A aquisição da linguagem é um processo invariavelmente dependente da exposição ao ambiente. Contudo, a mais famosa e controversa hipótese desenvolvida por Chomsky sustenta que a criança traz para o processo de aprendizagem da língua um conjunto de recursos específicos – a Gramática Universal – para superar a pobreza de estímulos do ambiente e construir uma gramática final adequada, composta por princípios universais e parâmetros fixados de acordo com a experiência na comunidade lingüística. A Gramática Universal é, assim, entendida como uma dotação genética, necessária, mas não suficiente, para a aquisição da linguagem. Para além da hipótese do inatismo – central à tradição gerativista – a relação entre genes e linguagem vem sendo investigada há muitos anos, com evidências significativas de transmissão hereditária e etiologia genética para diversos tipos de distúrbios de linguagem. Mais recentemente, em 2001, foi descoberto o primeiro caso de um gene, o FOXP2, implicado na habilidade de adquirir e desenvolver a fala e a linguagem. Este trabalho parte de uma introdução ao processo de aquisição da linguagem em uma perspectiva inatista (Capítulo I) para enfocar os aspectos centrais à organização biológica da faculdade da linguagem (Capítulo II), propondo, a partir da análise dos efeitos da mutação do gene FOXP2, uma discussão introdutória sobre como o estudo dos distúrbios do desenvolvimento da linguagem, avaliados a partir de suas características fenotípica e genotípica, pode contribuir para a exploração de questões fundamentais acerca do desenvolvimento lingüístico e cognitivo (Capítulo III). / Language acquisition invariably depends on environmental exposure. However, Chomsky’s most famous and controversial hypothesis assumes that children bring to the process of language learning a set of specific resources – the Universal Grammar – in order to overcome difficulties imposed by poverty of stimulus and develop an adequate grammatical representation, composed of universal principles and parameters fixed by experience. Universal Grammar is, therefore, understood as a genetic make up, necessary but not sufficient for language acquisition. In addition to the innateness hypothesis – a central aspect of the generative tradition – the relationship between genes and language has been investigated for several years, with significant evidence of hereditary transmission and genetic etiology for various language disorders. More recently, in 2001, studies described the first case of a gene, FOXP2, thought to be implicated in our ability to acquire speech and language. This work begins with an introduction to the process of language acquisition according to the innateness hypothesis (Chapter I); this discussion is followed by a description of the main aspects concerning the biological organization of the language faculty (Chapter II). Finally, based on an analysis of the impact of the FOXP2 mutation, we present an introductory debate on how developmental language disorders, evaluated based on their phenotype and genotype, can contribute to the advancement of fundamental questions concerning linguistic and cognitive development (Chapter III).
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/7722 |
Date | January 2006 |
Creators | Gonçalves, Renata Rocha Fernandes |
Contributors | Simões, Luciene Juliano |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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