As rodas de artesanato são uma modalidade de atendimento psicológico baseada nos grupos vivenciais de orientação junguiana. Os aviamentos e outros materiais úteis para a prática artesanal são compreendidos como recursos expressivos, maleáveis e convidativos à imersão num clima psicológico de relaxamento, ludicidade, acolhimento, apaziguamento e partilha, propício à imaginação e transformação criativa. A interação das participantes com os recursos expressivos, com o grupo, com o contexto institucional e com sua realidade de vida mais ampla é compreendida como simbólica, comunicando algo sobre o self grupal. O estabelecimento de um enquadre terapêutico vivencial prioriza mais a convivência do grupo com os símbolos expressos, do que a interpretação verbal e a racionalização. Deste modo, as queixas, experiências, conflitos ou fantasias devem sobrepairar ao centro da roda, sendo respeitosa e democraticamente autenticadas como reais e relevantes. Nesta pesquisa, as rodas de artesanato foram formadas por mulheres que acompanhavam crianças e jovens com deficiências físicas em atividades numa escola de educação especial, inserida num centro de reabilitação física. Devido às especifidades do contexto, suas rotinas implicavam em aguardar o período de aulas no pátio, muitas vezes ociosas ou envoltas em conflitos interpessoais. Além disso, devido às limitações no desenvolvimento neuropsicomotor dos filhos, à sobrecarga de tarefas e ao excesso de recomendações terapêuticas e pedagógicas, muitas viviam a inflação da identificação do ego com a persona em sua faceta de cuidadora. As rodas de artesanato foram propostas a fim de ampliar o enfoque terapêutico interdisciplinar ainda influenciado pela perspectiva médico-científica, revelando-se uma proposta maleável e sensível à identificação das necessidades da população atendida e aberta para a constelação de símbolos naturalmente indicativos de caminhos terapêuticos. Entre março de 2009 e março de 2010, foram realizados encontros semanais de uma hora e meia de duração, sendo o conteúdo transcrito para posterior confecção de narrativas. A discussão dos resultados visou à interlocução com a comunidade científica entremeando autores junguianos e estudos publicados em áreas afins como historiografia, ciências sociais, metodologia da pesquisa qualitativa participante e práticas em reabilitação. Os processos vivenciados nas rodas de artesanto indicaram que o respeito às preferências, escolhas, modos e tempos de agir, incentivam a busca por maior autonomia e a integração de potencialidades e habilidades negligenciadas, processos tão preconizados na prática clínica junguiana como no âmbito da reabilitação física / Arts and crafts activities may be used as a modality of psychological treatment based on Jungian-oriented experiential groups. Ornaments and other materials used in arts and crafts are understood as malleable and inviting expression resources for ones immersion in a psychological environment of relaxation, playfulness, acceptance, peacefulness and sharing, which is extremely valid for imagination and creative transformation purposes. Participants interaction with the expression resources, with the group, the institutional context and with their own reality, from a broader perspective, is understood as a symbol which provides indications on the group self. The establishment of an experiential therapeutic setting is more focused on the groups experience with the expressed symbols than on verbal interpretation and rationalization. The arts and crafts activities, developed in groups of people organized in a circle, will be hence permeated by each individuals complaints, experiences, conflicts or fantasies, which shall be respectfully and democratically authenticated as real and significant. In this study, these arts and crafts circles were comprised of women who accompany physically disabled children and teenagers during their activities at a special education school located in a physical rehabilitation center. Given the specificities inherent to the context, their routines implied waiting for the youngsters during class time, which was often spent either idly or amidst interpersonal conflicts. In addition, because of the limitations to their childrens neurological and psychomotor development, the overwhelming number of tasks and excessive therapeutic and pedagogical recommendations, many of these women experienced the inflation of the ego identification with the persona, as a caregiver. The arts and crafts circles were suggested in order to broaden the interdisciplinary therapeutic focus, still influenced by the medical-scientific perspective, and actually proved to be a flexible proposal which is open to the identification of the needs of the treated individuals and to the wide array of symbols that naturally indicate therapeutic pathways. Weekly sessions were held during one hour and a half from March 2009 to March 2010; the content thereof was transcribed for the further preparation of narratives. The discussion of the results was aimed at providing for the interlocution with the scientific community, using Jungian authors and studies published in correlated fields of knowledge such as historiography, social sciences, participant, qualitative result methodology and rehabilitation practices. The processes experiences in arts and crafts circles revealed that the respectful treatment given to preferences, choices, methods and time of action encourage the pursuit for greater autonomy and integration of potentialities and neglected skills, processes largely implemented both in Jungian clinical praxis and in physical rehabilitation
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-28042011-151414 |
Date | 02 March 2011 |
Creators | Fabretti, Lydiane Regina Pereira |
Contributors | Freitas, Laura Villares de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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