Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro / Esse trabalho estuda o medo de levantes escravos através de discursos e políticas públicas publicadas na imprensa do Rio de Janeiro. Seu objetivo é analisar, através do tema do medo, as discussões sobre a escravidão no período regencial do Brasil (1831-1840). A repercussão na imprensa do Rio de Janeiro do levante Malê, ocorrido na Bahia em 1835, gerou uma ambiência de medo e paranóia capaz de legitimar ações violentas e arbitrárias contra toda a população negra. A constatação crassa da capacidade estratégica envolvida na articulação da revolta causou uma fissura no discurso que interditava ao negro a capacidade intelectual. A hipótese principal é de que o grande medo que varreu 1835, determinando medidas jurídicas, políticas e policiais, foi fruto desse fenômeno, cujo efeito será a construção de uma ambiência de medo e paranóia generalizada, que chamaremos de zona de tensão permanente. Essa zona de tensão possibilitou a apropriação do medo por diferentes tendências políticas. O medo produziu efeitos heurísticos, na medida em gerou discursos que buscavam nomear as ameaças à sociedade e apontar medidas cabíveis para saná-las. Além disso, o medo produziu efeitos políticos, na medida em que gerou políticas públicas para desarmar o perigo de levantes na Corte. Em última análise, o discurso que defendia a vinda de colonos europeus tornou-se generalizado. Essa medida, defendida como fórmula para acabar com a escravidão, é entendida como forma de postergar a abolição e garantir a continuidade do lucrativo comércio de escravos. / The present work studies the fear of slave uprising through discourses and public politics published in Rio de Janeiros press. It aims to analyze, through the thematic of fear, the discussions about slavery in the Regency period in Brazil (1831-1840). The repercussion in the press, regarding the Malê uprising which occurred in Bahia in the year of 1835, generated an ambience of fear and paranoia capable of giving legitimacy to violent and arbitrary actions against the whole of the black population. The violent verification of the strategic capacity involved in the organization of the revolt caused a rupture in the discourse that interdicted intellectual capacity to the black population. The main hypothesis is that the great fear that swapped 1835, implementing juridical, political and suppression-surveillance measures, was a result of this phenomenon, which was effective in the construction of an environment of generalized fear and paranoia that will henceforth be called permanent tension zone. This tension zone made possible the usage of fear by different political tendencies. Fear produced heuristic effects, creating discourses intended, in accordance to its political intentions, to name the threats to society and point suitable measures to quell them. On top of that, fear produced political effects, in the sense that it created public policies to disarm the danger of insurrection in the Court. Lastly, the discourse that supported the coming of European colonists became generalized. This measure, supported as a means to end slavery, is understood as a way to delay its abolition and to guarantee the continuation of the profitable slave market.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:609 |
Date | 05 May 2009 |
Creators | Daniel Mandur Thomaz |
Contributors | Marilene Rosa Nogueira da Silva, Magda Maria Jaolino Torres, Marcia de Almeida Gonçalves |
Publisher | Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em História, UERJ, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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