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Previous issue date: 2017-03-31 / O Brasil é considerado o país, extra África, que apresenta o maior contingente de população negra. Contudo, ainda é possível observar, especialmente nas comunidades quilombolas, um cenário marcado pela marginalização socioeconômica e precárias condições de vida e saúde. O presente trabalho trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo, com o objetivo de realizar uma avaliação socioeconômica, demográfica, parasitológica e hematológica dos moradores de comunidades quilombolas situadas na região Norte do Espírito Santo, Brasil. A avaliação socioeconômica e demográfica foi executada por unidade familiar, através da aplicação de um questionário baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Para investigação de parasitos intestinais utilizaram-se os métodos de sedimentação espontânea (HPJ) e Kato Katz. No inquérito hematológico foram realizados o hemograma completo, os testes de triagem e confirmatório de hemoglobinopatias (teste de resistência osmótica, eletroforese alcalina em acetato de celulose e cromatografia líquida de alta eficiência). Os resultados obtidos foram avaliados através de ferramentas da estatística descritiva e inferencial, utilizando-se para tanto testes de qui-quadrado de Pearson e análise de regressão de Poisson, adotando o intervalo de confiança 95% (p<0,05). Observou-se que dos 76 chefes de família entrevistados, 90,79% (n=69) possuem água canalizada na residência e 72,37% (n=55) informaram que a origem da água utilizada por eles é de poço ou de nascente. Além disso, 98,68% (n=75) referiram ter banheiro no domicílio, sendo que destes, 90,67% (n=68) relataram ter como escoadouro a fossa rudimentar e 63,16% (n=48) alegaram que o lixo gerado é enterrado ou queimado. Em relação a saúde geral da população, 78,94% (n=60) informaram ter acesso a serviços de saúde pública e 64,47% (n=49) referiram já ter tido doenças parasitárias, sendo que 63,15% (n=48) alegaram conhecer como são transmitidas. Por outro lado, 92,10% (n=70) informaram que não sabem se são portadores da anemia falciforme ou do traço falcêmico e 94,73% (n=72) desconhecem como são adquiridos. Os exames parasitológicos apresentaram resultados positivos em 48% (n=72) do total de amostras analisadas (150), sendo que 25% (n=18) dessas amostras apresentaram dois ou mais parasitos. O parasito mais frequente foi o Ascaris lumbricoides (19,4%, n=14). Entre os comensais a Entamoeba coli (55,6%, n=40), seguido da Endolimax nana (16,7%, n=12). Considerando a avaliação hematológica, das 192 amostras analisadas, observou-se uma frequência de 13,54% (n=26) de indivíduos portadores de anemia, sendo 80,77% (n=21) de gravidade leve. Houve predomínio da anemia normocrômica (92,31%, n=24) e normocítica (73,07%, n=19). Já em relação às hemoglobinopatias 9,37% (n=18) dos indivíduos apresentaram hemoglobinas variantes confirmadas por cromatografia líquida de alta eficiência, observando-se a presença de heterozigose para Hb AS em 6,77% (n=13) e para Hb AC em 2,60% (n=5). Os resultados sugerem a existência de precárias condições socioeconômicas nas comunidades quilombolas do norte do Espírito Santo e indicam a necessidade de se implementar medidas de saúde pública visando reduzir, prevenir e tratar as parasitoses intestinais. A prevalência considerável de hemoglobinas variantes na região e o desconhecimento sobre esse assunto demonstram a importância de capacitar profissionais de saúde para atender portadores de hemoglobinopatias, principalmente atuando no aconselhamento genético.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace2.ufes.br:10/8359 |
Date | 31 March 2017 |
Creators | BRAUER, A. M. N. W. |
Contributors | GAZZINELLI, S. E. P., PINTO, H. A., SOUZA, M. A. A. |
Publisher | Universidade Federal do Espírito Santo, Mestrado em Ciências Farmacêuticas, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, UFES, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFES, instname:Universidade Federal do Espírito Santo, instacron:UFES |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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