Orientador: Ana Lucia Goulart de Faria / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação / Made available in DSpace on 2018-08-08T00:47:54Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2006 / Resumo: A proposta desta pesquisa é conhecer as crianças Guarani/Kaiowá inseridas no cotidiano da Aldeia Pirakuá, Bela Vista/MS, evidenciando suas especificidades étnicas, registrando e descrevendo como vivem suas infâncias no espaço histórico e coletivo da aldeia: como brincam, como são inseridas no mundo dos adultos, com quem e como se relacionam, o que verbalizam, o que fazem, o que não fazem. Pesquisei a partir de concepções que consideram as crianças como seres históricos, sociais, étnicos, culturais, políticos e, portanto, portadoras de trajetórias que precisam ser respeitadas pelos adultos e pelo processo educativo nos quais estão inseridas. Através da pesquisa etnográfica conduzi minhas estadas na aldeia para observações e registros fotográficos das crianças brincando, caminhando nas trilhas, nadando no rio, participando dos rituais e das festas de seu povo, estabelecendo relações com outras crianças e com os adultos. As crianças foram observadas nas proximidades de suas casas, no cotidiano da aldeia e em momentos de festas e comemorações. Os dados coletados subsidiam o registro e a discussão do que significa ser criança em uma aldeia indígena através de vinhetas narrativas. Em minhas experiências vividas na Aldeia Pirakuá observei que estava diante de crianças que, resguardadas todas as situações de pobreza e de perdas, impingidas por um processo colonizador massacrante, ainda possuem o direito de, sendo crianças, serem sujeitos de suas experiências, de seus aprendizados, de suas liberdades. As crianças, nessa dinâmica, são livres para experimentar suas possibilidades, para resolver situações-problema, para produzir cultura. Observei que estava diante de adultos que não perderam o jeito criança de ser: lúdicos, atentos, alegres, brincalhões. Possuem riso fácil, ouvem com atenção, observam muito, interagem constantemente entre si, com as crianças e com o meio. A presença de contradições e de elementos não habituais na cultura Guarani/Kaiowá são evidenciados e discutidos a partir do conceito de circularidade cultural. Dessa forma, as crianças, desde muito pequenas, têm a oportunidade de estabelecer relações com diferentes espaços e diferentes pessoas. Podem construir conhecimentos não fragmentados, diretamente relacionados com o modo de ser e de viver de sua comunidade, tornando-se aptas para a sobrevivência e para a vida de sua cultura. Esses domínios de conhecimentos se evidenciam no saber ser um Guarani/Kaiowá. Modo de ser que reflete o pensar e o fazer como unidade, assegurando às crianças a capacidade de permanecer longe da mãe e de fazer experiências, sem manifestar inseguranças ou choros. No entanto, como o processo permite que cada criança tenha o seu ritmo, elas vão se constituindo Guarani/Kaiowá dos seus jeitos, construindo as dimensões humanas mediadas pelo meio e por suas características pessoais. Nessa dinâmica, esta pesquisa pretende colaborar com a visibilidade do conhecimento Guarani/Kaiowá e suas possíveis contribuições para a formação das professoras de crianças de zero a dez anos. Pretende também, instigar o debate sobre a construção de uma pedagogia que dê conta da diversidade cultural das infâncias brasileiras, que permita a cada criança ser quem é e, ao mesmo tempo, que possa ser, a cada dia, diferente / Abstract: The proposal of this research is to know the Guarani/Kaiowá children within the daily life of the Pirakuá Village, Bela Vista/South Mato Grosso, bringing out their ethnic specificity, registering and describing how they spend their childhood in the historical and collective space of the village: how they play, how they are inserted within the adult world, with whom they relate, what they verbalize, what they do, what they do not do. The research was carried out from the standpoint of conceptions that consider the children as historical, social, ethnic, cultural, political beings and, thus, bearers of trajectories that need to be respected by the adults and by the educational process in which they are inserted. Through ethnographic research, visits to the village were used for observations and photographic registers of children playing, walking along the trails, swimming the the river, participating in rituals and festivals of their people, establishing relationships with other children and with adults. The children were observed in the surroundings of their houses, in the daily life of the village, in festive moments and in commemorations. The data collected underwrite the register and discussion of what it means to be a child in an indigenous village by the use of short narratives. Experiences lived out in the Pirakuá Village showed that one was before children who, taking into account all the situations of poverty and losses, under the constraints of a crushing colonizing process, still have the right to be children, of being subjects of their experiences, their learning, their liberties. The children, in this dynamic, are free to experiment their possibilities, to solve problem situations, to produce culture. It was observed that the adults had not lost their way of being children: playful, attentive, happy, fun-loving. They smile easily, listen with attention, observe carefully, interact constantly amongst themselves, with the children and with the environment.The presence of contradictions and elements which are non-habitual in the Guarani/Kaiowá culture are brought out and discussed from the standpoint of cultural circularity. In this way, the children, from a tender age, have the opportunity to establish relationships with different spaces and different people. They can construct non-fragmented knowledge, directly related to the way of being and living of their community, becoming apt for survival and for life in their culture. These dominions of knowledge are apparent in knowing how to be a Guarani/Kaiowá. A way of being that reflects thinking and doing as a unit, guaranteeing for the children the ability of remaining away from their mother and of carrying out experiences, without manifesting insecurity or tearfulness. However, as the process permits that each child has its own rhythm, they grow into being Guarani/Kaiowá in their own way, constructing human dimensions mediated by the environment and by their personal characteristics.Within this dynamic, this research intends to collaborate with the visibility of Guarani/Kaiowá knowledge and their possible contributions to the training of teachers for children from zero to ten years old. The intention also is to instigate the debate on the construction of a pedagogy which can handle the cultural diversity of Brazilian childhood, which permits each child to be who they are and at the same time, be different each day / Doutorado / Educação, Sociedade, Politica e Cultura / Doutor em Educação
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/252105 |
Date | 28 August 2006 |
Creators | Noal, Mirian Lange |
Contributors | UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Faria, Ana Lúcia Goulart de, 1951-, Gomes, Ana Maria, Abramowicz, Anete, Galzerani, Maria Carolina Bovério, Maher, Terezinha de Jesus Machado |
Publisher | [s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | 353p. : il., application/pdf |
Source | reponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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