Return to search

Da falta de atenção ao déficit de atenção: diagnóstico e medicalização de estudantes na perspectiva de professores e professoras de escola pública

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, 2015. / Made available in DSpace on 2015-09-22T04:11:16Z (GMT). No. of bitstreams: 1
334292.pdf: 2161443 bytes, checksum: 3fcb07bb856aefeee318331e469665a7 (MD5)
Previous issue date: 2015 / Na presente pesquisa, tomei por objeto de análise antropológica o processo de construção do diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a medicalização de estudantes. Investiguei esse processo etnograficamente, o que significou um exercício de relativização em relação ao TDAH enquanto uma ?doença? dada de antemão: não procurei sintomas, tampouco evidências biológicas para provar se ele existe ou não. Procurei analisar a forma pela qual alguns elementos são investidos de uma possibilidade patológica que eventualmente culmina em um TDAH, pesquisando, descrevendo e discutindo a forma pela qual uma característica torna-se um sintoma no universo escolar, como a ?atenção?. Para explorar esse processo, professores e professoras de um colégio público foram meus sujeitos de pesquisa. Por cerca de quatro meses, além de acompanhar em torno de duzentas aulas de onze docentes, estive presente em diversas reuniões de professores e professoras, bem como realizei uma série de entrevistas e conversas informais com eles e elas, com orientadores educacionais e com a supervisora educacional do colégio no qual realizei meu trabalho de campo. O argumento central de minha discussão é que a ?atenção? é investida de uma possibilidade patológica em um movimento através do qual variadas formas de ?governo? se articulam no campo educacional e, mais especificamente, na instituição escolar. Em um regime contemporâneo no qual a medicina se apropria de um extenso campo de possibilidades, na medida em que os ?governos? escolares não funcionam, a medicalização entra em cena. Em primeiro lugar, ao nível semântico, produzindo mecanismos de verdade através do qual a ?falta? de ?atenção? torna-se uma possibilidade patológica e vira um ?déficit? de ?atenção? e, em segundo lugar e por consequência disso, ao nível químico, produzindo potenciais estudantes consumidores de metilfenidato.<br> / Abstract : In the present study, I performed an anthropological analysis on the process of constructing a diagnostic for the Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) in students and their subsequent medicalization. I investigated this process from an ethnographical perspective, which consists of a relativization exercise with respect to ADHD as an assumed ?disease?. As such, I did not search for symptoms or biological evidence to prove or disprove its existence. I analyzed how some factors are invested of a pathological possibility that eventually culminates in ADHD. I researched, described and discussed how a given characteristic, such as ?attention?, can become a symptom in the micro-universe of the school. To explore this process, I selected public school teachers as subjects of my studies. During circa four months, I followed around 200 classes from eleven teachers. I also personally attended a series of interviews and informal talks between the teachers and educational supervisors of the school in which I developed my fieldwork. In this dissertation, my main argument is that ?attention? is invested with a pathological possibility via a process in which different forms of ?government? are articulated in the educational field and, more specifically, in the scholar institution. In a contemporary regime where medicine appropriates from an extensive range of possibilities, as long as the ?scholar government? does not work, the medicalization comes into play. First, on a semantic level, the medicalization produces real mechanisms wherein the ?lack? of ?attention? turns into a pathological possibility and becomes a ?Deficit? of ?Attention?. Second, as a consequence, the medicalization produces a generation of students that are potential consumers of methylphenidate.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/135153
Date January 2015
CreatorsMoura, Fernando Augusto Groh de Castro
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Maluf, Sônia Weidner
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format136 p.| il., grafs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0016 seconds