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Porque as pessoas comem o que comem? Comparação das motivações para comer entre dois contextos socioeconômicos díspares no Brasil / Why do people eat what they eat? Comparison of the motivations for eating between two disparate socioeconomic contexts in Brazil

Introdução: Os motivos para comer e para a escolha alimentar consideram vários atributos relacionados ao indivíduo, à comida e ao ambiente; ou seja, envolve fatores biológicos, fisiológicos, psicológicos, cognitivos, ideológicos, culturais e socioeconômicos (como renda, escolaridade e preço dos alimentos). As motivações para comer são, no entanto, pouco estudadas e não há no cenário nacional investigações sobre o tema, especialmente em contextos diferenciados. Objetivo: Avaliar as motivações para comer e para a escolha alimentar em dois contextos socioeconômicos díspares no Brasil e verificar associações entre esse constructo e o sexo, idade, estado nutricional, escolaridade, status socioeconômico, se tem filhos e hábito de cozinhar. Método: Estudo transversal, no qual usuários de ambos os sexos de duas Unidades de Saúde de São Caetano do Sul (São Paulo) e duas de São Luís (Maranhão) foram convidados a participar da pesquisa respondendo: questionário sociodemográfico; questionário de classificação econômica da Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa (ABEP); e a The Eating Motivation Survey (TEMS), escala que avalia as motivações para comer, adaptada transculturalmente (em etapa prévia) e validada para este estudo. Foram utilizados Testes de Qui-Quadrado de Pearson (X2) para comparar as frequências das variáveis sociodemográficas e econômicas e Análise de Correspondência para observação da distribuição das 15 dimensões da TEMS (Preferência, Hábitos, Necessidade e Fome, Saúde, Conveniência, Prazer, Alimentação Tradicional, Questões Naturais, Socialização, Preço, Atração Visual, Controle de Peso, Controle de Emoções, Normas Sociais e Imagem Social). As médias das dimensões da TEMS foram analisadas por meio de Testes t Independente e Modelos Lineares Generalizados (GLM) entre e dentre as cidades, considerando as variáveis sexo, idade, estado nutricional, escolaridade, status socioeconômico, se tinham filhos e se cozinhavam. Resultados: Participaram do estudo 473 indivíduos, que foram principalmente do sexo feminino (74,8 por cento de mulheres em São Luís e 74,5 por cento em São Caetano do Sul). A proporção de negros e mulatos foi maior em São Luís e a de brancos maior em São Caetano do Sul. São Luís teve maior proporção de adultos jovens (20-30 anos) ao passo que São Caetano do Sul teve maior frequência de pessoas na faixa dos 50 a 59 anos. Para a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC) ambas as cidades tiveram mais de 50 por cento dos indivíduos com IMC 25. Conforme o esperado, os indivíduos de São Luís tiveram menor grau de escolaridade (11,1 por cento com nível superior), de classificação socioeconômica (29,3 por cento entre as classes A-B2) e de renda mensal comparado aos de São Caetano do Sul (41,9 por cento com nível superior; 74,7 por cento entre as classes A-B2); e a distribuição de quem cozinha ou não e ter filhos foi semelhante nas duas cidades com mais pessoas que cozinhavam (74,4 por cento em São Luís e 76,2 por cento em São Caetano do Sul) e que tinham filhos (72,7 por cento em São Luís e 66,7 por cento em São Caetano do Sul). De modo geral, houve uma semelhança nas motivações para comer entre os dois contextos, sendo que nas duas cidades as pessoas comem o que comem principalmente devido à Preferência, Hábitos, Necessidade e Fome, e Saúde e dão menos importância na hora de suas escolhas alimentares para motivos como Controle de Emoções, Normas Sociais e Imagem Social. No entanto, diferenças foram encontradas ao analisar o maior efeito (cidade ou outras variáveis sociodemográficas e econômicas) e a variável cidade teve maior efeito no caso de São Luís escolhendo mais por Saúde (efeito só da cidade) e Questões Naturais (2=0,019), e os de São Caetano do Sul, Preço (2=0,014) e Atração Visual (2=0,009). Conclusão: Os resultados deste estudo atestam a multifatoriedade das motivações para comer e escolhas alimentares, sobre os quais é possível concluir que mesmo em contextos socioeconômicos diferentes, outros fatores determinantes de escolha alimentar, que não necessariamente relacionados ao status socioeconômico, podem ser relevantes nas razões pelas quais as pessoas comem o que comem. / Introduction: The reasons for eating and food choices depend on various attributes related to the individual, the food and the environment; that is, involve biological, physiological, psychological, cognitive, ideological, cultural and socioeconomic factors (such as income, education and food prices). However, the reasons to eat are poorly studied and there is no investigation in the Brazilian scenario, especially in different contexts. Objective: To evaluate the motivations for eating and food choices in two different socioeconomic contexts in Brazil and verify associations between these constructs and age, sex and nutritional status, schooling, socioeconomic status, presence of children and cooking habits. Method: A cross-sectional study, in which users of both sexes from two Health Units of São Caetano do Sul (São Paulo) and two from São Luís (Maranhão) were invited to participate in the survey: sociodemographic questionnaire; questionnaire of economic classification of the Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa (ABEP); and The Eating Motivation Survey (TEMS), a scale that evaluates the motivations to eat, transculturally adapted (in a previous step) and validated for this study. Pearson\'s Chi-Square Tests (X2) were used to compare the frequencies of sociodemographic and economic variables and Correspondence Analysis to observe the distribution of the 15 TEMS dimensions (Preference, Habits, Need and Hunger, Health, Convenience, Pleasure, Traditional Eating, Natural Concerns, Sociability, Price, Visual Appeal, Weight Control, Affect Regulation, Social Norms and Social Image). The TEMS dimension averages were analyzed using Independent t Tests and Generalized Linear Models (GLM) between and among cities, taking into account the variables sex, age, nutritional status, educational degree, socioeconomic status, presence of children and cooking habits. Results: The study involved 473 individuals, who were mainly female (74.8 per cent in São Luís and 74.5 per cent in São Caetano do Sul). The proportion of blacks and mulattoes was higher in São Luís and of whites in São Caetano do Sul. São Luís had a higher proportion of young adults (20-30 years) while São Caetano do Sul had a higher frequency of people in the range from 50 to 59 years. For the classification of Body Mass Index (BMI) both cities had more than 50 per cent of individuals with BMI 25. As expected, individuals from São Luís had lower educational level (11.1 per cent with higher education), socioeconomic status (29.3 per cent between classes A-B2) and monthly income compared to those from São Caetano do Sul (41.9 per cent with a higher level, 74.7 per cent between classes A-B2), and the distribution of those who cook and had children was similar in both cities with more people cooking (74.4 per cent in Sao Luís and 76.2 per cent in São Caetano do Sul) and having children (72.7 per cent in São Luís and 66.7 per cent in São Caetano do Sul). In general, there was a similarity in the motivations to eat between the two contexts. In both cities, people eat what they eat mainly because of Preference, Habits, Need and Hunger, and Health, and they give less importance at the time of their food choices to reasons such as Emotion Control, Social Norms and Social Image. However, differences were found when analyzing the greatest effect (city or other sociodemographic and economic variables) and the city variable had a greater effect in the case of São Luís choosing more due Health (city only effect) and Natural Issues (2 = 0.019), and São Caetano do Sul, Price (2 = 0,014) and Visual Attraction l (2 = 0.009). Conclusion: The results of this study attest the multifactorial motivation to eat and food choices, on which it is possible to conclude that even in different socioeconomic contexts, other determinants of food choices, not necessarily related to socioeconomic status, may be relevant in the reason by which people eat what they eat.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-31012018-090233
Date30 November 2017
CreatorsMoraes, Jéssica Maria Muniz
ContributorsAlvarenga, Marle dos Santos
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeDissertação de Mestrado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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