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A desarticulação setorial e social no Brasil e o modelo de ajuste estrutural : uma interpretação kaleckiana

Este trabalho tem por objetivo estudar como as mudanças de ajuste estrutural implementadas na década de 1990 no Brasil aprofundaram sua desarticulação setorial e social. Entende-se por desarticulação o descompasso entre o aumento das atividades setoriais da economia e a demanda dos possuidores de salários. Socialmente, pode-se defini-la como a desorganização entre queda de salários e o aumento do desemprego; e setorialmente, refere-se à ausência de equilíbrio entre os departamentos de produção do país. Para levar adiante esta tarefa, tenta-se mostrar a relação existente entre produtividade, investimentos, salários, demanda efetiva e desempenho do PIB, utilizando-se o arcabouço teórico de demanda efetiva de Kalecki. Será de grande importância considerar a distribuição da renda e sua relação com o conceito de desarticulação social. Verificou-se a existência de uma tendência ao aprofundamento da desarticulação em dois aspectos: a) no social, o crescimento dos salários ficou muito abaixo do referente à produtividade; e b) no plano setorial, a desarticulação apresenta descompasso entre o crescimento dos departamentos. O que resultou no aumento na produção de commodities e uma queda na participação da indústria tradicional de aproximadamente 5%, enquanto as indústrias de maior conteúdo tecnológico apresentaram uma queda que girou em torno de 6%. Para Kalecki, DI (departamento de bens de investimento) comanda o processo de acumulação na economia. Nesse sentido, sendo o setor de commodities o que se apresentou mais dinâmico na década de 1990, na economia brasileira, isso explicaria, em boa parte, o pífio crescimento do investimento e do DI. Dessa forma, conclui-se que o novo modelo de desenvolvimento sustentado nas ideias neoliberais não possibilitou que a economia adentrasse pelo o caminho da articulação entre a esfera produtiva e de circulação. / This work aims to analyze how the economic policies implemented in Brazil during the 1990´s deepened its sectorial and social disarticulation. Here we define disarticulation as the gap between the increase of economic activity and the demand of wages. Socially, one can define disarticulation as the gap between wages and the increase of unemployment; the sectorial disarticulation refers to the disequilibrium between the so called departments. So, we try to show the relation between productivity, investments, wages, effective demand and the GPD (Gross Domestic Product), under a Kaleckian-Type of economic analysis. It will be of great value to consider the income distribution and its relation to the social disarticulation. It was shown that the tendency to the disarticulation has two mains aspects: a) socially, the increase of the productivity was higher than the increase of wage rates; b) economically, there was a gap between the so called Departments. It led to the increase of commodities industry, and a falling share of manufacturing close to 5%, with the more technologically advanced manufacturing industries falling 6% in its share of the GDP. To Kalecki, the Department I is the responsible to the economic growth of the economy as a whole. So, to a Kaleckian approach, the Brazilian economy could not have had a suitable economic growth during the period. We conclude that the new model of economic growth based on Liberal conceptions do not led to an integrated growth between production and circulation.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/27161
Date January 2010
CreatorsMilani, Ana Maria Rita
ContributorsFonseca, Pedro Cezar Dutra
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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