Nas poesias do francês Charles Baudelaire a imagem marinha é recorrente, seja como duplo que reflete a subjetividade humana, espaço de fuga do árido cotidiano urbano, paralelo da amada ou ainda um espaço de incomparável beleza. Em um de seus manuscritos, o poeta afirma que o espetáculo do mar oferece uma ideia de infinito diminutivo, pois uma porção do líquido em movimento é suficiente para dar a mais elevada ideia de beleza que pode ser oferecida ao homem em sua habitação transitória. Assim, este trabalho pretende fazer uma análise crítica do pequeno poema em prosa O Porto, integrante do volume póstumo O Spleen de Paris, para examinar de que maneira o motivo marinho transfigura-se em um infinito diminutivo e, assim, promove sentimentos do belo e do sublime questões fundamentais para a estética do autor em uma poesia autônoma, que encerra sob sua harmonia e homogeneidade fraturas específicas do sujeito moderno. Por meio da comparação com outros pequenos poemas em prosa e em verso que abordam o elemento marítimo, manuscritos e textos estéticos do poeta, bem como a fortuna crítica acerca da obra baudelaireana e estudos filosóficos que conceituam o belo e o sublime no âmbito da estética, a presente análise procura verificar como este curto O Porto se vale do tópico marítimo e, sob o traje do pequeno poema em prosa e da composição de um sofisticado engenho alegórico, oferece ao leitor vislumbres intensamente líricos da beleza moderna criada por Baudelaire. / In Charles Baudelaires poems, the maritime images are recurrent, either as a double that reflects the human subjectivity, as an escape from the arid urban space, as the beloved portrait, or as a space of incomparable beauty. In one of Baudelaires manuscripts, he affirms that the spectacle of the sea offers the idea of the infinite diminutive: twelve or fourteen leagues of liquid in movement are enough to convey the highest ideal of beauty which is offered to man in his transitory habitation. Therefore, this work aims to critically analyze the prose poem The Port, part of the posthumous edition Paris Spleen, to verify how the maritime motive becomes the infinite diminutive and, thus, promotes the feeling of the beautiful and sublime fundamental questions to the authors aesthetic in an autonomous poetry, that under its harmony shows specific fractures of the modern individual. Comparing The Port with other prose poems and also with some Les Fleurs du Mal poems that mentions the maritime element, manuscripts and aesthetic texts written by the poet as well as Baudelaires critical fortune and philosophical studies that define the beautiful and the sublime, this analyses aims to verify how this short The Port addresses the maritime topic and, under the garment of the prose poem and the sophisticated allegorical procedure, offers to the reader deep lyrical glimpses of the modern beauty created by Charles Baudelaire.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-09122016-145502 |
Date | 30 September 2016 |
Creators | Loiola, Rita de Cássia Bovo de |
Contributors | Bosi, Viviana |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.0027 seconds