one hand, there is an increase in labor market participation and inclusion in professions of higher level. And, on the other hand, there is a strong presence in precarious work and socially bad evaluated as the responsibility for domestic activities and the paid domestic work, heirs of slavery, in a clearly defined cohort of race, gender and social class. The main objectives of this research were: the reconstruction of the domestic work history; and the understanding of its social representations from the reporting of five domestic workers obtained through semi-structured analyzed by the method of the association of ideas. The main findings indicated that the way that the domestic work is built makes this activity more closer of the slavery: the domestic worker is isolated, their humiliations are not shared, she is directly submitted to the boss, which establishes an asymmetrical and not formalized relationship of power that leaves not clear what are the rules of the employment contract, allowing abuses and fraud on both sides. As a conclusion, the domestic work is a form of paid work that makes clear the place and social role of women in Brazilian society crossed by issues of race, gender and class, and it presents an ambiguity for the domestic workers and their employers. The employers are partially released of responsibility of the domestics tasks (issues of gender), but hire other women of a lower social layer (issues of social class) to perform such work, reinforcing the social role from which they are gradually being emancipated. With regard to domestic workers, their work allows for certain income and financial independence, indicating a partial emancipation, however they continue to have the responsibility by the domestic tasks (issues of gender) and to be submitted to informal relationships by their employers emancipated of these tasks (issues of social class), what are related to the roots of slavery of this modality of work (issues of race). It is important to say that domestic work is one among many other work possibilities for the group of employees of the urban mass, which, in general, have their work marked by precariousness and informality.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-17122009-104707
Date20 May 2009
CreatorsLivia Midori Okino Yoshikai
ContributorsMarcelo Afonso Ribeiro, Fabio de Oliveira, Leny Sato
PublisherUniversidade de São Paulo, Psicologia Social, USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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