Introdução: Estudos demonstram que a alimentação dos pacientes com esquizofrenia é rica em gorduras e pobre em fibras e vitaminas, quando comparados com a população geral, refletindo suas más escolhas alimentares e a associação com a obesidade e síndrome metabólica. Estas condições modificam a auto-estima e a atividade social dos pacientes, além de estarem associadas ao aumento no estresse oxidativo. Além disso, sabe-se que o estresse oxidativo pode estar associado à fisiopatologia da esquizofrenia. Sendo assim, surge o interesse em estudar os efeitos de um tratamento nutricional e as alterações que podem ocorrer no peso e parâmetros de estresse oxidativo nesta patologia. Métodos: Este estudo transversal incluiu 96 pacientes selecionados aleatoriamente por conveniência. Todos apresentavam diagnóstico de esquizofrenia pelos critérios do DSM-IV e CID-10. Os pacientes tiveram suas medidas antropométricas aferidas (peso, altura, circunferência abdominal, percentual de gordura e pressão arterial) e responderam verbalmente a um questionário de anamnese alimentar, incluindo informações clínicas relevantes do histórico da patologia. Foram coletadas amostras de sangue para avaliação dos parâmetros de estresse oxidativo (TRAP, TAR e TBARS) e exames sanguíneos de rotina (Colesterol Total, HDL, LDL, triglicerídeos, glicose de jejum). Todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e estavam em tratamento crônico com antipsicóticos. Resultados: Os pacientes apresentaram níveis aumentados de circunferência abdominal, percentual de gordura corporal, excesso de peso e tabagismo. Aparentemente, o ganho de peso ocorre em todos os pacientes expostos a antipsicóticos, independentemente do tipo de medicação e de resposta clínica, e a qualquer momento ao longo da evolução da doença. Foi identificada correlação entre tempo de doença e percentual de gordura corporal. Na avaliação dos parâmetros de estresse oxidativo foi observada redução na capacidade antioxidante total e conseqüente aumento na peroxidação lipídica em pacientes que fazem acompanhamento dietoterápico. Em uma análise retrospectiva de prontuários pode-se evidenciar redução significativa de peso e IMC em pacientes que fazem acompanhamento dietoterápico. Conclusão: Este estudo traz evidências clínicas de extrema importância na relação terapêutico-nutricional do paciente com esquizofrenia. As evidências reforçam aspectos já estudados anteriormente por outros autores, a respeito dos fatores protetores ou danosos de uma intervenção nutricional, porém traz dados inéditos ao tratar de uma patologia complexa, como a esquizofrenia. Uma dieta hipocalórica, ao mesmo tempo em que traz benefícios quanto ao tratamento da obesidade e síndrome metabólica, pode estar associada a prejuízos nas defesas antioxidantes dos pacientes. A partir desses dados, inicia-se um campo instigante e o desafio de estudar e estabelecer informações concretas no que se refere à hormese da restrição calórica, antioxidantes e pró-oxidantes na esquizofrenia. / Introduction: Studies show that patients with schizophrenia present high fat and low fiber and vitamins consumption when compared with the general population. These poor food choices were associated with obesity, metabolic syndrome, low self-esteem and social activity in the patients and are associated with increased oxidative stress. Moreover, it is known that oxidative stress may be associated with the physiopathology of schizophrenia. Therefore, we aimed to study the effects of a nutritional treatment and changes on weight and oxidative stress in this pathology. Methods: This cross-sectional study included 96 patients selected for convenience. Patients had a diagnosis of schizophrenia by DSM-IV and ICD-10. We evaluated anthropometric measurements (weight, height, waist circumference, body fat percentage and blood pressure) and a questionnaire of anamnesis, including clinical history of the disease. We collected blood samples for assessment of oxidative stress parameters (TRAP, TAR and TBARS) and total cholesterol, HDL, LDL, triglycerides and fasting glucose. All participants agreed to take part in this study through a written informed consent and they were on chronic treatment with antipsychotics. Results: Patients have increased levels of waist circumference, body fat percentage, overweight and smoking. Weight gain occurs in all patients exposed to antipsychotics, regardless of type of medication and clinical response, and any time over the course of the disease. In the evaluation of parameters of oxidative stress, there was a reduction in total antioxidant capacity and an increase in lipid peroxidation in patients who received hypocaloric diet. In a retrospective analysis, we showed significant reduction in weight and BMI in patients who received hypocaloric diet. Conclusion: This study provides clinical evidence in the therapeutic nutrition for patients with schizophrenia. These evidences reinforce previous studies, concerning the harmful or protective factors of a nutritional intervention, but there is new data in a complex pathology, such as schizophrenia. Hypocaloric diet, while providing benefits on the treatment of obesity and metabolic syndrome may be associated with impairments in antioxidant defenses of these patients. From these data, begins an exciting and challenging field of study and provide specific information regarding to hormesis of calorie restriction, antioxidants and pro-oxidants in schizophrenia.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/29029 |
Date | January 2011 |
Creators | Zortéa, Karine |
Contributors | Belmonte-de-Abreu, Paulo Silva, Gama, Clarissa Severino |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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