A partir do enfoque da neurociência, a cognição pode ser definida como um processo de aquisição de conhecimento que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa memória. Esse processo, que visa à melhor adaptação ao meio, envolve percepção, atenção, memória e ação e nem sempre acontece de forma consciente. Mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento, é um processo de conversão de tudo o que é captado pelo aprendiz de acordo com sua identidade e suas experiências. Com base nesse conceito, o presente trabalho propõe um modelo teórico para o processamento cognitivo relacionado à produção em língua estrangeira, fundamentado em teorias recentes da neurociência sobre memória, aprendizagem e processamento de representações de seqüências freqüentes na língua (chunks). Parte-se da hipótese de que os dois níveis ou processos de aprendizagem descritos de várias formas em teorias da linguagem (Krashen 1977, 1982, 1985; McLaughlin 1978; Bialystok 1978; Sinclair 1988; Klein 1992 entre outros) relacionam-se a diferentes sistemas da memória humana, que se diferenciam não pela duração do armazenamento da informação (memórias de curta e longa duração), mas pelo tipo ou formato da informação (Squire e Zola-Morgan 1988, 1991). Desses sistemas de memória, o denominado sistema de memória declarativa estaria relacionado ao conhecimento consciente (explicitável) sobre a língua e suas regras. O sistema de memória não-declarativa, por sua vez, seria responsável pelo processamento de informação de forma involuntária e pela habilidade de uso da língua na comunicação. Essa hipótese traz novas interpretações para questões sobre produção em língua estrangeira, sobre automatização do conhecimento, criatividade, papel do output e papel da instrução. Dados da produção de falantes não-nativos de alemão ilustram aspectos do modelo apresentado. / From the perspective of neuroscience, cognition can be defined as a process of knowledge acquisition that operates on environmental information as well as on material registered in our memory. This process aims a better adaptation to the environment, involves perception, attention, memory and action and is not always a conscious one. It is therefore more than a simple acquisition of knowledge, but rather also a process of converting that which is apprehended by the learner in accordance with his identity and experiences. This work proposes a theoretical model for cognitive processes related to foreign language production, based on recent neuroscientific theories about memory, learning and processing of representations of frequent linguistic sequences (chunks). The basic hypothesis is that the two learning levels or processes described diversely in language theories (Krashen 1977, 1982, 1985; McLaughlin 1978; Bialystok 1978; Sinclair 1988; Klein 1992 among others) are related to different systems of human memory which can be differentiated not by the time of information storage (long-term and short-term memories), but by the kind or format of the information (Squire and Zola-Morgan 1988, 1991). The so called declarative memory would be related to conscious (explicable) knowledge about language and its rules. Non-declarative memory, in turn, would be responsible for involuntary processing of information and for the ability of using language in communication. This hypothesis brings new interpretations for questions on foreign language production, on knowledge automatization, creativity, the role of output and instruction. Production data from non-native German speakers illustrate aspects of the model.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-27022009-144843 |
Date | 30 September 2008 |
Creators | Stanich, Kelly |
Contributors | Meireles, Selma Martins |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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