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Previous issue date: 2011-04-18 / Revisitar a história do jornal O Diário é resgatar um pouco da história da imprensa no Espírito Santo. A referida publicação circulou em terras capixabas entre 1955 e 1980, e deixou como legado a formação de uma brilhante geração de profissionais, que, mais tarde, ocuparam as mais destacadas posições da imprensa local. Trata mais detidamente acerca da relação entre o jornal O Diário e a censura, sobretudo nos Anos de Chumbo (1968-1974). Em boa parte do período em que O Diário circulou, o Brasil estava imerso em uma ditadura militar (1964-1985), que impôs o cerceamento da liberdade de expressão aos veículos de comunicação. O controle sobre o que era noticiado era intenso. As sanções sobre quem ousasse enfrentar o regime eram imensas. Jornalistas foram pressionados, ameaçados, torturados e até presos. A censura se fez presente na atividade diária do profissional da imprensa. A maioria dos veículos de comunicação, em grande parte, dependente do Estado, seja na liberação de empréstimos ou no recebimento de anúncios publicitários, acabaram por acatar as determinações oficiais sob o risco de sofrer com retaliações. Estabelecia-se, assim, uma relação assimétrica de poder sobre aquilo que era publicado e divulgado pelos veículos de comunicação. Estratégias de resistência foram montadas por parte das publicações, a fim de fugir da censura, bem como buscar meios de noticiar as reportagens produzidas. Nesse ínterim, um novo elemento entra em destaque: publicidade. Por meio dela, o governo externou o seu humor e simpatia aos veículos. Àqueles que caminhassem de acordo com os ditames propostos pelos militares, o governo acenava com a possibilidade de recebimento de bons volumes de anúncios de propaganda. Já aos que intentassem enfrentar o regime vigente, havia não só a retirada dos anúncios oficiais, como também dos oriundos de empresas particulares, em função das pressões do Estado. O jornal O Diário vivenciou amplamente a censura em sua prática diária. Diretores foram chamados constantemente para prestar esclarecimentos, jornalistas foram detidos várias vezes, sendo que um deles até perdeu o emprego por causa de uma matéria em que divulgou o patrimônio de políticos capixabas. Apesar da constante atmosfera de medo, o jornal O Diário era considerado um jornal alinhado e simpático à proposta ideológica sugerida pelos militares no poder. Por conta própria, a publicação incluía em suas páginas matérias e anúncios em consonância aos ideais do regime autoritário. Em contrapartida, em várias ocasiões, O Diário foi beneficiado no recebimento de anúncios publicitários vindos de fontes oficiais, bem como por empresas particulares dependentes financeiramente do Estado. Os diretores do Diário enxergaram aí um filão a ser explorado e não mediram esforços a fim de potencializar a relação com os militares e obter, com isso, favorecimentos financeiros, além de trabalhar para que se evitasse que o jornal entrasse em choque direto com a pesada mão dos militares.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace2.ufes.br:10/3459 |
Date | 18 April 2011 |
Creators | MAZZEI, V. R. |
Contributors | BENTIVOGLIO, J. C., NADER, M. B., SOUZA, J. J. V., LEITE, I. C., FRANCO, S. P. |
Publisher | Universidade Federal do Espírito Santo, Mestrado em História, Programa de Pós-Graduação em História, UFES, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | text |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFES, instname:Universidade Federal do Espírito Santo, instacron:UFES |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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