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Fatores de risco para mortalidade cardiovascular e por todas as causas em idosos longevos

Introdução: O envelhecimento populacional, vivenciado por países desenvolvidos e em desenvolvimento, desperta a necessidade de pesquisas sobre os idosos longevos (>= 80 anos), pois este grupo etário apresenta características morfofisiológicas, psicológicas e socioeconômicas diferenciadas de outros indivíduos, inclusive idosos mais jovens (1). A prevalência e a incidência das doenças cardiovasculares (DCV) aumentam exponencialmente com a idade e são a maior causa de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo (2, 3). Durante a década de 90, identificou-se Veranópolis como o município com maior expectativa média de vida ao nascer deste Estado. O aumento da expectativa de vida nas últimas décadas requer a identificação de fatores de risco modificáveis para o surgimento de doenças cardiovasculares em indivíduos longevos, já que eles podem se comportar de maneira diferente dos idosos mais jovens. Objetivo: Identificar fatores de risco para a mortalidade total e cardiovascular em indivíduos longevos. Métodos: Foi realizado um estudo de coorte de todos os habitantes com 80 anos de idade ou mais em 1996, na cidade de Veranópolis, Brasil. As variáveis de exposição foram coletadas com procedimentos padronizados na sede clínica do estudo. Foram avaliadas extensamente características demográficas, antropométricas, físicas e médicas, incluindo pressão arterial, hipertensão arterial (PA>= 140/90 mmHg), perfil lipídico, glicemia, diabetes, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, duração do sono e atividade física. A associação destas características com a mortalidade total e a mortalidade cardiovascular foi explorada em análises bivariadas com as variáveis categóricas e quartis das variáveis de exposição contínua e em modelos de regressão Cox . Resultados: No total, 193 (91%) de 213 indivíduos longevos residentes em Veranópolis foram avaliados no estudo. O estado de saúde e causas de morte pôde ser verificado em 187 indivíduos (96,9%) da coorte original após um tempo médio de acompanhamento de 8,7 ± 3,8 anos. A idade média foi de 83,6 ± 3,3 anos. Houve uma maior prevalência de mulheres (63,6%), a média de IMC ficou dentro dos limites de sobrepeso (26,7 ± 4,7) e quase todos tinham hipertensão (93%). Poucos eram fumantes atuais (6,7%) e tinham diabetes (17,6%), o montante do consumo de álcool foi de 208,3 ± 183.7g por semana e a duração média do sono foi de 12,6 ± 3,1 horas. A hipertensão foi inversamente e independentemente associada com o risco de morte cardiovascular (HR 0,21, IC 95% 0,70 - 0,64, P = 0,006) e de mortalidade por todas as causas (HR 0,25, IC 95% 0,12 - 0,51, P <0,001). A duração do sono (HR 0,83, IC 95% 0,73 - 0,95, P = 0,007) foi inversamente associada com o risco de morte cardiovascular, enquanto a Apo-I foi inversamente associado com o risco de mortalidade por todas as causas (HR 0,99, IC 95% 0,98 - 1,00, P = 0,041). A pressão arterial sistólica superior a 160 mmHg, não foi associada com o risco de mortalidade por causas cardiovasculares e total. Conclusão: A hipertensão e o número maior de horas de sono protegem contra a mortalidade cardiovascular em indivíduos longevos. A proteção da pressão arterial elevada desaparece quando a pressão arterial sistólica é superior a 160 mmHg. A hipertensão arterial e os níveis elevados de ApoA-I são fatores protetores contra a mortalidade total em longevos.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/17355
Date January 2009
CreatorsWerle, Maria Helena
ContributorsFuchs, Flávio Danni
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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