Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2008. / Submitted by samara castro (sammy_roberta7@hotmail.com) on 2010-03-16T12:59:08Z
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Previous issue date: 2008-12 / Os fundos de pasto eram apenas áreas não cercadas de Caatinga, utilizadas para
pastoreio comunal. Este padrão de ocupação que se desenvolveu em todo semi-árido
nordestino foi progressivamente usurpado em um processo similar aos enclosures ingleses.
Na Bahia, com os avanços sobre essas áreas a partir da década de 1970, houve articulações
regionais e apoios institucionais que estimularam resistências diversas. “Fundo de pasto”
passou a designar não só as áreas, mas os grupos sociais que os defendiam por deles
depender. O termo fundo de pasto, antes regional, generalizou-se por todo o estado,
principalmente após sua citação na constituição baiana. Os processos de acúmulo de forças e
reconhecimento destes grupos sociais como população tradicional caminharam em paralelo.
Fundos de pasto foram inventados como tradição, estratégia e oportunidade que fortaleceram
a capacidade de proteger o domínio sobre a terra ocupada. A força desenvolvida pela
categoria atrai toda a diversidade de comunidades que fazem uso comunal de terra na Bahia.
Há uma diversidade que se abriga sob uma unidade pretensamente homogênea de
comunidades sertanejas, coesas e caprinocultoras. Movimento, Estado e instituições afins
aportam soluções que não se aplicam à realidade. As imagens obnubilam a realidade e as
práticas e discursos produzidos a partir dessas imagens autonomizam-se. A sustentabilidade,
além de ser um termo meramente incorporado ao discurso, pode contribuir para orientar
leituras da insustentabilidade. A sustentabilidade poderia ser percebida como um bodecervo,
um zero filosófico que facilita a construção coletiva de uma imagem ainda não formulada,
mesmo que se parta de fragmentos daquilo que é entendido como sustentabilidade. A
construção de novas imagens, novos discursos e novas práticas não ocorre no vazio, o
coletivo dos fundos de pasto pode imaginar-se como sociedade sustentável a partir de um
magma de significações próprio. Para tanto, a capacidade de diluir as imagens enrijecidas, os
discursos e as práticas salvadoras exigiriam novos esforços coletivos. Esta construção é
dificultada pela acomodação com as imagens vigentes, apesar do mal-estar frente à flagrante
inadequação das mesmas e das soluções produzidas a partir delas. A possibilidade da
instituição imaginária dos fundos de pasto como sociedade sustentável fica latente enquanto as forças da insustentabilidade avançam. __________________________________________________________________________________ RESUMEN / Los fondos de pasto eran solamente áreas no cercadas de Caatinga, utilizados para
pastoreo comunal. Este padrón de ocupación de la tierra, desarrollado en el noreste semiárido
de Brasil, fue usurpado gradualmente en un proceso similar a los enclosures ingleses. En
Bahía, con los avances sobre estas áreas desde la década de 1970, hubo articulaciones
regionales y ayudas institucionales que fortalecieron resistencias comunitarias. “Fondos de
pasto” pasó a designar no sólo las áreas más los grupos que las defendieron, ya que de ellas
dependían. El término fondo de pasto, antes regional, fue generalizado en el estado,
principalmente después de su citación en la constitución de Bahia. La acumulación de fuerzas
y el reconocimiento de estos grupos sociales como población tradicional caminaron en
paralelo. Los fondos de pasto fueran inventados como tradición, estrategia y oportunidad que
fortificaron la capacidad de proteger el dominio sobre la tierra ocupada. La fuerza
desarrollada por la categoría atrae toda la diversidad de comunidades que hacen uso comunal
de tierras en Bahía. Hay una diversidad bajo una unidad supuestamente homogénea de
comunidades. El movimiento, el Estado y las instituciones cercanas llegan en soluciones que
no se aplican a la realidad. Las imágenes obscurecen la realidad y las prácticas y los discursos
producidos desde estas imágenes logran autonomizarse. La sostenibilidad, más allá de ser un
mero término incorporado al discurso, puede contribuir con las lecturas de la insostenibilidad.
La sostenibilidad se podría percibir como un cordero-ciervo, un cero filosófico que facilitaría
la construcción colectiva de una imagen aún no formulada, aunque producida desde
fragmentos del sentido común de lo qué se entiende como sostenibilidad. La construcción de
nuevas imágenes, de nuevos discursos y prácticas no ocurre en el vacío, el colectivo de los
fondos de pasto se puede imaginar como sociedad sostenible desde un magma de
significaciones sociales propio. Para que eso sea posible es necesario desarrollar la capacidad
colectiva de diluir las imágenes endurecidas en los discursos y prácticas. Esta construcción se
dificulta por la acomodación con las imágenes usadas. A pesar del malestar frente la
inadecuación de las soluciones producidas a partir de ellas. La posibilidad de la institución
imaginaria de los fondos de pasto como sociedad sostenible se queda latente mientras las
fuerzas de la insostenibilidad avanzan. _______________________________________________________________________________ ABSTRACT / The “fundos de pasto” were unfenced areas in Caatinga biome, used for common
grazing. This land use pattern, primarily found in all Brazilian northeast region, has been
gradually destroyed in a process similar to the English enclosures. In Bahia, due to land
robbery in 1970 decade, several regional articulations and institutional support strengthened
community resistance. Since then “Fundo de pasto” named not only the unfenced areas but all
the social groups that stood for it, as long as they depended on this land. The term “fundo de
pasto”, of regional use, has been generalized all over the state, mainly because its citation on
the constitution of Bahia. The recognition as traditional population and the strengthening of
those groups walked side by side. “Fundos de pasto” were invented as a tradition, an strategy
and opportunity which raised their capacity to protect the land against robbery. This strength
attracted different communities which use land in a communal pattern in Bahia. A wide
diversity seek shelter under a unity false presented as homogeneous communities. The social
movement, the State and the institutions which support them formulate projects that do not
apply to reality. The images cloud the comprehension of the reality, the social practices and
discourses produced up to this images go further regardless its inadequacy. Sustainability,
besides being a term incorporated to discourses, is helpful to guide the analysis of
unsustainability. Nevertheless, sustainability should be seen as a “goat-deer”, a philosophical
zero that might help the collective design of a yet unknown image of sustainability, even
taking fragments of the common sense of sustainability. The design of new images, new
discourses and practices does not take place in “nowhere land”, the collective of “fundos de
pasto” can imagine itself as a sustainable society from its own magma of social significations.
Although they must build their capacity to melt harden images present on the current
discourses and practices. Despite the perception of inadequacy of the solutions brought since
this false images there is an accommodation with this whole situation. The possibility of an
imaginary institution of “fundos de pasto” as sustainable society remains latent and in the
meanwhile the drive forces of unsustainability go further and further.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/4081 |
Date | 12 1900 |
Creators | Ferraro Júnior, Luiz Antonio |
Contributors | Bursztyn, Marcel |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Spanish |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB |
Rights | A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data., info:eu-repo/semantics/openAccess |
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