Esta dissertação apresenta os resultados de uma pesquisa exploratória sobre a linguagem nas aulas de Sociologia no Ensino Médio, a partir da análise das atividades escritas realizadas pelos estudantes. O cenário de baixo domínio da leitura e da escrita entre os brasileiros têm implicações para o ensino e aprendizagem da disciplina que devem ser discutidos. Autores como Bourdieu, Charlot e Bautier subsidiam uma reflexão sobre aspectos da relação entre linguagem e educação que produzem desigualdades escolares e sobre as características dos textos e discursos com os quais os estudantes devem familiarizar-se no Ensino Médio. A partir de uma concepção interacionista de linguagem e dos estudos socioculturais, avalia-se a contribuição que disciplina Sociologia pode representar no desenvolvimento das práticas linguísticas dos estudantes. A linguagem sociológica é compreendida como ferramenta para a interpretação da experiência social e engloba tanto os tanto conceitos e teorias, como também uma forma de discurso. A língua escrita, por sua vez, é uma ferramenta fundamental na construção do conhecimento científico, seja pelo seu potencial para a organização do pensamento, seja pela importância dos processos de descrição, comparação e argumentação na elaboração de teorias. O aporte dos estudos socioculturais indica a importância dos momentos de interação com a língua escrita para a construção do olhar sociológico também na educação básica. A análise das produções dos estudantes considerou a forma como aparecem os conceitos sociológicos nessas atividades, as características do discurso adotado e a relação entre os enunciados produzidos e o trabalho pedagógico realizado durante o curso. Docentes desenvolvem estratégias para lidar com as dificuldades dos estudantes em ler e escrever textos com uma linguagem mais conceitual e abstrata, como a sociologia apresenta, mas a pesquisa de campo em três escolas públicas paulistas sugere que frequentemente incorporam práticas de trabalho com textos consolidadas na cultura escolar, que são em parte responsáveis pelas dificuldades dos estudantes com a leitura e a escrita. Deve-se discutir, portanto, de que modo o trabalho com a linguagem nas aulas de Sociologia pode promover uma relação mais reflexiva, criativa e não reprodutiva com a língua escrita e, consequentemente, um aprendizado mais efetivo da Sociologia. / This work presents the results of an exploratory research on language issues in secondary school Sociology classes, based on the analysis of written activities carried out by the students. The scenario of serious difficulties in reading and writing among Brazilians has implications for the teaching and learning of the subject that should be discussed. Authors such as Bourdieu, Charlot and Bautier support a discussion on how language and education are related, producing school inequalities and also on the characteristics of texts and discourses with which students should become familiar in High School. The Sociology classes contributions for the development of students\' linguistic practices are evaluated from an interactionist conception of language and sociocultural studies perspectives. Sociological language is understood as a tool for interpreting social experience, and involves both concepts and theories as well as a form of discourse. Written language, in turn, is a fundamental tool in the construction of scientific knowledge, either for its potential for the thought organization, or for the importance of the processes of description, comparison and argumentation in the elaboration of theories. The contribution of sociocultural studies indicates the importance of moments of interaction with written language for the development of sociological thought also in basic education. The analysis of students\' productions considered the way sociological concepts appear, the characteristics of the discourse adopted and the relation between the statements produced by the students and the pedagogical work carried out during the course. Teachers develop strategies to deal with students\' difficulties in reading and writing texts with a more conceptual and abstract language, as sociology presents. However, field research carried out in three public schools in São Paulo suggests that they often incorporate consolidated and traditional practices of working with texts, which are partly responsible for students\' difficulties with reading and writing. It should be discussed, therefore, how the work with the language in Sociology classes may promote a more reflexive, creative and nonreproductive relationship with the written language and consequently a more effective learning of Sociology.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-19042018-150048 |
Date | 20 December 2017 |
Creators | Erika Kulessa |
Contributors | Amaury Cesar Moraes, Amurabi Pereira de Oliveira, Gilmar Santana |
Publisher | Universidade de São Paulo, Educação, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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