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Previous issue date: 2007 / O desvio fonológico consiste em uma dificuldade de fala caracterizada pelo uso
inadequado dos sons, de acordo com a idade e variações regionais. Tal distúrbio pode
envolver erros de produção, percepção ou organização dos sons capazes de prejudicar a
criança nos âmbitos educacional, social e emocional. Considerando que a dimensão
fonológica está afetada, é comum, em terapia fonoaudiológica para os desvios de fala,
que a atenção do terapeuta esteja voltada, apenas, para o trabalho com os diversos sons
da fala. Entretanto, na prática clínica fonoaudiológica, muitas vezes de forma empírica, é
possível observar crianças que apresentam desvios fonológicos, demonstrando, também,
dificuldades em outras dimensões lingüísticas. Este estudo teve por objetivo, portanto,
analisar a compreensão oral de crianças com desvio fonológico, comparando-as com
crianças que não apresentam tal dificuldade de fala. Foram abordados, especificamente,
aspectos da compreensão semântica e da sintaxe, bem como a compreensão textual.
Participaram do estudo 36 crianças, distribuídas entre a Alfabetização, 1ª e 2ª séries,
pertencentes a escolas da rede pública de ensino. Desse grupo, 18 crianças tinham
diagnósticos clínicos de desvio fonológico, enquanto as demais não apresentavam tal
patologia, sendo emparelhadas com as crianças do grupo com desvio, de acordo com
idade, série, tipo de instrução, nível socioeconômico-cultural e memória de trabalho. As
crianças foram submetidas a tarefas que avaliaram: a compreensão semântica (Teste de
Vocabulário do WISC e Teste de Vocabulário por Imagens); compreensão de sentenças
sintaticamente complexas, que variavam quanto à intensidade de pistas semânticopragmáticas;
e compreensão textual, avaliada por meio da utilização de dois textos de
estruturas distintas que requeriam respostas a perguntas literais e inferenciais. A análise
que focalizou a comparação entre grupos mostrou que crianças sem desvio fonológico
tiveram desempenhos significativamente superiores às crianças com desvio fonológico na
tarefa de compreensão semântica do WISC. Esses dados podem apontar para o
comprometimento de desenvolvimento semântico da criança que apresenta desvio
fonológico, envolvendo o processo de compreensão. Isso consiste em achado peculiar,
pois leva o fonoaudiólogo a refletir sobre propostas de avaliação e tratamento para os
desvios fonológicos. Quanto às demais tarefas que avaliaram a compreensão oral, não
foram registradas diferenças significativas entre os dois grupos de crianças. Entretanto,
vale ressaltar que as duas crianças do grupo experimental que apresentavam desvio
severo de fala foram exatamente aquelas que não pontuaram em nenhuma das tarefas de
compreensão textual. Esse dado sugere que o grau de severidade do desvio é uma
variável que pode estabelecer uma relação direta com o comprometimento de linguagem
da criança como um todo. Por fim, observou-se que tanto crianças com desvio fonológico
como crianças sem desvio fonológico apresentaram dificuldades no processamento de
sentenças que requeriam uma análise prioritária de seus componentes
intraproposicionais. Também ficou demonstrado que as crianças de ambos os grupos
tiveram problemas na realização de inferências textuais. São achados preocupantes, pois
dizem respeito ao desenvolvimento lingüístico das crianças envolvidas, o que aponta para
a necessidade de refletir sobre alternativas de trabalho de compreensão junto às crianças,
nas escolas
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/8425 |
Date | January 2007 |
Creators | LUCENA, Jonia Alves |
Contributors | DIAS, Maria da Graça Bompastor Borges |
Publisher | Universidade Federal de Pernambuco |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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