[pt] O caráter acusatório do jornalismo contemporâneo em entrevistas a políticos é objeto de estudo de analistas da conversa em contextos britânico e americano (CLAYMAN, 2001; CLAYMAN E HERITAGE, 2002; CLAYMAN et. at. 2007; HERITAGE, 2002). Contudo, até as eleições de 2018, esse tipo de jornalismo não era visto como uma prática comum no Brasil, dada a repercussão das entrevistas aos candidatos à Presidência na mídia impressa e nas redes sociais que levantou um debate acerca do papel dos jornalistas nesse tipo de interação institucional. Diante desse cenário, com o objetivo de contribuir para o entendimento do caráter adverso das perguntas, examinamos, neste estudo, o design de perguntas feitas pelos jornalistas para o então candidato Jair Bolsonaro, no programa Roda Viva da TV Cultura, à luz do arcabouço teórico-metodológico da Análise da Conversa. De modo geral, os resultados revelam que os jornalistas não usaram as perguntas para pedir informações, mas, sim, para mobilizar ações responsivas que podiam comprometer os objetivos políticos do candidato. Além disso, os entrevistadores lançaram mão de recursos que restringiam as possibilidades de resposta do entrevistado, independentemente do tipo de pergunta e de apresentar ou não um prefácio, limitando, assim, ações evasivas. / [en] The accusatory character of contemporary journalism in interviews with politicians has been object of study of conversation analysts both in British and American contexts (CLAYMAN, 2001; CLAYMAN E HERITAGE, 2002; CLAYMAN et. at. 2007; HERITAGE, 2002). However, until the 2018 elections, this kind of journalism was not seen as a common practice in Brazil, given the repercussion of interviews with presidency candidates in the press and in social media networks, which raised a debate about the role of journalists in this type of institutional interaction. In face of this scenario, we analyzed in this study the design of questions asked by journalists to the candidate, at the time, Jair Bolsonaro, in the TV program Roda Viva, by Culture TV, in the light of Conversation Analysis theoretical methodological framework, aiming at contributing to an understanding of questions adversarial character. In general, results reveal that journalists did not use questions to request information, but, on the contrary, to mobilize responsive actions that could jeopardize the candidate s political goals. Besides, interviewers made use of resources that restricted interviewee s possibilities of answering, independently of the type of question or presence of not a preface, thus, limiting evasive actions.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:50015 |
Date | 22 October 2020 |
Creators | CARLOS ALBERTO SOARES ALVES |
Contributors | MARIA DO CARMO LEITE DE OLIVEIRA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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