Dans ce travail, qui s'inscrit dans la tradition méthologique de l'Ecole française d'Analyse de Discours (AD), nous examinons certains processus de légitimation de pratiques político-discursives au Brésil, au cours de la période comprise entre la Première République, c'est-à-dire entre 1889 et 1930. Les analyses s'articulent en deux blocs (I, II A et II B), chaque bloc discursif se constituant autour de savoirs identifiés à des formations discursives (FD) distinctes: a) au bloc I se rattachent des savoirs propres à la FD anarchiste russe (FDAR); le bloc II, section A, réunit des savoirs propres à la FD anarchico-syndicaliste brésilienne (FDAB) et dans le bloc II, section B, s'articulent des savoirs de la FD anarchico-syndicaliste (FDAB), et plus spécifiquement. Dans cette optique, nous faisons la distinction entre divers concepts qui permettent d'observer des relations d'antagonisme et de contradiction. Ainsi, nous avons recours au concept d'interdiscours, lieu où les énoncés s'articulent entre eux, et décrivons les différentes formes par lesquelles ils sont linéarisés et produisent du sens, au sein du conflit tendu entre les jeux d'alliance et d'antagonisme. Le travail se compose de trois chapitres. Le premier présente une réflexion autour de la relation existant entre la langue et l'histoire. Le second chapitre présente le "dispositif théorique”, c'est-à-dire l'Analyse de Discours, perspective théorique adoptée dans ce travail, et certaines de ses notions essentielles, comme discours, mémoire et sens. Dans le troisième chapitre, nous reprenons les notions de conditions de formation et de production, de contradiction, de formation discursive et de processus d'interpellation, que nous mettons en rapport avec notre objet d'étude. Les préssupposés méthodologiques de l'Analyse de Discours ainsi que l'analyse proprement dite de notre corpus discursif sont présentés pour chaque bloc discursif. Dans ce même chapitre, en fonction d'un mouvement théorie-analyse-théorie, nous examinons à nouveau les notions théoriques travaillées, afin d'esquisser les lignes générales d'une analyse de textes appartenant aux blocs I et II, section A. Dans le bloc II, section B, l'analyse se poursuit sous la forme d'un travail autour de concepts tels que le lieu social, le lieu politique et la position-sujet, tous situés au sein des relations d'antagonisme par rapport aux savoirs propres à la Formation Discursive Juridique (FDJ), où sont analysés des sdrs appartenant au bloc de textes II. Nous examinons également le role du porte-parole et de l'articulateur, par rapport aux pratiques politiques syndicales propres à la Première République. Enfin, dans la Conclusion, n'ayant pas la prétention d'épuiser la coupure chronologique ni d'appréhender la totalité des énonciations qui ont été faites autour de la formation d'un sujet politique au sein des mouvements de la classe ouvrière, nous tissons quelques considérations au sujet de questions relatives à trois différentes formations discursives, déployées dans leurs contradictions, au travers: a) de la position-sujet des ouvriers anarchistes, identifiée à la Formation Discursive Anarchiste Russe (FDAB); b) de la position-sujet des énonciations des propositions de l'organisation des associations ouvrières au cours de la Première République, identifiée à la Formation Discursive Anarchico-syndicaliste Brésilienne (FDAB); et, finalement, c) des énonciations de la position-sujet situées au coeur des formulations juridiques élaborées durant cette coupure historique, identifiée à la FDJ. Nous mettons l'accent sur les propriétés discursives du discours politique analysé au cours de cette période historique, tout en tentant d'identifier, à partir de son fonctionnement discursif, les effets de sens qui le caractérisent. / A presente tese, filiada à Análise do Discurso (AD) de linha francesa, trata dos processos de legitimação de práticas político-discursivas no Brasil no período histórico compreendido na Primeira República (1889-1930). As análises deste trabalho estão articuladas em dois blocos (I, II), de modo que cada bloco discursivo organiza-se em torno de saberes identificados a FDs distintas: a) ao bloco I estão articulados saberes da FD anarquista russa (FDAR); ao bloco II, seção A, articulam-se saberes da FD anarcossindicalista brasileira (FDAB) e ao bloco II, seção B, saberes da FD anarcossindicalista (FDAB) e FD jurídica. Para isso, faz-se a distinção entre conceitos que em muitos momentos tornam possível observar as relações de antagonismo e contradição. Assim, recorremos ao interdiscurso, lugar onde os enunciados se articularam, descrevendo os diferentes modos como foram linearizados e, assim, produziram sentidos, no embate tenso entre os jogos de aliança e antagonismo. O trabalho divide-se em três capítulos. No primeiro, fazemos uma reflexão em torno da relação língua e história. No segundo, em “dispositivo teórico”, apresentamos a Análise do Discurso – perspectiva teórica adotada – e algumas de suas noções centrais: discurso, memória e sentido. No terceiro, retomamos as noções de condições de formação e de produção, contradição, formação discursiva, processo de interpelação, relacionando-as com nosso objeto de estudo. Apresentamos os pressupostos metodológicos da Análise do Discurso e a análise de nosso corpus discursivo, de acordo com cada bloco discursivo. Neste capítulo, ainda, completando um movimento teoria-análise-teoria, voltamos a refletir sobre as noções teóricas trabalhadas, fazendo esboço de uma análise de textos pertencentes aos blocos I e II, seção A. No bloco II, seção B, damos continuidade à análise, trabalhando conceitos como lugar social, lugar político e posição-sujeito, todos situados nas relações de antagonismo com os saberes da FDJ; analisando sdrs pertencentes ao bloco de textos II, também trabalhamos o papel do porta-voz e do articulador, estabelecendo relações com práticas políticas sindicais da Primeira República. Por fim, na “Conclusão”, como não temos a pretensão de esgotar o recorte cronológico, nem de abarcar a totalidade das enunciações que foram feitas em torno da formação de um sujeito político nos movimentos da classe operária, fazemos algumas considerações sobre as questões trazidas para discussão e tecidas a partir de três formações discursivas diferentes, desdobradas em suas contradições, através: a) da posição-sujeito dos operários-anarquistas, identificada à Formação Discursiva Anarquista Russa (FDAR); b) da posição-sujeito das enunciações das propostas na organização das associações operárias na Primeira República, identificada à Formação Discursiva Anarcossindicalista Brasileira (FDAB); c) e, por último, enunciações da posição sujeito situada no âmago das formulações jurídicas elaboradas no decorrer desse recorte histórico, identificada à Formação Discursiva Jurídica (FDJ). Apontamos as propriedades discursivas do discurso político analisado no período histórico recortado, buscando, a partir de seu funcionamento discursivo, identificar os efeitos de sentido que caracterizam tal discurso.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/8571 |
Date | January 2006 |
Creators | Schons, Carme Regina |
Contributors | Zandwais, Ana |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | French |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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