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Das ortopedias (cali)gráficas : um estudo sobre modos de disiciplinamento e normalização da escrita

Esta pesquisa procura investigar as regras que dão contornos à caligrafia que chega às escolas brasileiras hoje por meio de livros didáticos. Para analisar essas regras, foi necessário um olhar genealógico, buscando conexões com as condições de possibilidade que permitiram a enunciação, a circulação e o caráter de verdade dos discursos que hoje constituem a caligrafia que ganha visibilidade na arquitetura montada nos livros didáticos; uma arquitetura que, como discutirei, opera para fabricar escritas legíveis e ágeis, agora não mais necessariamente belas, como por muito tempo a escola brasileira primou. O estudo analisa quatro coleções de livros de caligrafia, de grande vendagem no Brasil, recomendados para uso nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Totalizando dezenove volumes, as quatro coleções escolhidas para análise são: da editora Ática, Assim se aprende caligrafia; da editora Scipione, Marcha criança e Ziguezague; e da editora FTD, No capricho. Como referencial teórico, utilizo contribuições dos estudos de Michel Foucault e de outros autores pós-estruturalistas, no que se refere a possibilitar a análise dos discursos e a examinar os mecanismos que operam a normalização das escritas infantis por meio da caligrafia escolar. Conceitos como discurso, enunciado, saber, poder, normalização, estratégia e tática foram especialmente úteis ao trabalho. A pesquisa destacou três grandes táticas em movimento nos materiais analisados: 1) o funcionamento maciço de regras fornecidas pela psicomotricidade para conduzir a organização dos exercícios caligráficos; 2) a disposição em séries de complexidade crescente dos exercícios, partindo de unidades menores, como a letra, até a solicitação regular de cópias de textos em fonte cursiva; e 3) o jogo discursivo que envolve brincadeira, infância e caligrafia com vistas a interessar as crianças ao trabalho estético sobre suas escritas. Olhar para as táticas significou examinar como o poder se exerce sobre os sujeitos infantis em relação à produção de padrões estéticos de escrita. E o que fiz foi colocar em evidência determinadas operações que pretendem fazer com que a criança governe seus próprios traçados na escrita, por meio da aparelhagem fornecida pelos livros de caligrafia. / The present study aims to investigate the rules that give shape to the handwriting that is delivered to Brazilian schools through handwriting textbooks. In order to analyze such rules, I have cast a genealogical view while searching for connections to the conditions of possibility that allowed the enunciation, the circulation and the character of truth in the discourses that have construed the handwriting that gains visibility in the architecture created for the textbooks; this architecture, as will be discussed in this study, operates for the production of legible and speedy handwriting, which no longer has to be necessarily beautiful or decorative, as it had been advocated by the Brazilian school for a long time. This study analyzes four collections of handwriting textbooks that are highly popular in Brazil, and that are recommended for teaching in the first grades of Elementary School. These collections comprehend a total of nineteen volumes and are as follows: by Ática Publishers: Assim se aprende caligrafia; by Scipione Publishers: Marcha criança and Ziguezague; and by FTD Publishers: No capricho. As theoretical references, I have relied on the contribution from Michel Foucault‟s studies, as well as from other post-structuralist writers, with regard to the enabling of discourse analysis and the examination of the mechanisms that operate the normalization of children writings through school handwriting. Concepts such as discourse, statement, knowledge, power, normalization, strategy, and tactics have been especially useful for this study. The research has highlighted three major moving tactics in the material under analysis: 1) the massive functioning of the rules dictated by psychomotricity to guide the organization of handwriting exercises; 2) the disposition of exercises in series of rising complexity levels, starting from smaller units, like letters, up to the regular demand of copying texts using cursive handwriting; and 3) the discursive game that engages playing, childhood and handwriting aiming at getting the children interested in the aesthetic work applied to their handwriting. Looking into such tactics has meant investigating how power operates upon child subjects regarding the production of aesthetic writing patterns. In this sense, the contribution of this work is to highlight some operations that are intended to allow the children to self-govern their own handwriting, through the means supplied by handwriting textbooks.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/27052
Date January 2010
CreatorsCamini, Patrícia
ContributorsTrindade, Iole Maria Faviero
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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