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Redação no vestibular: a língua cindida / Essay writing in College Entrance exams: the schismatized language

Ao término da Educação Básica, espera-se que um indivíduo esteja habilitado a redigir adequadamente em qualquer situação, que saiba interagir com a palavra para a produção escrita nos diversos gêneros textuais em circulação. Embora tais expectativas se realizem em alguns casos, em geral, a realidade vivenciada é diversa: mesmo após completarem os ensinos Fundamental e Médio, muitos sujeitos elaboram textos repletos de desvios, marcas que expõem as muitas dificuldades com a produção escrita, as quais revelam uma língua cindida entre um saber-dizer e um dever-dizer. Questionamentos sobre o que leva a essa cisão motivaram esta pesquisa. Considerando-se a perspectiva sócio-histórica, os conceitos bakhtinianos de gênero, dialogismo e polifonia, bem como preceitos da Lingüísitca Textual, o trabalho consistiu na análise de elementos composicionais da redação dissertativa de vestibular, gênero que desafia estudantes interessados em ingressar no Ensino Superior. Mais especificamente, foram analisados: (a) a norma lingüística, (b) os índices de pessoalidade e (c) a macroarticulação em uma amostra de 374 redações (1% do total) produzidas por candidatos inscritos no Vestibular-2007 promovido pela FUVEST (Fundação Universitária para o Vestibular) São Paulo, Brasil. Foram analisadas, também, algumas relações entre o perfil sócio-histórico dos candidatos e os perfis de escrita verificados nos textos. Depreendeu-se, das observações realizadas, que a excessiva preocupação com o outro, com o molde e com a demonstração do saber-fazer interfere no movimento de exteriorização do discurso: em vez de tentar levar ao texto seu universo e sua idéia, o estudante se propõe à tarefa de levar, para o papel, mundo e idéias presumidos do interlocutor e da interlocução, vivencia um confronto - e não uma negociação - entre um saber-dizer que se esvaece diante de um dever-dizer e cinde a língua. As observações realizadas revelaram, ainda uma escolarização que, no âmbito de sua atuação, parece não promover satisfatoriamente condições para o desenvolvimento de estratégias para o diálogo entre os saberes, parece não promover satisfatoriamente a possibilidade de escrever com autonomia. / After concluding high school, students are expected to be able to write proficiently in any situation. They are supposed to interact with words in order to produce texts in the diverse genres currently circulating. Although some of these expectations are sometimes met, in general, the reality is different. Even after having fulfilled the academic requirements of high school, many students produce texts with several deviations, which signal difficulties with writing. This also reveals a schism between knowing-how-to-say-it and should-say. Questioning the reasons for this schism was the starting point for research. Based on sociohistorical patterns, bakhtinian concepts for genres of discourse, dialogism, and polyphony, as well as the Textual Linguistics precepts, this work consisted in analyzing the elements found in the Writing Essays from students participating in Standardized College Entrance Exams for the public universities in the state of São Paulo, Brazil. This is a genre of text which challenges students who want to enter into a college career. Specifically, the topics analyzed were: (a) proficiency in standard Portuguese , (b) personal input and (c) macroarticulation in a sample of 374 essays (1% of the total) from the entrance exam that was ministered through FUVEST (Foundation for College Entrance Exams), São Paulo, Brazil, from the year 2007. The analysis included also the relationship between the candidates socio-historic profile and the writing patterns found in their work. Through this analysis I could detect an exaggerated concern with the other one, with following a model, and with a concern in demonstrating the knowing-how-to-say-it. These concerns interfere with the movement of the discourse exteriorization: instead of putting in the text their own world view and their own ideas, students try to present a perspective that agrees with a presumed readers world view and ideas foreign to themselves: a confrontation and not an exchange between the knowhow- to-say-it and the should-say that schisms the language. My observations revealed also a schooling process that does not seem to promote satisfactory conditions to develop strategies that foster the dialogue among the diverse facets of knowledge, and does not promote the individuals self-reliance in their own writing.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-15092009-140633
Date24 March 2009
CreatorsMárcia Martins Castaldo
ContributorsSilvia de Mattos Gasparian Colello, Marli Quadros Leite, Ana Célia Clementino Moura, Neide Luzia de Rezende, Maria Thereza Fraga Rocco
PublisherUniversidade de São Paulo, Educação, USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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