O objetivo desta dissertação é o de investigar as disputas pelo poder subjacentes no texto literário do autor cherokee/canadense Thomas King, mais especificamente em seu romance publicado em 1993 intitulado Green Grass, Running Water. Serão destacadas as estratégias performáticas empregadas na desconstrução de representações opressivas de nativo-americanos por discursos ocidentais que compõem um complexo campo de batalha onde vozes em conflito disputam por direitos discursivos nas relações de poder. Se por um lado temos a tradição epistemológica positivista/cartesiana que trabalha há cinco séculos no sentido de exercer controle sobre as representações simbólicas dos nativo-americanos, a fim de que poder executivo e discursivo possa ser exercido sobre eles, por outro lado temos que Thomas King proporciona ao leitor o acesso a uma estrutura cíclica, não hierarquizada da narrativa e do epistêmio nativo-americanos. Esta investigação irá apontar os momentos de conflito entre essas vozes e analisará uma potencial interpretação democrática, de terceira via para esses encontros aparentemente binários. Espera-se ser possível indicar que Green Grass, Running Water propicia um privilegiado campo simbólico para que conflitos culturais e epistemológicos possam ocorrer e ser resolvidos com alguma espécie de resolução positiva em relação ao aspecto frequentemente belicoso dos engajamentos nativos e ocidentais. Para tanto, investigaremos a tradição bíblica e judaico-cristã de hierarquização e como o processo de nomeação de indivíduos e categorias permite que ocorra uma relação de dominação. Discutiremos a estrutura organizacional das comunidades, baseando-nos nas proposições de Zygmunt Bauman, com o intuito de averiguar de que forma o texto literário lida com questões como o pertencimento a grupos que possuem critérios subjetivos de aceitação, permitindo-nos responder se tais critérios permitem uma opção de filiação ou se representam uma demanda coletiva opressiva sobre o indivíduo. Uma análise dos discursos científicos de verdade também será feita, contrastando-os com a construção mítica coletiva das narrativas nativo-americanas como construções alternativas de verdade. Finalmente, teremos um capítulo sobre o poder narrativo da fotografia (mídia presente no romance em diversos momentos), no qual os usos da câmera serão descritos e analisados em seus potenciais de malícia e de narração distorcida. / The aim of this paper is to investigate the power struggles underlying the literary text of Canadian/Cherokee author Thomas King in the novel Green Grass, Running Water, published in 1993. We will highlight the performative strategies employed in the deconstruction of oppressive representations of the Native American by Western discursive and mediatic voices. The novel offers an interweaved narrative of Native and Western cultural materials that, together, will compose a complex battlefield of contentious voices that, ultimately, weigh on the balance of power relations to claim discursive rights. On the one hand, we have the epistemological tradition of a Positivist/Cartesian logic that has been working for five centuries to hold sway over the symbolic representations of the Native Americans in order to exert executive and discursive power over them; on the other hand, Thomas King provides the reader a glimpse of the cyclical, non-hierarchized structure of Native narrative and episteme. This investigation will point out the moments of conflict between these two voices and attempt to elaborate on the potential democratic/third-way interpretation of these seemingly binary encounters. We hope to be able to indicate that Green Grass, Running Water provides a privileged symbolic battleground for cultural and epistemological clashes to occur and be settled with some sort of positive resolution to the long-lasting contentious nature of Native and Western engagements. In order to accomplish that, we will delve into the biblical and Judeo-Christian tradition of hierachization and how the process of naming of individuals and categories allows for domination to occur. We will elaborate on the structural organization of communities, based on the propositions of Zygmunt Bauman, in order to assess how the literary text handles issues such as belonging to groups that have subjective criteria for acceptance, aiming at answering whether these criteria allow for an option of membership or if they pose as oppressive collective demands over the individual. An analysis of the scientific discourses of truth will also be provided, contrasting them with the collective mythmaking of Native American narratives as alternative constructors of truths. Finally, we will have a chapter on the narrative power of photography (a medium present in the novel at various moments), in which the uses of the camera are described and analyzed in their guileful and (mis)narrating potentials.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/28206 |
Date | January 2010 |
Creators | Scholles, Carlos Eduardo Meneghetti |
Contributors | Garcia, Rosalia Angelita Neumann |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | English |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.002 seconds