Introdução: Déficits de altura-para-idade (DAI) descrevem falhas no crescimento da criança e estão associados a condições de saúde e socioeconômicas. Evidências sugerem que intervenções durante os primeiros 1000 dias de vida são mais efetivas para reduzir a carga global de DAI. Entretanto, há evidências de recuperação do DAI após este período, fenômeno chamado de catch-up growth (CUG). O CUG descreve um rápido crescimento linear que permite o indivíduo acelerar para e, em condições favoráveis, voltar a sua curva de crescimento pré-doença. Contudo, não há uniformidade na definição operacional de CUG e existem divergências acerca do melhor mensurador do CUG, fator decisivo nas conclusões sobre o tema. Objetivos: Analisar evidências de crescimento acelerado entre crianças e adolescentes de populações multiétnicas utilizando distintas formas de mensuração e caracterizar aspectos epidemiológicos do CUG. Métodos: Utilizaram-se bases de dados de populações multiétnicas. Medidas de altura foram convertidas em escore-z a partir do padrão e referência OMS (2006/07). O CUG foi avaliado pelo escore-z altura-para-idade (HAZ) e pela diferença altura-para-idade (HAD), em centímetros, por meio da variação destes índices e pela canalização do crescimento, utilizando três valores de amplitude de canal (0,67, 0,75 e 0,86 desvio-padrão), assim como pela recuperação do DAI inicial. Os efeitos dos fatores associados ao crescimento sobre o CUG foram estimados em modelos de regressão de Poisson e análise multinível. Entre as variáveis independentes configuraram características socioeconômicas, maternas e da criança e variável contextual indicando o nível de desenvolvimento do país. Resultados: Nas coortes Young Lives e nas Filipinas o HAZ declinou nas idades iniciais e aumentou até o último seguimento. O HAD, contudo, indicou aumento do déficit de altura até o último acompanhamento. Em São Paulo e na Grã-Bretanha ambos índices apresentaram incremento entre os períodos inicial e final, indicando melhoria do estado nutricional. Houve desigualdade de ambos indicadores entre os estratos socioeconômicos. Maiores prevalências de DAI ocorreram nos países menos desenvolvidos, em áreas rurais, em domicílios sem acesso a saneamento e em indivíduos com baixo peso ao nascer, episódios de diarreia na infância e cujas mães possuíam baixa estatura e menor escolaridade; houve relação dose-resposta com o quinto de renda. Houve substancial recuperação do DAI em todos países, com maiores taxas nos mais desenvolvidos. A incidência de CUG a cada cinco anos variou de 7,9% a 15,4% entre 1 e 12 anos de idade e foi 1% nas Filipinas entre 0 e 19 anos. Em todos os estudos, o grupo com DAI inicial obteve as maiores incidências. A maior parte dos indivíduos que se recuperaram do DAI inicial apresentaram crescimento acelerado considerando os três limites de canalização. O número de eventos de CUG durante a trajetória de crescimento foi o principal determinante da ocorrência de CUG final e recuperação do DAI, bem como o grau de DAI inicial e o estrato socioeconômico. Os efeitos randômicos sobre estes desfechos variaram em torno de 9%. Conclusões: Os resultados indicam potencial para o CUG e recuperação do DAI. O uso de distintos mensuradores levou a interpretações divergentes acerca da ocorrência de CUG. / Introduction: Height-for-age déficits (stunting) describe failures in child growth and are associated with health and socioeconomic conditions. Evidence suggests that interventions during the first 1000 days of life are more effective in reducing the overall burden of stunting. However, there is evidence of recovery of stunting after this period, a phenomenon called catch-up growth (CUG). CUG describes a rapid linear growth that allows the individual to accelerate to and, under favorable conditions, return to their pre-disease growth curve. However, there is no uniformity in the operational definition of CUG and there are disagreements about the best CUG measurer, a decisive factor in the conclusions about the subject. Objectives: To analyze evidence of accelerated growth among children and adolescents of multiethnic populations using different forms of measurement and to characterize the epidemiological aspects of CUG. Methods: Databases of multiethnic populations were used. Height measurements were converted to z-score from the WHO standard and reference (2006/07). The CUG was evaluated by height-for-age z-score (HAZ) and height-for-age difference (HAD), in centimeters, by variation of these indices and by canalisation of growth, using three values of amplitude (0.67, 0.75 and 0.86 standard deviation), as well as by recovery of the initial stunting. The effects of growth-related factors on CUG were estimated in Poisson regression models and multilevel analysis. Among the independent variables configured socioeconomic, maternal and child characteristics and a contextual variable indicating the level of development of the country. Results: In the Young Lives Cohorts and in the Philippines HAZ declined in the early ages and increased until the last follow-up. HAD, however, indicated an increase in height deficit until the last follow up. In São Paulo and Great Britain, both indexes showed an increase between the initial and final periods, indicating an improvement in nutritional status. There was inequality of both indicators among the socioeconomic strata. Higher prevalence of stunting occurred in less developed countries, in rural areas, in households without access to sanitation, and in individuals with low birth weight, episodes of childhood diarrhea and whose mothers had short stature and lower schooling; there was a dose-response relationship with the income. There was a substantial recovery of stunting in all countries, with higher rates in the most developed. The incidence of CUG every five years ranged from 7.9% to 15.4% between 1 and 12 years of age and was 1% in the Philippines between 0 and 19 years. In all studies, the group with initial stunting had the highest incidence. Most of the individuals who recovered from the initial stunting presented accelerated growth considering the three canalisation limits. The number of CUG events during the growth trajectory was the main determinant of the occurrence of final CUG and recovery of the stunting, as well as the degree of initial stunting and the socioeconomic stratum. The random effects on these outcomes varied around 9%. Conclusions: The results indicate potential for CUG and recovery of stunting. The use of different measurers led to divergent interpretations regarding the occurrence of CUG.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-17102018-123527 |
Date | 10 October 2018 |
Creators | Caroline de Oliveira Gallo |
Contributors | Wolney Lisbôa Conde, Alicia Matijasevich Manitto, Christian Loret de Mola Zanatti |
Publisher | Universidade de São Paulo, Nutrição em Saúde Pública, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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